Só por seu histórico protagonismo à frente da banda Led Zeppelin, contribuição que se inicia em 1966, o britânico Robert Anthony Plant, 64 anos, já mereceria todas as reverências. Mas ele nunca parou de buscar motivação, embora tenha deixado há muito de exibir a potência vocal que o celebrizou. O grupo com que Plant chega ao país, para shows em seis cidades, dois deles nesta segunda e terça em São Paulo, é The Sensational Space Shifters. Com a banda — formada pelo guitarrista Justin Adams, o tocador de ritti Juldeh Camara, o baixista Billy Fuller, o baterista e percussionista Dave Smith, o tecladista Johnny Baggott, que vem do Massive Attack, e o guitarrista Liam Tyson –, ele segue se dedicando à tarefa de reencontrar sua pulsão fundamental.
O grupo The Sensational Space Shifters é o sucessor da não menos sofisticada Band of Joy, que ele manteve até 2011 — e que incluía luminares da música, como Buddy Miller, Patty Griffin, Marco Govino. Band of Joy era a reedição de seu primeiro grupo, com John Bonham. Plant prossegue no mergulho naquilo que se costuma chamar de “americana roots”, e que inclui “uma infusão fundamental de blues, gospel e psicodelia inspirada pelas raízes musicais do Mississippi, dos Apalaches, de Gâmbia, de Bristol e das quebradas de Wolverhampton, delineados por uma vida de significado e viagem”, como ele mesmo define.
Quem conhece o Led Zeppelin sabe que o combustível que queimou em sua breve passagem pelo planeta foi o blues. Há uma semana, durante coletiva em Nova York, Robert Plant explicou – e ele faz o mesmo durante o filme “Celebration Day”, que mostra performance de reunião da banda em 2007 – que o Led Zeppelin se “apropriou” de blues clássicos em diversos pontos de sua carreira, como em “Trampled Under Foot” (que se alimenta de “Terraplane Blues”, de Robert Johnson, marco do gênero) e “Nobody�s Fault But Mine” (alicerçada em “It�s Nobody�s Fault But Mine”, de Blind Willie Johnson).
Em seu show com The Sensational Space Shifters, Plant dá uma palhinha do repertório que todo mundo quer ouvir, o do Led Zeppelin, arriscando-se de vez em quando em Black Dog e Whole Lotta Love, além de canções de Howlin’ Wolf, Bukka White, Willie Dixon e outros.
Devido à enorme procura pelo show de Plant, a XYZ Live anunciou um segundo concerto em São Paulo, nesta terça, também quase cheio. Ele começou a turnê pelo Rio, na última quinta-feira. Foi a Belo Horizonte no sábado. Segunda e terça é hora de São Paulo, no Espaço das Américas. Quinta, Brasília (Ginásio Nilson Nelson); Curitiba no dia 27 (Teatro Guaíra) e Porto Alegre no dia 29 (Gigantinho).
Serviço
Robert Plant
Espaço das Américas (rua Tagipuru, 795, Barra Funda)
Segunda e terça, às 22h (abertura dos portões, às 18h30)
R$ 120/ R$ 400 – https://www.livpass.com.br
(Com Agência Estado)