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Lília Cabral vive mãe traficante em ‘Julio Sumiu’

Atriz fala ao site de VEJA sobre a nova comédia nacional e defende o estilo: “falar que a comédia é fácil é um preconceito”

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 17 abr 2014, 19h40

Uma típica mãe e dona de casa, com cabelo semipreso e uma coleção de vestidos démodé, descobre que seu caçula desapareceu. Sem a ajuda da polícia, ela sobe o morro e se alia a um traficante, pois acha que ele mantém seu filho refém. Para pagar o resgate, ela transforma seu doce lar em uma “boca” e se vê obrigada a vender drogas.

O roteiro à la Breaking Bad é a história central do filme Julio Sumiu, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira. Dirigido por Roberto Berliner (de A Pessoa É Para o Que Nasce), o longa é baseado no livro de mesmo nome do comediante Beto Silva, do Casseta & Planeta, que também assina o roteiro.

A atriz Lília Cabral dá vida a mãe traficante Edna e, apesar de já ter feito muitas mães na televisão, nunca imaginou que faria uma como essa. “Quando li o livro fiquei procurando qual personagem eu faria na história, o que era óbvio”, conta em entrevista ao site de VEJA.

Além do cinema, Lília volta à TV em julho, com a nova novela das nove, Falso Brilhante, de Aguinaldo Silva. Novamente como uma mãe, mas, dessa vez, uma mãe aristocrata e vilã. Enquanto não retorna ao drama televisivo, a atriz garante que se diverte ao fazer comédia, especialmente no cinema, onde viu sua carreira passar por uma grande mudança depois de estrelar Divã, um dos primeiros filmes no estilo que se tornou sucesso de bilheteria no país. “Todo mundo fala que a comédia é fácil de fazer, mas eu não acho”, diz. “O estilo exige precisão. E encontrar o tempo preciso é um dom.”

O que te levou a aceitar o papel da personagem Edna em Julio Sumiu? Eu já fiz muitas mães na ficção. Porém uma mãe que sobe o morro e vira traficante para salvar um filho que acha que está sequestrado eu nunca pensei que poderia fazer (risos). Quando li o livro achei muito divertido, gostei demais dos personagens que o Beto criou. O engraçado é que fiquei procurando qual personagem eu faria na história, o que era óbvio. Também me interessa muito essa transposição de um livro para o cinema. Eu sempre leio a obra que inspirou o roteiro antes. E quando li o livro vi que dava para fazer um filme muito engraçado, é uma crônica, uma crítica. Não é um livro que prima pelo deboche, na verdade é uma história contundente. É uma personagem bem diferente das demais da minha carreira.

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A senhora já fez várias mães na ficção e também é mãe na vida real. Faria o mesmo que Edna se fosse necessário? O que ela faz é tomar o posicionamento da mãe, mas, claro, que não necessariamente precisaria virar uma traficante na vida real. É uma crítica social. Até que ponto somos capazes de acertar e errar pelos filhos? A que ponto chega a luta pelo poder e pela cultura de se dar bem facilmente? Vejo muito forte na história essa crítica ao jeitinho brasileiro, à vida fácil. Ela se transforma enquanto o problema do filho não se resolve. Porém, uma coisa que eu jamais faria seria passar a mão na cabeça de um filho meu em situações irregulares ou desonestas. Se um filho faz algo de errado, ele tem que pagar pelo erro. Quem encoberta o filho não ensina nada e o deixa ser o que ele quiser.​

A senhora estrelou a comédia Divã, que fez muito sucesso e abriu a porta para outras comédias nacionais. Como foi aquela experiência compara com essa? O Divã era um filme muito bem acabado e bem aceito. Ele surpreendeu e se estendeu para uma peça de teatro, ficamos três anos em cartaz. Eu não sabia o que poderia acontecer quando aceitei. No fim, virou uma referência do meu trabalho, as pessoas começaram a olhar a minha profissão de outra forma. E esses contrapontos são importantes na minha carreira. Passar de uma mulher solar como a do Divã para fazer uma dona de casa feiosa em Julio Sumiu é importante. Espero que Julio Sumiu seja tão bem aceito quanto Divã. Só é uma pena que ele não tenha sido bem aceito pela crítica.

Costuma ler as críticas? Sim, faz parte, se ela é dolorosa eu fico triste, se for boa fico contente. Tem gente que não lê, não dá bola. Eu tento filtrar muita coisa. Tem coisas que você aprende, tem coisas que releva.

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As comédias nacionais ainda não conseguiram conquistar os críticos, só o público. Pois é, e todo mundo fala que a comédia é fácil de fazer, mas eu não acho. Fazer comédia é muito difícil. Tem gente que exagera para fazer comédia e levanta milhões de bandeiras para fazer o povo rir. Contudo, o estilo exige precisão. E encontrar o tempo preciso é um dom. O Chico Anysio tinha um tempo maravilhoso, ele não se repetia muitas vezes para rir, as pessoas riam do tom que ele dava para cada personagem. Então falar que a comédia é fácil é um preconceito, é difícil, é muito difícil.

Qual sua comédia nacional favorita? Gostei muito de Confissões de Adolescente. Também achei Meu Passado Me Condena bem filmado e com um casal convincente. Eu gosto da comédia. A comédia é necessária, faz parte da nossa cultura. E sabemos que ela funciona.

Além das comédias você fez vários personagens mais sérios, como a Pereirão, de Fina Estampa, que fez muito sucesso. Qual lado te representa melhor? Gosto de fazer opostos. É uma das melhores coisas de ser atriz. Fiz muitos personagens densos e sofridos na televisão. Então, quando tive a chance de fazer comédia no cinema aceitei e me diverti muito, apesar de ser trabalho.

Você está no elenco de Falso Brilhante, do Aguinaldo Silva, o que podemos esperar da sua personagem? Até agora recebi sete capítulos e não posso falar muita coisa, pois está bem no começo. É uma personagem muito diferente de tudo que já fiz na TV até agora. O que mais gosto nela é o nome: Maria Marta Medeiros de Mendonça e Albuquerque. Ela é de uma família aristocrata e será uma vilã meio distinta, não é a típica vilã.

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A novela Em Família está com baixa audiência e novos estilos estão sendo testados. A senhora é uma entusiasta da televisão? Sim, a TV está mudando e para melhor. Também acho que todas as experiências e propostas que não deram certo no início não significa que não valeram a pena. Gostei muito de Amores Roubados e agora Pedacinho de Chão vem com uma proposta diferente. O colorido disso é importante, que a televisão passe por esses processos. Sou a favor das mudanças. Se me convidassem para fazer um seriado completamente diferente eu jamais diria não, não colocaria empecilho. Para saber o resultado de algo é preciso fazer o teste.

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