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Estrela de ‘Divergente’, Shailene Woodley é nova aposta de Hollywood

Atriz que também protagoniza ‘A Culpa É das Estrelas’ fala ao site de VEJA sobre feminismo e as comparações com Jennifer Lawrence

Por Por Mariane Morisawa, de Los Angeles
19 abr 2014, 08h59

A atriz Shailene Woodley, 22 anos, atua desde os 5, já foi indicada ao Globo de Ouro de melhor coadjuvante por Os Descendentes (2011) e protagonizou por cinco anos a série A Vida Secreta de uma Adolescente Americana, exibida no Brasil pelo canal Boomerang. Apesar do currículo robusto, Shailene vive, agora, o melhor momento de sua carreira.

A garota de beleza exótica é estrela de dois filmes indies ainda inéditos no Brasil, The Spectacular Now (2013) e White Bird in a Blizzard (2014), ambos bem recebidos no Festival Sundance. Fora do cinema de baixo orçamento, ela é a protagonista da nova saga infantojuvenil milionária Divergente e da aguardada adaptação de A Culpa É das Estrelas, best-seller de John Green, há 55 semanas na lista dos Livros Mais Vendidos de VEJA.

Divergente, de Neil Burger, que chegou aos cinemas brasileiros na última quinta-feira, dia 17, é baseado no primeiro livro de mesmo nome da trilogia escrita por Veronica Roth e comparado à outra franquia para adolescentes: Jogos Vorazes. Na trama, a atriz é Beatrice, ou Tris, que vive numa Chicago pós-apocalíptica onde a sociedade foi dividida em facções: Abnegação, Amizade, Audácia, Erudição e Franqueza. Tris foi criada em Abnegação, grupo altruísta e sem vaidades ou ambições. Aos 16, passa por um teste de aptidão que aponta sua divergência: ela possui características de três facções diferentes, o que é considerado perigoso, já que não poderá ser controlada pelos soros de simulação ministrados pela sociedade totalitária. Ela então decide por um caminho controverso, escolhe uma facção diferente da sua, a Audácia, e precisa esconder sua inclinação, mesmo enquanto passa por um treinamento intenso e violento liderado por Quatro (Theo James).

A superprodução arrecadou 54,6 milhões de dólares apenas no fim de semana de estreia nos Estados Unidos, um número bastante bom, apesar de não se comparar com os estrondosos 152,5 milhões de dólares do primeiro Jogos Vorazes (que fez um total de 691,2 milhões de dólares no mundo todo). Na trilogia, Shailene atua lado a lado com a atriz Kate Winslet, que vive a fria vilã Jeanine. Outra que conheceu a fama cedo e que aproveitou para dar conselhos à jovem atriz. “Ela me disse para continuar sendo eu mesma”, disse Shailene em entrevista exclusiva ao site de VEJA. “Eles vão achar outro filme para ficarem obcecados e vão achar outra garota por quem ficar obcecados. E você vai ficar bem.”

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Depois de encarnar a heroína em Divergente, a atriz se despiu da força, perdeu uns quilinhos e cortou a longa e característica cabeleira para interpretar Hazel, uma adolescente com câncer em A Culpa É das Estrelas, filme dirigido por Josh Boone, com lançamento previsto para junho no Brasil.

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Se na saga distópica a garota tem a missão de levantar a plateia do cinema e fazê-la torcer pela sobrevivência da personagem, como se fosse a final da Copa do Mundo, em A Culpa É das Estrelas, Shailene promete fazer até o mais durão dos espectadores sair aos prantos da sala escura.

Além das aptidões para atuação, a atriz tem características bem distintas para uma estrela teen. Ela é diretora da ONG educativa All It Takes, é adepta de práticas holística, que inclui tomar sol nas partes intimas e comer argila, estuda plantas medicinais, tem um guarda-roupa enxuto desde que decidiu levar uma vida mais modesta e anda descalça até os tapetes vermelhos, onde é obrigada a calçar o salto-alto.

No resumo da ópera, Shailene é uma raridade em Hollywood. Assim como Jennifer Lawrence, com quem é constantemente comparada, ela parece mesmo não se importar com o que os outros pensam. Na entrevista ao site da VEJA, em Los Angeles, faz questão de cumprimentar com um abraço e fala sobre seus princípios de forma tão aberta e com tanta paixão que só dá para achar genuíno.

