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Na TV, Miss Universo parece festa com tubaína

Cenas do Brasil na edição colaboram com o clima de churrasco na laje de uma cerimônia que até tenta ser elegante, mas não consegue

Por Mariana Zylberkan
13 set 2011, 14h58

Sede pela primeira vez da final do Miss Universo, o Brasil entrou na onda da cafonice disfarçada de elegância do concurso mundial de beleza. No melhor estilo churrasco na laje, mas com sotaque gringo, o país foi ao ar, durante a transmissão mundial do concurso na noite desta segunda, em sua roupagem mais clichê. Quem assistiu ao programa viu as misses provarem queijo branco no mercadão paulistano, fazerem compras no supermercado de um dos patrocinadores e ganharem sabonete de outro. Tudo muito brega, mas pretensamente elegante.

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Como é praxe em toda edição do concurso, a cidade-sede da final é ornada com a beleza das misses nas semanas que antecedem a passagem da coroa. Elas andam para cima e para baixo para visitar cartões postais, experimentar a cultura local – aqui, leiam-se samba e futebol – e realizar atividades edificantes. Na edição do Miss Universo em São Paulo não foi diferente. As primeiras imagens mostraram a chegada do grupo de 89 mulheres ao hotel. Cada uma tentava dissimular o cansaço da longa viagem de avião com um sorriso provavelmente treinado à exaustão, assim como o famoso tchauzinho de miss, que evitam que qualquer músculo balance junto.

Devidamente instaladas, as candidatas encontravam em seus quartos, como prova da famosa hospitalidade brasileira, uma caixa com um presente “incrível”, como ressaltava com brilho exagerado a narração da apresentadora americana — de fazer a brasileira, Adriane Galisteu, se beliscar. Um roupão felpudo e frascos de sabonete foram recebidos por elas com cara de quem teve o pedido atendido pelo Papai Noel na noite de Natal.

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A mesma empolgação foi experimentada por elas ao circular por um supermercado e admirar, na prateleira de esmaltes, o produto de outro patrocinador. No Mercado Municipal de São Paulo, as beldades provavam com cara de comercial de margarina pedaços de queijo branco espetados de um pote de plástico de assepsia duvidosa. Pelo menos, as competidoras não tiveram que acumular calorias e morder o sanduíche de mortadela e muito menos o pastel de bacalhau, dois elementos obrigatórios de dez entre dez guias de viagens de São Paulo.

A famosa vida noturna paulistana também esteve presente nos vídeos. O grupo de mulheres desfilou seus sorrisos por uma casa noturna que, ao menos na edição do Miss Universo, não tinha nenhum homem saidinho ou que tivesse exagerado na bebida o suficiente para arriscar uma cantada furada sobre uma delas — assim como não se ouviu nenhum assovio no mercadão. Antes disso, elas se deliciaram com uma mesa de sushis e sashimis. Tudo light, claro, afinal, feijoada e caipirinha são apenas para quem visita o Brasil em férias ou quem não tem que se preocupar em desfilar em trajes de banho.

Para se aclimatar ao estilo brasileiro, não faltou uma partida de futebol nem aulas de samba. As tentativas de acertar o passo da dança das misses foram totalmente ofuscadas pela falta de lingerie de uma delas. Ao menos, na internet, já que a TV não mostrou nadinha da história. Tudo pelos bons costumes.

Em meio a tudo isso, a narração dos apresentadores americanos ressaltava que as misses foram muito bem recebidas em São Paulo. É de se pensar se mais alguém vai se animar para visitar a cidade depois do roteiro pouco glamoroso mostrado na televisão.

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