Na pele do tirano fazendeiro Max, Lima Duarte vai ser mais que o obstáculo para o romance entre a filha de seu personagem, Manuela (Milena Toscano), e o mocinho Solano (Murilo Rosa). Ele vai ser uma espécie de coronel – na acepção nordestina do termo – do Araguaia. Um homem responsável pelo destino de vastas terras e das pessoas que nelas habitam. A um ator experiente e politicamente antenado como ele, as camadas que compõem o personagem Max não poderiam escapar. Foi sobre isso que Lima Duarte falou a VEJA.com.
Estamos numa festa, porque há uma nova novela surgindo. Mas, sabendo o quanto o senhor acompanha a política brasileira, é difícil não perguntar: é tempo de comemorar?
Pois é… Uma das coisas mais tristes do Brasil é esse sarapatel que estão fazendo entre o público e o privado. É fulano dizendo “a grana é minha, eu dou a sicrano, porque é minha”. Não é. O dinheiro é nosso, do contribuinte, não é de ninguém.
É verdade que você pediu que o seu personagem fosse gaúcho?
É, sim, porque queria trabalhar com um personagem de personalidade fronteiriça – alguém que está entre lugares, culturas e mentalidades. O Max, meu personagem, é um fazendeiro que tem grande domínio sobre as suas posses e as pessoas que lá vivem, é muito interessante.
Parece um personagem que confunde o público com o privado. Essa é uma característica de uma pessoa de personalidade fronteiriça?
Pode ser. Se você tem mentalidade fronteiriça, acha que pode tomar conta do Brasil, que pode abraçar tudo como se fosse seu.
Considerando os casos de corrupção no governo atual, personagens como o Lula podem ser considerados de personalidade fronteiriça?
Olha, o que o Lula faz – “Eu dou, eu perdoo, eu administro tudo” – é uma lástima. Mas é que todo poder corrompe. Um homem com poder absoluto como ele – ter cerca de 80% de aprovação é ter poder absoluto – não escapa à variação.
O senhor acha, então, que ele era diferente antes de ser presidente?
Ah, era. Ninguém fica imune a 80% de aprovação.