Ídolo no papel de coadjuvante
Finalistas do reality show da Record ficam ofuscados por nomes consagrados do cenário musical em programa que elegeu Henrique Lemes o mais novo talento do Brasil
A aglomeração e a gritaria do lado de fora da casa de shows Via Funchal, em São Paulo, não deixavam dúvidas: estava prestes a acontecer mais um encontro de fãs com seu ídolo. O público agitado na calçada esperava para ocupar a plateia da final do reality show Ídolos, da Record, que foi transmitida ao vivo na noite desta quinta.
Algo, porém, fugia do script. A maioria dos fãs diante da casa de shows clamava por nomes das atrações escaladas para atuarem como coadjuvantes dos finalistas do programa, que se propõe a lançar o mais novo ídolo do Brasil. Integrantes do fã-clube da banda Rebeldes chamavam pelos músicos que se tornaram uma verdadeira febre entre o público infanto-juvenil.
Os nomes dos finalistas Henrique e Higor eram ouvidos em uníssono somente quando um repórter da emissora se aproximava de amigos e familiares dos garotos para gravar os flashes da programação. Nos intervalos, sobravam gritos para o apresentador Rodrigo Faro.
Uma mulher sentada na área reservada à torcida de Henrique comemorava o fato de ter conseguido se infiltrar no espaço privilegiado de onde conseguiu ver bem de perto seu grande ídolo: o sertanejo Zezé di Camargo. “Falei que era da família desse tal de Henrique e agora estou bem do ladinho do Zezé”, contava a fã a alguém do outro lado da linha do celular.
Até mesmo no efeito especial que comemorou o anúncio de Henrique Lemes como o mais novo talento do país homenageava outro ídolo. O nome do cantor Luan Santana podia ser lido nos papéis coloridos que explodiram sobre o palco no momento em que Rodrigo Faro nomeou o vencedor. Produtores do programa não souberam explicar como o material promocional de Luan Santana foi parar na festa do mais novo ídolo do Brasil.
Tietagem teve de sobra também para Claudia Leitte, que apareceu pendurada a um trapézio no alto do palco. Enquanto cantava, deu cambalhotas e fez manobras no ar, numa espécie de Cirque du Soleil ao ritmo do axé.
Além das apresentações musicais, um detalhe da produção elevou a temperatura no Via Funchal. Por causa da grande quantidade de lâmpadas e efeitos luminosos do palco, a casa de shows operou com apenas metade da potência do ar condicionado durante toda a transmissão. A economia foi necessária para evitar uma sobrecarga no fornecimento de energia.
Tanto na plateia quanto no palco era comum ver pessoas se abanando. Antes do programa começar, um coro surgiu entre o público que gritava por ar condicionado. “Vai todo mundo ficar fedido”, protestou Luiza Possi, uma das juradas do programa, visivelmente incomodada pelo calor.
Entre um quadro e outro, o apresentador Rodrigo Faro explicou que a presença de personalidades peso-pesado do universo musical, na verdade, faz jus ao nome do programa Ídolos.
O grande homenageado da noite corroborou a defesa do apresentador. “Hoje cantei ao lado de Zezé di Camargo, meu maior ídolo. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer algum dia”, disse Henrique logo após o fim da transmissão. Afinal, ídolo também tem direito de tietar.