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‘O Hobbit’: uma jornada frustrada

Novo longa de Peter Jackson peca em dividir livro de J. R. R. Tolkien em três filmes. É entretenimento bom e divertido, mas sem o impacto de 'O Senhor dos Anéis'

Por Carol Nogueira
Atualizado em 10 dez 2018, 10h53 - Publicado em 14 dez 2012, 10h30

Quase dez anos separam O Retorno do Rei, último capítulo da franquia O Senhor dos Anéis, de O Hobbit – Uma Jornada Inesperada, a parte inicial da trilogia baseada no primeiro romance de J. R. R. Tolkien, que foi lançado nos Estados Unidos em 1937 e chega nesta sexta aos cinemas de todo o mundo. As duas séries têm por base o universo mágico criado por Tolkien, um linguista que começou a escrever para ninar os filhos. E a direção do neozelandês Peter Jackson. Mas não se espelham como poderiam – e como gostariam os fãs. Jackson, dessa vez, deixou a desejar. O Hobbit não convence inteiramente. A aventura de Bilbo Bolseiro é capaz de entreter e divertir, mas não tem, nem de longe, o mesmo impacto da saga do inocente Frodo.

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Dizer que o livro é pequeno não é exagero. São cerca de 300 páginas, número que varia de acordo com a edição e a tradução, mas que de qualquer maneira perde para o do primeiro volume de O Senhor dos Anéis, de mais de 400. Não à toa, muita gente ficou receosa quando Jackson anunciou que a obra seria transformada em três filmes, como se deu com a colossal história de Frodo. Quem assistir agora à primeira parte da trilogia – com 2h49 de duração – poderá dizer que o temor tinha fundamento. Dividir o livro em três longas, por mais reviravoltas que ele tenha, só fez o roteiro perder peso e ficar mais arrastado do que deveria. A metade final até embala, mas num ritmo pífio perto daquele que conduz a primeira trilogia do neozelandês.

A impressão de que destrinchar um único livro em três filmes foi um erro – se não um engodo – se agrava com a sensação de déjà vu que emana de O Hobbit. Há cenas idênticas às da trilogia anterior, como aquela em que Gandalf (Ian McKellen) fala com uma borboleta (habilidade, aliás, que ele não possui nos livros) e aquela em que o famoso anel entra no dedo de Bilbo Bolseiro (interpretado aqui, em sua versão jovem, por Martin Freeman, e como velho por Ian Holm) da mesma forma que acontece com Frodo (Elijah Wood) em A Sociedade do Anel.

O começo do longa também reprisa uma fórmula já conhecida por quem é familiarizado com o universo de Tolkien no cinema. Assim como em A Sociedade do Anel, logo no início do filme o espectador é confrontado com um flashback. Desta vez, o recuo serve para apresentar Erebor, a montanha solitária onde viviam os anões, que foi tomada de assalto pelo dragão Smaug. A disputa pelo local é o motor da história. É ela que faz com que o mago Gandalf procure o hobbit Bilbo e o convença a embarcar em uma aventura, na qual vai ajudar os anões a retomar seu lugar.

Desvios da jornada – Entre as mudanças feitas por Jackson para ampliar a adaptação, está a inclusão de personagens citados somente de passagem no livro, como o mago Radagast, o Castanho (Sylvester McCoy). Ele passa pela trama para introduzir o Necromante (que será interpretado por Benedict Cumberbatch, mas que no primeiro longa da trilogia, pelo menos, aparece apenas como espectro). Em O Senhor dos Anéis, o Necromante ressurgirá transformado em Sauron, o grande vilão e antagonista de Frodo.

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Outra mudança é a inclusão do orc Azog (Manu Bennett). Ele não aparece no livro, mas protagoniza uma das batalhas mais contundentes do filme, desdobramento de uma caçada ao rei anão Thorin (Richard Armitage), seu grande desafeto.

O roteiro ainda resgata detalhes inscritos por Tolkien nos apêndices de O Senhor dos Anéis e no livro O Silmarillion, que sucede a jornada de Bilbo e antecede a de Frodo. Mas faz poucos desvios em relação à obra do escritor – o que deve pesar positivamente para os fãs.

Magnetismo fraco – Se falta vigor ao filme, isso não se deve à ausência de ação, surpresa ou humor. Os ingredientes estão todos lá, mas talvez sem um personagem ou um momento que tenha destaque e dê brilho ao filme.

Não faltam vilões, por exemplo. A comitiva composta pelos treze anões, por Bilbo e pelo mago Gandalf pula de um perigo a outro – de orcs para trolls, de goblins para wargs e o que mais vier. E as situações cômicas, proporcionadas pelos anões – em especial, Fili (Dean O’Gorman), Kili (Aidan Turner) e Balin (Ken Stott) -, além de Radagast (acusado pelo mago Saruman de “comer cogumelos alucinógenos”) e Bilbo (que se mete em muitas encrencas no começo do filme) – dão leveza à história. Que fica ligeiramente mais divertida que O Senhor dos Anéis. Mas, ainda assim, o impacto demora a vir.

A esperança é de que os próximos capítulos da trilogia, A Desolação de Smaug, que sai em dezembro de 2013, e Lá e De Volta Outra Vez, com lançamento previsto para julho de 2014, sejam melhores. Que Tolkien os abençoe.

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