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‘Transformers’ é uma divertida sucessão de clichês – e nada mais

Por Ulisses Mattos
20 jun 2011, 21h27

É difícil dizer se nos próximos séculos teremos um mundo cheio de criaturas robóticas autoconscientes com o poder de se transformarem em veículos. Mas não é demais prever que nos próximos anos as megaproduções serão cada vez mais parecidos com Transformers: O Lado Oculto da Lua, terceiro filme da franquia lançada em 2007, com direção do Michael Bay. O longa é um espetáculo de efeitos especiais, emprega bem a tecnologia 3D, traz impressionantes cenas de ação, tem visual caprichado, conta com elenco respeitável, tem uma direção ágil e roteiro bem amarrado, mas marcará sua vida tanto quanto a pipoca que ajuda a plateia a engolir tantos clichês e situações inverossímeis.

Claro que, no campo da arte, não se pode exigir muito de um filme que surgiu de uma série de desenho animado baseado em um brinquedo dos anos 80. Robôs gigantes alienígenas que viram carrões ou aeronaves não é exatamente o tipo de argumento que sugere experiências que toquem emoções mais nobres do público. Mas se a platéia vai ao cinema atrás de diversão pura e simples, o novo filme dos Transformers dá conta do recado. Vendo o filme sob esse prisma, algumas qualidades pulam da tela, tal qual os objetos que voam em direção à plateia com o efeito 3D.

A trama fala de uma nave abatida que caiu no lado escuro da Lua, contendo um Autobot (Tranformers que são bonzinhos e até deixam você dar umas voltinhas nele quando estão na forma de carros) e uma tecnologia que poderia ajudar a “raça” a vencer os malditos Decepticons (Transformers do mal, que atropelam você em qualquer forma que assumam). É bom dizer que essa luta entre os dois tipos de robôs faz parte da mitologia original e foi reproduzida nos filmes produzidos no novo século. Com essa premissa, o roteiro faz o quase sempre eficaz truque de mexer com as verdades históricas que conhecemos na realidade. Assim, a corrida espacial dos anos 60, entre Estados Unidos e União Soviética, só existiu porque ambas as nações estavam investigando a tal gigantesca nave estacionada na Lua. Para ajudar o espectador a se envolver com essa “nova verdade”, o filme conta com montagens com imagens reais dos presidentes americanos John Kennedy e Richard Nixon e até com a participação especial do astronauta Buzz Aldrin, o segundo homem a posar na Lua, que aparece interpretando a si mesmo e corroborando a história.

Aldrin é apenas uma das boas surpresas no elenco. Os admiráveis John Malkovich e Frances McDormand se juntam à franquia com bom resultado. Malkovich vem com uma atuação divertida, que só perde na comparação com outra novidade do elenco, Ken Jeong, o oriental de Se Beber, Não Case. Mas não são esses os atores que mais correm, gritam, pulam e sangram durante todo o filme. A ação maior fica por conta de Shia LaBeouf, na pele de Sam Witwicky, herói que tenta arrumar um emprego decente antes de se ver tendo que salvar o mundo mais uma vez, e Josh Duhamel, atuando de novo como o militar com licença oficial para livrar o planeta da ameaça de extinção. Os dois atores e personagens estão na franquia desde o início, mas perderam a companhia de outro nome que costuma ser lembrado quando se fala em Transformers, a bela Megan Fox. Demitida do elenco por ter criticado o diretor Michal Bay, Megan precisou ser substituída por outra beldade. A produção foi atrás da modelo inglesa Rosie Huntington-Whiteley, atualmente mais bem cotada que Megan nas pesquisas sobre sensualidade e beleza. Em sua estreia como atriz, no papel da namorada de Sam, Rosie se sai bem na tarefa de continuar atraente o tempo todo na tela, mantendo maquiagem intacta e roupas limpas mesmo depois de rolar por tudo que é canto fugindo dos robôs assassinos.

A maquiagem indestrutível, obviamente, é a menor das mentiradas do longa. E não estamos falando dos robôs transformistas, obviamente. A observação aqui vai só para os feitos improváveis dos humanos, que fazem as aventuras de James Bond soarem como um documentário com cenas reais. A cena dos militares pulando de um avião com trajes especiais e planando por vários minutos pela cidade é um dos melhores exemplos de suspensão da realidade no cinema. Mas tudo bem. Quem vai assistir a um filme de Transformers não vai atrás da verdade. É apenas entretenimento. Mas se é preciso achar uma mensagem em toda história, eis uma: você sempre pode contar com os Autobots.

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