Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O Vidigal à espera de David Beckham

Notícia de que ex-jogador inglês comprou casa na favela movimenta as vielas e alimenta especulações sobre futuro do morro, que passou a ser ponto de festas badaladas e já tem, entre os proprietários de imóveis, o rapper Kanye West

Por Pollyane Lima e Silva, do Rio de Janeiro
11 abr 2014, 11h07

A notícia se espalhou, e o Vidigal passou a esperar pela chegada de David Beckham à favela. Não há confirmação oficial de que o craque inglês tenha de fato adquirido um imóvel na encosta que tem vista privilegiada para o mar do Rio, mas todos sabem apontar “a casa do Beckham”: um imóvel com parte construída em madeira e grandes janelas de vidro, simples para um milionário da bola. Quem teve a oportunidade de entrar conta que se resume a uma sala, um quarto ou dois, cozinha, banheiro e um deck. Grande é o terreno, que preenche toda a largura do quarteirão, da rua de cima à de baixo. Escadas internas permitem transitar por todo o espaço, entre plantas, flores e árvores frutíferas, como bananeira.

A aparência do lado de fora é descuidada, com um matagal desordenado e pichações no muro. A rua é tranquila e parece dividida entre duas realidades distintas: à esquerda, ficam casas modestas, e à direita, as sofisticadas, geralmente protegidas por muros altos e com toda a bela paisagem marítima em seu quintal. Os vizinhos estão animados com a possibilidade de conviver de perto com a família Beckham. O artista plástico Anderson Jesus, de 38 anos, foi pego de surpresa com a informação de que pode ter um vizinho ilustre. “Sempre passo em frente àquela casa, para ir ao mirante que fica ao lado, e não fazia ideia”, conta ele, que acredita que o valor pago pelo ex-jogador pode ser muito maior do que o que se espalhou com o burburinho – 1 milhão de reais. “Ouvi dizer que, há um ano, a casa foi vendida por um milhão e meio.”

A quantia, que parece exorbitante, tornou-se, na verdade, uma média de preços na favela onde há uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) e conhecida por promover badaladas festas. A parte mais alta do morro – onde o rapper Kanye West comprou uma casa meses atrás – passa por uma transformação. Para onde quer que se olhe, há grandes obras, que claramente se diferenciam dos barracos construídos nas áreas mais baixas. Um hotel e a franquia de um tradicional bar da capital fluminense atraem novos investimentos. O chef de cozinha Rodrigo Brandão, de 38 anos, mudou-se para o local há dois meses, para trabalhar em um hostel que ainda será inaugurado. Ele já estava lá no início de março, quando Beckham foi visitar a favela – dizem que é quando ele teria fechado negócio. “Ele estava cercado por seguranças, mas os afastou para tirar foto comigo e outras pessoas que pediram”, lembra.

Continua após a publicidade

Na ocasião, o jogador driblou o trânsito caótico subindo de moto as ruas estreitas, como um legítimo morador. Claro que, com a mulher Victoria e os quatro filhos, a dinâmica seria um pouco diferente, mas há compensações. “A vista que temos aqui é maravilhosa. Todos os dias, eu acordo e venho aqui buscar inspiração”, suspira Brandão, do alto da laje do hostel que já foi usada para gravar pelo menos três cenas da novela Em Família. “Se pudesse dar um conselho, diria para o Beckham vir”, completa ele, que deixou a casa que tinha na Espanha há oito anos para se mudar para a cidade maravilhosa. A preocupação dele e de outros moradores é só com a possibilidade de os preços ficarem ainda mais surreais na favela. “Está cada vez mais difícil viver aqui. Acho que, com o tempo, vão ficar só os gringos, que têm condições de pagar tudo o que estão pedindo”, teme o desenhista Agnaldo de Souza, de 52 anos.

Comentários e especulações são incessantes do lado de fora da possível mansão Beckham. Para dentro do muro, a sensação é de desconforto. Charlotte, uma jovem que aparenta no máximo 20 anos e preferiu não dizer o sobrenome, é a atual moradora e nega ter colocado o imóvel à venda. No início, a italiana riu da notícia: “Meu irmão comprou esse imóvel há sete meses, e vivemos aqui desde então. Só se o confundiram com o jogador. Ele também é loiro e muito bonito”. Horas depois de se explicar para uma multidão de jornalistas brasileiros e estrangeiros, sua paciência se esgotou. “Entendo acharem que essa é a casa, porque é linda, grande – a cara do Beckham, na verdade. Mas acho que tudo isso não passa de bobagem, ou propaganda para divulgar o Vidigal”, disse, ao site de VEJA. Se a história vai se confirmar ou não, é questão de tempo, mas há quem já faça planos audaciosos. “Quero jogar bola com ele no campinho”, sonha o menino Pedro Henrique Ferreira de Almeida, de 10 anos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.