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Tainá Müller comanda as tentações de ‘Em Família’

No papel da fotógrafa lésbica Marina, que originalmente seria de Alinne Moraes, atriz se destaca e cria no público a expectativa por mais um beijo gay no horário nobre. "A novela ainda está no início", avisa

Por Patrícia Villalba, do Rio de Janeiro
15 mar 2014, 18h47

No cinema, Tainá Müller estreou logo como protagonista, muito elogiada e premiada pela interpretação da Marcela de Cão Sem Dono, longa-metragem que o diretor Beto Brant lançou em 2007. Mas na TV, depois de cinco novelas, ainda faltava uma personagem que a “tirasse do chão”, como ela mesma define Marina, charmosa e provocativa homossexual que vai, digamos, ampliar os horizontes da dona de casa Clara (Giovanna Antonelli) em Em Família (Globo, 21h15). “A personagem é realmente provocante, mas acho bacana testar essa energia em cena. Na minha última novela das nove fiz uma personagem meio frígida, meio homofóbica, que era o oposto da Marina”, observa ela, em conversa com o site de VEJA.

“Como atriz, é muito bom ter a oportunidade de abrir repertórios diferentes”, avalia. De fato Marina é diferente – e como! Com uma trajetória que começou em 2007 com a Laura de Eterna Magia e seguiu com moças finas e/ou patricinhas mimadas, Tainá viu o chão fugir de seus pés no instante em que entrou no ar como a fotógrafa especializada em nus femininos. Acolhido pelos que comentam a novela nas redes sociais, o possível casal foi logo “shipado” pelos fãs, que o batizaram de Clarina = Clara + Marina.

A simpatia do público e a naturalidade com que o tema vem sendo tratado pelo autor Manoel Carlos demonstram que os tempos de Leila e Rafaela, casal rejeitado de Torre de Babel (Silvio de Abreu, 1998), ficaram mesmo para trás. Mais do que isso, papeis de homossexuais têm levado atores à glória, como aconteceu com Mateus Solano e Thiago Fragoso em Amor à Vida, e Jared Leto, cuja interpretação de um travesti em Clube de Compras de Dallas acaba de levar um Oscar.

Com pouco mais de um mês, Em Família já deu a entender que dividirá a carreira de Tainá em antes e depois. Por pouco, não seria ela a estrela do momento. A ideia de Manoel Carlos era dar o papel para Alinne Moraes, que engravidou e não pôde aceitá-lo. “Acho que nesse caso foi uma questão de oportunidade, já que fui testada para o papel”, contrapõe a atriz, quando o assunto é sorte. “Mas com certeza toda escalação tem algo de sorte. Precisamos estar próximos do physique imaginado para o personagem.”

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Mesmo já tendo trabalhado com o diretor Jayme Monjardim, que a escalara para Flor do Caribe no ano passado, Tainá não foi a primeira opção para substituir Alinne – Regiane Alves e Juliana Paes foram nomes cogitados. Bonita e talentosa como as concorrentes, ela venceu pelo ar de mistério. “Fiz testes com várias e todas foram muito bem, mas a Tainá, além dessas qualidades, tinha a favor o fato de ser menos celebridade do que as outras”, explica Manoel Carlos. “Era uma pessoa de vida pessoal menos badalada – já não é mais, coitada, com esse papel. Em papeis dessa natureza o conhecimento que o público tem da vida privada pesa muito, levando a conjecturas que nem sempre são coerentes. Ela nunca fez na TV um personagem de grande projeção e exposição. Isso me atraiu bastante: explorar esse mistério.”

Maneco tem razão. Até outro dia, Tainá não era exatamente uma habitué das colunas de fofocas. Pouco antes de a novela estrear, casou-se, senão em segredo mas com grande discrição, numa caverna no México, em cerimônia exclusiva para ela e o marido, o diretor Henrique Sauer – o fato só veio à tona agora, com a repercussão de Marina. No carnaval do ano passado, fantasiou-se de Frida Khalo e saiu pelos blocos de rua do Rio, coisa que a popularidade não permitiu fazer neste ano – e lá foi ela para um dos camarotes mais badalados de Salvador, destino certo das maiores celebridades do momento. No meio do turbilhão, ela tenta manter o foco. “Não penso muito sobre isso (popularidade). Tento fazer o trabalho brotar de dentro pra fora, porque a opinião do público é imprevisível. Mantenho o foco no que ainda tenho controle, que é minha entrega e dedicação ao trabalho”, filosofa.

Formada em jornalismo, profissão que a levou a apresentar o programa A Liga, na Band, em 2010, Tainá não foi o tipo de criança que planeja ser famosa quando crescer. Mas lembra com carinho dos tempos em que ensaiva as apresentações no balé. “A coisa que mais amava na vida era dançar, ensaiar meses até subir no palco e me apresentar. Mas, como na minha família não tinha nenhum artista, não era um caminho óbvio”, conta. “Apresentava até trabalho de química com teatrinho na escola, mas pra mim ser atriz não era uma possibilidade, era uma brincadeira e não uma profissão.”

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Só depois de um período como VJ da MTV no Rio Grande do Sul e modelo em Bangcoc, Milão e Hong Kong é que ela resolveu levar a sério os tempos de teatrinho. “Aos 22 anos que me dei conta de que precisava me expressar artisticamente, precisava fazer o que amava, mesmo que não obtivesse sucesso. Foi aí que me mudei pra São Paulo e comecei a estudar.”

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A formação de jornalista certamente deu a atriz um apuro crítico, que faz ver Marina como uma provocadora que tem razão de ser. “Eu adoro quando uma personagem minha traz algum tipo de debate social. Nesse ponto, a Marina é especial sim, como a Clara de Tropa de Elite 2 (2010) também foi. Acho que a arte busca tratar de temas que provoquem reflexão”, diz, lembrando a jornalista que acaba morta ao descobrir e denunciar um esquema envolvendo o governador e milicianos do Rio no filme de José Padilha.

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Rica, solitária e lânguida, a “fotógrafa internacionalmente reconhecida” vive de mansão em mansão, de helicóptero para lancha, evitando o tédio ao máximo. Fez de sua casa uma espécie de “Ilha de Lesbos”, protegida por uma entourage. “A Marina não é determinada e rápida, a Marina não tem nada a perder. Está sem ninguém para amar, se sente abandonada, rejeitada”, explica Manoel Carlos. “A Clara tem um marido a quem ama e por quem é amada, um filho, uma vida pessoal construída como hétero. Não tem razão para ficar correndo atrás do que até agora foi uma curiosidade e jogar tudo pro alto”, diz o criador.

Diante do cenário montado pelo autor, Marina deve ter bastante trabalho para conquistar Clara. É, sem dúvida, um dos momentos mais esperados da novela, quando certamente mais um casal homossexual causará frisson depois de todo o alvoroço em torno de Niko (Thiago Fragoso) e Félix (Mateus Solano) de Amor à Vida. Muito requisitadas para entrevistas, Tainá e Giovanna têm respondido mil vezes à pergunta “vai ter beijo gay?” – invariavelmente, tentam levar o assunto para a história como todo, em vez deste detalhe. “É engraçado porque reciclam o assunto e lançam manchetes mesmo sem novidade alguma nesse sentido”, diz Tainá. “Sempre digo a mesma coisa, vamos primeiro conhecer melhor as personagens e ver pra onde a história delas caminha. A novela ainda está no início”, avisa.

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