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No Rio, desafio é manter blocos sob controle

Maratona termina no domingo, com apresentação do Monobloco no centro. Festa teve 4 milhões de pessoas e exige adaptações para não sobrecarregar bairros

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 fev 2012, 15h56

“No carnaval, as pessoas vão para rua. Muitas vezes os blocos acabaram e as pessoas continuam se reunindo na praia, nos bares. É um movimento natural Os bairros de praia, turísticos, vão sofrer mais com isso. Em Ipanema, não é um movimento necessariamente de bloco, mas de carnaval”, analisa Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, organização de blocos do Rio

Uma festa que reúne 4 milhões de pessoas tem, naturalmente, impactos para a vida de qualquer cidade. Manter esses impactos sob controle, e o nível de conforto para quem está dentro e fora dela, são as preocupações da prefeitura do Rio e dos próprios blocos. Foliões e moradores de bairros como Botafogo, Ipanema e Leblon, que concentram grande parte das agremiações, experimentaram nos três últimos anos uma melhoria substancial na organização do período entre a sexta-feira anterior ao Carnaval e a Quarta-Feira de Cinzas. Mas como alerta o diretor da Dream Factory, Duda Magalhães, uma festa aberta será sempre complexa. “Este é o grande desafio no Rio, do ponto de vista da produção de eventos. Nunca saberemos ao certo quantas pessoas estarão num determinado bloco”, explica.

Se não é possível prever com precisão o público de um determinado bloco, é viável deslocar, para áreas menos conturbadas, os eventos com maior possibilidade de atração de foliões. Em 2012, a mudança de local do bloco comandado por Preta Gil é apontado como caso de sucesso. A prefeitura decidiu deslocar o desfile da orla de Ipanema e Leblon para a Avenida Rio Branco – mesmo local onde se apresenta o Cordão da Bola Preta. Este ano, passou de 250 mil pessoas o total de foliões, o que causaria grande transtorno nas ruas da zona sul.

Há incômodos incontornáveis. Os bairros turísticos, que já estão lotados antes do início do bloco, permanecem com grande movimento também depois da folia. “No carnaval, as pessoas vão para rua. Muitas vezes os blocos acabaram e as pessoas continuam se reunindo na praia, nos bares. É um movimento natural Os bairros de praia, turísticos, vão sofrer mais com isso. Em Ipanema, não é um movimento necessariamente de bloco, mas de carnaval”, analisa Rita Fernandes, presidente da Sebastiana, organização de blocos do Rio.

O inchaço dos blocos também não agrada aos foliões. No ano passado, um pequeno grupo de amigos decidiu cantar músicas dos Beatles em ritmo de batucada. A moda pegou. E pegou tanto que, no Aterro do Flamengo, este ano, o que era previsto como uma programação altenativa de Carnaval se transformou em reunião de 60 mil foliões – alguns milhares deles sequer conseguindo ouvir o que era tocado. Para Duda Magalhães, nesse momento entra em cena o que chama de “seleção natural”. “Há uma adaptação natural nesses momentos. Quem gostaria de participar de um bloco de 5 ou 10 mil pessoas não vai voltar para um bloco que chegou a 50 mil”, acredita Magalhães.

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O secretário municipal de Turismo e presidente da Riotur, Antônio Pedro Figueira de Mello, afirmou, na Quarta-Feira de Cinzas, que a avaliação sobre os locais dos blocos é feita de forma permanente. E que o “pente fino” que limitou o número de agremiações na zona sul pode se repetir. Estão em análise dois blocos principais: o Afroreggae, que reuniu 400 mil pessoas na orla, e o Vem Ni Mim que Sou Facinha.

Para a presidente da Sebastiana, só há sentido em manter nos bairros blocos que têm raízes com determinados locais – um mau sinal para blocos que cresceram demais e começam a causar mais desconforto que o esperado. “Blocos têm que ficar em suas origens. O centro é um trajeto interessante para o carnaval de rua, mas não defendo que exista roteiro único para os blocos, como na Bahia”, afirma Rita.

Rita também tenta diferenciar os blocos que efetivamente desfilam daqueles que se apresentam em um determinado ponto, em palcos ou palanques. “Alguns grupos musicais veem no bloco de rua uma oportunidade. Um bloco, na verdade, é um cortejo que anda, sai, segue uma direção. Essa é a tradição. Uma coisa parada fica mais parecida com um show. A gente vê que isso acontece muito com blocos mais ligados a grupos musicais”, compara.

A maratona do Carnaval de Rua termina, oficialmente, neste domingo, com a apresentação do Monobloco – outro que foi deslocado da zona sul para o Centro – pela Avenida Rio Branco.

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