Filme sobre paixão entre duas adolescentes vence a Palma de Ouro em Cannes
O longa 'La Vie d'Adèle' do diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche gerou burburinho no festival pelas cenas de sexo despudoradas entre as protagonistas
Como esperado, o longa La Vie d’Adèle, do diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche, levou a Palma de Ouro em cerimônia realizada neste domingo no Festival de Cannes. O igualmente elogiado Inside Llewyn Davis, dos irmãos Ethan e Joel Coen, ficou com o Grande Prêmio do Júri.
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La Vie d’Adèle, baseado na série de quadrinhos Le Bleu est Une Couleur Chaude, de Julie Maroh, causou burburinho pelas cenas de sexo explícitas entre as protagonistas, vividas pelas jovens atrizes Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux.
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Numa entrevista à Agência France Presse, um dia depois de assistir pela primeira vez ao filme na exibição para a imprensa, Léa – cuja personagem, Emma, se apaixona por uma garota mais jovem – disse que se sentiu chocada ao ver as cenas de sexo. “Embora nós mesmas tivéssemos feito aquelas cenas, foi estranho e perturbador assistir a elas”, declarou a atriz.
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Os principais candidatos à Palma de Ouro
Premiação – Numa medida incomum, o júri destacou tanto o diretor quanto as atrizes Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux, creditadas como realizadoras, com razão. Se Amor, de Michael Haneke, que ganhou a Palma de Ouro em 2012, era uma história de amor entre dois idosos, La Vie D’Adèle é uma história de amor entre duas jovens: a adolescente Adèle (Adèle Exarchopoulos), que começa a explorar a sexualidade, e a estudante de arte Emma (Léa Seydoux).
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Kechiche não faz alarde por serem duas garotas, tratando o romance como se fosse qualquer outro, sem medo, no entanto, de rodar cenas de sexo bem explícitas entre as duas atrizes, que subiram ao palco muito emocionadas. Na coletiva do júri que se seguiu à premiação, Spielberg falou sobre o conteúdo ousado e sua opinião sobre sua exibição nos Estados Unidos, um país bastante conservador em relação a sexo. “Para mim, é uma grande história de amor. Sentimo-nos privilegiados e não envergonhados de ver esse romance. O diretor deixa a cena acontecer como aconteceria na vida real. Ficamos maravilhados com o trabalho das duas atrizes. Se vai ou não passar nos EUA, não entrou na equação, só que alguém teve a coragem de contar essa história.” O cineasta romeno Cristian Mungiu disse que o júri avaliou unicamente o cinema. “Não demos prêmios por causa das histórias ou por razões políticas. Nunca falamos sobre os temas. La Vie D’Adèle não é um filme gay. É bom cinema.”