Havia muita expectativa em relação a Divergente, por causa do sucesso de Jogos Vorazes e porque outros filmes baseados em livros para jovens adultos não funcionaram tão bem. Você ficou ansiosa com os resultados de bilheteria? O trabalho de um ator termina com o fim da filmagem. Você não tem nenhum controle sobre o resultado ou a bilheteria, então ficar estressado não vale a pena. Mas claro que é bacana ver que outras pessoas reagiram ao material da mesma forma que nós reagimos. É gratificante.

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Kate Winslet te deu algum conselho? Porque ela sabe o que é estar num filme de grande sucesso ainda muito jovem. Sim. Ela me disse para continuar sendo eu mesma e me avisou que as coisas ficariam meio malucas por alguns meses e depois iria passar. Eles vão achar outro filme para ficarem obcecados e vão achar outra garota por quem ficar obcecados. E você vai ficar bem. Tudo passa, não importa.

Mas como se sente quando dizem que você é a próxima Jennifer Lawrence? Jen é um ser humano maravilhoso, então é um elogio para mim. As comparações são inevitáveis, não é preciso ficar irritada nem ofendida.

Sei que muita gente pergunta se Katniss ou Tris venceria uma luta. Elas iam se juntar!

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Acha que há uma tendência de querer colocar uma mulher contra a outra? Cem por cento. Divulgam uma imagem falsa das mulheres. Essa é uma das coisas em que realmente invisto: numa irmandade feminina. Como podemos esperar que os homens respeitem as mulheres se as mulheres não respeitam umas as outras? Essa é uma grande lição para ser aprendida, porque a sociedade tende a nos jogar num comportamento competitivo, invejoso, malicioso contra outras garotas. E isso não está certo.

Muitos romances para adolescentes falam de um futuro muito sombrio. É pessimista em relação ao futuro? Não, acho que as pessoas enxergam o futuro de maneira sombria porque no momento há muitas mudanças a serem feitas. Também acho que é um escapismo, uma forma de não lidar com as coisas, colocá-las de lado e pensar que não tem jeito, que é para lá que estamos indo.

Vê algum desejo de transformação nas pessoas de sua idade? Sim, acho que há muita atividade no mundo inteiro, muita mudança acontecendo em todas as partes. Veja a Ucrânia, a América do Sul. As pessoas não têm mais medo de falar sobre os assuntos.

Então é otimista? Sim, definitivamente. O copo sempre está meio cheio para mim.

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Você também está em A Culpa É das Estrelas, outro filme aguardadíssimo. Como foi a experiência? Definitivamente foi uma das maiores honras da minha vida fazer A Culpa É das Estrelas. Uma coisa que realmente amo em Hazel é que ela diz: “O esquecimento é inevitável. Um dia, ninguém mais vai se lembrar de Cleópatra”. Não importa quem você é e o que fez, se foi Gandhi, Cleópatra ou outra pessoa. Acho incrível ela perceber, tão jovem, que você não precisa ser “alguém”, não precisa viver uma vida grandiosa para fazer a diferença. É uma mensagem profunda de que tudo é passageiro. E você pode limpar os oceanos, salvar os golfinhos, lutar uma guerra, ser preso por protestar na frente de uma embaixada, não importa: se no dia a dia, nos detalhes, não interage com outros seres humanos com compaixão e generosidade, não vai mudar nada.

É importante para você que os filmes em que trabalha falem de coisas com que se identifica ou em que acredita? Na maior parte das vezes, sim. Porque aí a gente pode conversar sobre coisas interessantes e não apenas sobre esta indústria. Ao mesmo tempo já li vários roteiros que não têm mensagens profundas, mas são interessantes sob o ponto de vista artístico.

Fazendo dois filmes tão importantes para adolescentes, sente alguma responsabilidade de ser um modelo para eles? Eu não vivo minha vida para ninguém a não ser eu mesma. Mas tento viver uma vida de integridade, mas também de diversão, de livre arbítrio, de livre expressão. Talvez por isso eu até possa representar alguma coisa para algumas pessoas, mas sinto que minha responsabilidade é ser a minha melhor versão todos os dias.

Você se identifica com o tema da não conformidade e de não conseguir se encaixar de Divergente? Totalmente! Só o título é poderoso. Perguntam-me: o que divergente significa para você? E eu devolvo: o que divergente significa para você? Para mim, significa acordar todas as manhãs sendo dona do meu dia antes que meu dia seja dono de mim. Ser uma expressão completa de mim mesma e sair pelo mundo divergindo da mediocridade e falando de coisas que muita gente acha que não deveriam ser faladas. Ou ser capaz de representar suas próprias cores. Todos somos apaixonados por alguma coisa: animais, natureza, política. O que conta é se você age conforme seu discurso.

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