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No Festival do Rio com Jean-Paul Gaultier

O estilista preferido de Madonna diz que Lady Gaga apenas a imita, elogia Gisele Bündchen e dá um conselho à mulher brasileira: 'Adapte a moda a você."

Por Carlos Helí de Almeida, do Rio de Janeiro
11 out 2011, 12h34

“Fiz o guarda-roupa de três turnês mundiais de Madonna: Blond Ambition (1990), Girlie Show (1993) e Drowned World (2001). É ótimo quando você admira alguém com quem divide a mesma visão de mundo. Ela é uma mulher bastante feminina, mas é também o maior macho que conheço.”

Aos 59 anos de idade, Jean-Paul Gaultier ainda demonstra energia inesgotável. Em sua nova e rápida passagem de quatro dias pelo Rio, como convidado do 13º Festival do Rio, ele se desdobrou. O estilista francês veio acompanhar a exibição do documentário Jean-Paul Gaultier – Quebrando Regras, no qual repassa os 35 anos de carreira. Jantou com a atriz espanhola Marisa Paredes no restaurante da chef Roberta Studbrack, brincou na quadra da Mangueira, conferiu a Parada Gay e ainda pretende ter fôlego para mais um programa. “Antes de ir embora, ainda pretendo assistir a um bom show de travestis”, contou Gaultier, o estilista preferido de Madonna, durante uma rodada de conversas com a imprensa brasileira.

O filme dirigido pela ex-modelo argelina Farida Khelfa, uma das descobertas do estilista, começa com Gaultier preparando sua última coleção para a Hermès, maison para a qual trabalhou por sete anos. É o ponto de partida para uma viagem por sua trajetória pessoal e profissional, do garoto imaginativo e solitário da pequena Arcueil, às passarelas de Paris e do mundo. Com a ajuda de imagens e fotos de arquivo, Gaultier repassa a infância como filho único, o estímulo recebido pela mãe e a excêntrica avó, e o início na vida profissional no ateliê de Pierre Cardin, como desenhista, aos 18 anos de idade, antes de sua visão irreverente de moda conquistar o mundo, a partir dos anos 1980.

O filme tem sessões nesta terça-feira, às 15h50 e 22h20 no Estação Vivo Gávea 2. Leia a seguir os principais trechos da conversa com o estilista.

Como é se ver numa tela de cinema?

É horrível, porque não gosto de alguns traços físicos meus. Tenho orelhas pontudas, por exemplo. Adoro sobrancelhas grossas nos outros, mas não as tenho. Sou muito consciente sobre as minhas pequenas imperfeições físicas.

Como você se descreveria?

Sou um cara honesto. Eu mentia muito quando era criança, inventava historias para tentar impressionar os outros.

O que te deixa animado?

Novas aventuras, descobertas, um desafio. Com a idade, a experiência, a gente começa a achar tudo muito chato.

O que o desanima?

A rotina. É por isso que a todo o momento estou buscando novas ideias, novos desafios.

Pelo que gostaria de ser lembrado?

Todo mundo aponta os corsets e as listras azuis em camisetas brancas, mas eu gostaria de ser lembrado mesmo é pela valorização de belezas incomuns. Não há um só tipo de beleza. Por isso vocês sempre viram modelos exóticos em meus desfiles. Como a própria Farida (Kelfa, diretora do documentário, que Gaultier descobriu quando ela tinha 16 anos de idade)

Gisele Bündchen: campanha para a Hope foi interpretada como discriminatória por alguns consumidores
Gisele Bündchen: campanha para a Hope foi interpretada como discriminatória por alguns consumidores (VEJA)

Mas você já trabalhou também com grandes modelos internacionais, como a brasileira Gisele Bündchen…

Sim, mas é como eu te disse, não há um só tipo de beleza. E a Gisele é dona de uma beleza clássica, não é uma beleza puramente comercial. E tem personalidade forte, o que é um fator importante em minhas escolhas.

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Que outras modelos brasileiras você admira?

Ah, já trabalhei com várias, e adorei… No iníco da minha carriera, trabalhei como uma chamada Rio… Teve a Betty Lago também, já no final dos anos 80 e início dos anos 90. E, claro, a Gisele.

Madonna na capa de sua HQ
Madonna na capa de sua HQ (VEJA)

O documentário dedica um bom trecho a sua relação com Madonna. Como você a descreveria?

Ah, nós tempos o mesmo espírito. Além disso, uma das melhores experiências profissionais da minha vida eu tive com ela. Fiz o guarda-roupa de três turnês mundiais de Madonna: Blond Ambition (1990), Girlie Show (1993) e Drowned World (2001). É ótimo quando você admira alguém com quem divide a mesma visão de mundo. Ela é uma mulher bastante feminina, mas é também o maior macho que conheço.

Lady Gaga na cidade de Taipei, Taiwan
Lady Gaga na cidade de Taipei, Taiwan (VEJA)

Você já trabalhou para Lady Gaga, que dizem ser a nova Madonna…

O que Lady Gaga está fazendo Madonna já fez há muito tempo atrás. Em termos de beleza, Madonna é mais bonita do que a Gaga. Ela não é exatamente feia, mas não é tão bela como Madonna, o que pode ser uma vantagem para Gaga. Certa vez, sugeri a Madonna que ela cobrisse o corpo para o documentário Na Cama Com Madonna. Ela adorou a ideia, mas depois desistiu dela, talvez porque percebesse que o filme não poderia dispensar de sua figura física, de sua beleza. Gaga, ao contrário, pode aparecer como quiser porque ela não tem uma beleza marcante que precise defender.

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O que você pretende fazer, agora que deixou a maison Hermés, depois de sete anos criando para a marca?

Nunca fui muito bom com números, negócios, é uma parte do trabalho que não me agrada. Agora que tenho um novo parceiro, o grupo Puig, que controla o perfume Paco Rabanne, entre outras coisas, vou poder me concentrar na minha coleção. Quero me concentrar mais no processo criativo.

Que conselho daria à mulher brasileira?

Pelo modo com as vejo nas ruas, a mulher brasileira parece se sentir confortável com o que veste, não importando se suas escolhas são acertadas ou não em termos de moda. Meu conselho é adapte a moda a você, não mascare a sua personalidade!

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