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Lorde e Sky Ferreira, as apostas do pop para 2014

Jovens cantoras surgem como um vento de renovação em um momento em que o estilo se perde na repetição de fórmulas e que grandes nomes enfrentam dificuldade para vender discos

Por Juliana Zambelo
22 dez 2013, 11h16

O ano de 2013 foi de alta dosagem sexual na música pop. Em letras, clipes e apresentações ao vivo, os artistas – e, em especial, as mulheres – exploraram sua sexualidade sem pudores. Por isso, foram imagens – como a língua de fora de Miley Cyrus – que marcaram o ano. Muito mais que os sons. Cada álbum que saía trazia mais do mesmo, os mesmos compositores, produtores e influências, deixando o público à beira da exaustão. É em cenários como este que uma brisa nova pode ganhar a força de um vendaval. Essa brisa trouxe os nomes de Lorde e Sky Ferrera. Elas são as promessas do pop para 2014.

Lorde, de 17 anos, se chama Ella Maria Lani Yelich-O’Connor e, até poucos meses atrás, vivia uma adolescência comum em Auckland, na Nova Zelândia, dividindo seu tempo entre a escola e os amigos. Filha de uma poeta e um engenheiro, ela foi descoberta aos 12 anos por uma gravadora em um concurso de talentos e, com a ajuda do produtor Joel Little, passou os anos seguintes escrevendo músicas e buscando uma voz própria. As primeiras faixas foram lançadas no último mês de março, quando ela tinha 16 anos, no EP The Love Club.

Entre elas, estava Royals. A canção começa com uma batida minimalista com influência de hip hop que se repete e ecoa, hipnótica. Até que entra uma voz feminina grave, mas aveludada: “Eu nunca vi um diamante de perto”. São apenas 15 segundos – tempo suficiente para Lorde se diferenciar das grandes cantoras do momento, com suas faixas super-produzidas, suas fortunas imensas e sua ostentação. A música logo se tornou um sucesso na Nova Zelândia e em poucos meses chegou aos Estados Unidos, onde se espalhou como lava.

O primeiro álbum completo da neozelandesa, Pure Heroine, saiu em setembro e ficou entre os cinco mais vendidos nos EUA e no Reino Unido. Royals rapidamente escalou a parada americana de singles. Chegou ao topo em outubro, deixando Katy Perry em segundo lugar e Miley Cyrus, então já o maior factoide pop do ano, em terceiro. Por noves semanas, foi a música mais consumida pelos americanos. Para coroar o sucesso comercial, em dezembro a cantora recebeu quatro indicações ao prêmio Grammy, o mais importante da música, incluindo a de gravação do ano, para Royals.

Além da sonoridade simples e direta, eletrônica e, por vezes, com discreto ritmo de hip hop, a força de Lorde está nas letras. Elas falam de temas corriqueiros, comuns a adolescentes de qualquer lugar do mundo – tédio, insegurança, inadequação, medo -, mas com um olhar maduro e crítico. “As letras da Lorde têm um pouco mais de verdade”, diz o músico Péricles Martins, do projeto de música eletrônica Boss in Drama. “Com isso, a nova geração se identifica com ela de modo mais pessoal.”

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Para Marcia Santos, diretora de marketing da gravadora Universal, que lançou o primeiro álbum da neozelandesa, a cantora se destacou por estar na contramão dos fenômenos teen. “Mesmo que os temas sejam próprios da adolescência, ela levanta reflexões com personalidade.”

Alexandre Faria, diretor de shows da Time For Fun, produtora responsável pelo Lollapalooza, festival que terá Lorde como atração, em março, é da mesma opinião. “Não se trata de alguém com aspiração de ser uma nova Madonna ou uma Beyoncé. Ela quer trazer uma outra vibração, muito mais misteriosa, com melodias elaboradas e refinamento nos arranjos e na performance.”

Esteticamente, Lorde também se sobressai com um visual que pende mais para o rock e o gótico, apresentando-se com longos cabelos encaracolados, maquiagem escura, roupas comportadas e sapatos pesados, explorando seu carisma e não uma forçada sensualidade precoce, como quem quer desesperadamente exorcizar uma personagem da Disney.

Sky, pop e hype – Já a americana de sangue português e brasileiro Sky Ferreira, de 21 anos, não teve a sorte de ser descoberta da noite para o dia. Apesar de ter nascido na Califórnia e crescido em companhia de um grande astro – sua avó trabalhava para Michael Jackson e Sky conviveu com o cantor durante anos, sendo incentivada por ele a cantar -, ela passou um bom tempo tentando achar espaço na música. Começou adolescente, mas não emplacou, e acabou trabalhando como modelo para pagar as contas.

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Foi em outubro de 2012, quando lançou a faixa Everything is Embarrassing, que veio a virada. Um pop eletrônico com cara de anos 1980, envolvente, com refrão grudento, era uma canção fácil de gostar, embora diferente de todo o resto que tocava nas rádios. A música ganhou uma enxurrada de elogios e versões remixes e entrou nas listas de melhores do ano.

No embalo do hype, ela gravou seu álbum de estreia, Night Time, My Time, lançado em outubro de 2013. O disco aponta para direções diferentes do single que a projetou. Mais pesado, mas com o mesmo apelo fácil para o ouvido, tem ecos de rock alternativo e guitarras sobre batidas eletrônicas, boas para a pista de dança. Há também muito do pop oitentista, sem soar derivativo. Com isso, o álbum parece familiar já na primeira audição, mas a personalidade forte da cantora faz a diferença e prende o ouvinte. Há algo ali para ser desvendado nas entrelinhas.

Sky quer fazer música pop, seus ídolos são Madonna e Britney Spears, mas seu som sai assim, perturbado e desafiador. É com essa pegada sonora e suas atitudes que a cantora vem construindo a reputação de garota um tantinho rebelde. Em setembro, foi presa junto com o namorado, o músico Zachary Cole Smith; ela por pose de ecstasy e ele, por posse de heroína. Miley Cyrus gostou e convidou a cantora para abrir shows de sua turnê atual.

Para completar, ela é sensual e usa e abusa dos olhares e poses provocativos que aprendeu como modelo, mas, longe de ter o visual limpinho de uma Katy Perry ou as atitudes imaturas e forçadas da ex-Hannah Montana, a sua sensualidade é crua e agressiva. Na capa do álbum, ela aparece nua, fotografada embaixo do chuveiro com os seios à mostra, mas seu olhar não é de convite, e sim de uma mulher triste e acuada. Em seus clipes, ela sempre vaga por cenários noturnos opressivos. Não é o clima que o pop vende atualmente, mas a mudança é mais que bem-vinda.

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