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O Ultraje: Takeshi Kitano retorna à violência com filme desencantado

Dez anos depois do seu último filme sobre a máfia japonesa, o diretor volta ao tema e revela tradições esgarçadas

Por Rodrigo Levino
29 out 2010, 08h11

Ao contrário dos trabalhos anteriores, não há ritos solenes, silêncios longos e troca de expressões que dispensam palavras. O que se expõe nesta obra é a ambição simplesmente

O Ultraje (Outrage) é um marco na carreira do cineasta japonês Takeshi Kitano. Há dez anos ele não tratava da máfia japonesa, a Yakuza, tema que o consagrou. Filmes como Violent Cop (1989), Boiling Point (1990) e Brother (2000), detalharam a hierarquia, os códigos de honra e o modus operandi cruel da maior organização criminosa do Japão.

Takeshi jamais se furtou do hiperrealismo ao congregar esses elementos nos seus filmes. Bancou a violência extremada dos seus personagens em closes e planos até poéticos, de tão bem cuidados e detalhistas. Esse é um caminho retomado por ele agora, mas o desencanto difere O Ultraje dos demais.

O filme conta a guerra intestina de um braço da Yakuza disputando territórios. Aos poucos, forma-se um triângulo entre o Senhor Presidente (Soichiro Kitamura), como é chamado o grande chefe, Ikemoto (Jun Kunimura), líder de uma das células da organização, e Otomo, um dos operadores do serviço sujo de Ikemoto, que inclui jogos de azar, prostituição e tráfico de drogas.

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Ao contrário dos trabalhos anteriores, não há ritos solenes, silêncios longos e troca de expressões que dispensam palavras. O que se expõe nesta obra é a ambição simplesmente, sem limites, desconhecedora de algum código que outrora incluía fidelidade a juramentos e respeito a laços fraternais. Sumiram as pequenas parábolas dos diálogos, em vez disso, os berros e as traições dão o tom das relações.

Em duas horas, se delineia o retrato de uma tradição esgarçada. As mortes são tantas e algumas tão assustadoramente violentas, que há muito sentido na fala de um dos personagens quando ele alega “em alguns casos a maior vingança é permanecer vivo”. Se resolvesse nunca mais retomar o tema, O Ultraje responderia como o fim de uma saga onde a confiança e a lealdade dos velhos personagens se esvaíram no leque de formas cada vez mais engenhosas de matar para conseguir espaço.

https://youtube.com/watch?v=ZrGnJm6qASY

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