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Moderação na temática gay não põe a Globo no armário

Nos temas polêmicos, as novelas da Globo sempre testaram os limites da tolerância do espectador – e deram um passo atrás quando ele se mostrou chocado. Não é diferente em 'Insensato Coração'

Por Mariana Zylberkan
24 jul 2011, 12h48

Assunto que marcou a semana, a moderação da temática gay em Insensato Coração, de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, não é, como pode parecer à primeira vista, um retrocesso da Globo. É, antes, uma decisão em linha com o histórico das novelas da emissora, que sempre testaram os limites de tolerância do espectador, contribuindo para a pauta de debates públicos (confira lista abaixo), mas sempre recuaram quando o público começou a se escandalizar. Foi assim que, ao longo dos anos, a Globo abordou temas como divórcio, alcoolismo, emancipação da mulher, violência doméstica – e que vem retratando a homossexualidade em quase todas as novelas, sem precisar hastear a bandeira do arco-íris.

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A novela das oito – agora das nove – da Rede Globo não é apenas o produto de massa mais bem sucedido do país. As tramas exibidas nessa faixa são quase uma instituição cultural entre os brasileiros. Afinal, o horário nobre só recebe este nome porque coincide com um dos únicos períodos do dia em que a maioria das famílias consegue se reunir, no fim da jornada que costuma incluir trabalho e estudos. Ciente dessa penetração, e, é claro, das vantagens comerciais que ela lhe proporciona, a emissora procura agradar ao público amplo que a assiste, sem deixar de estimular discussões que tomam o país, com efeitos positivos para a sociedade, e se revertem em audiência, igualmente positiva, para o canal.

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Atualmente, a temática gay tem acompanhado a sobremesa noturna dos telespectadores de Insensato Coração. Desta vez, porém, o debate sobre o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo – os personagens Eduardo (Rodrigo Andrade) e Hugo (Marcos Damigo) – extrapolou os limites domésticos, quando a Globo decidiu reduzir o espaço do romance homossexual na trama. Militantes do movimento gay chiaram publicamente, acusando a emissora de censura.

O discurso militante é inflamado, mas não preciso, já que nos últimos anos, personagens gays se tornaram quase onipresentes nos folhetins da Globo. E que, na própria Insensato Coração, mesmo com a redução do espaço dedicado à temática, a homossexualidade é tratada de maneira inédita. Não há apenas o gay sofredor, vítima do preconceito da sociedade, ou o gay caricato, feito para protagonizar cenas de humor. Há gays diversos: há o advogado recatado da ex-reality show Natalie Lamour (Deborah Secco), o professor universitário bem-resolvido (o já citado Hugo), o garçom espevitado que paquera estrangeiros em Ipanema (Chicão, vivido por Wendell Bendelack), o promoter que adota todas as gírias do mundo gay (Roni, de Leonardo Miggiorin) e, finalmente, o executivo enrustido que se esforça para sair do armário (o também já mencionado Eduardo).

Essa diversidade representa uma mudança significativa na forma como a TV costuma retratar homossexuais. Mas soou exagerado para a emissora mostrar cenas em que o casal Eduardo e Hugo sai de um motel – um dos trechos do roteiro que tiveram sua veiculação vetada pela emissora. Ora, falar sobre o casamento entre gays ainda pode ser algo incômodo nas salas de estar no Brasil. Se a máxima de que as novelas espelham a sociedade é verdadeira, Insensato Coração simplesmente cumpriu o papel do folhetim.

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