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‘Era minha vez’, diz José M. Caballero Bonald após ganhar Prêmio Cervantes

Por Da Redação
29 nov 2012, 16h51

O escritor José Manuel Caballero Bonald, que dedicou mais de 64 anos à literatura, ganhou nesta quinta-feira o Prêmio Cervantes 2012, algo enche de ‘orgulho’ o autor espanhol.

‘Era minha vez. Ficou honrado que o júri tenha decidido que minha obra merece ser reconhecida’, disse o escritor à Agência Efe minutos depois de saber que tinha ganho o prêmio mais importante da literatura espanhola, aos 86 anos.

Feliz e tranquilo, o escritor falou sobre o prêmio e sobre sua obra em sua casa em Madrid, que pouco a pouco foi invadida por jornalistas, fotógrafos e câmeras de televisão, e onde os telefones – fixo e móvel – não paravam de tocar.

Pepa Ramis, a mulher do escritor e que durante toda vida tem ‘ajudado muito’, atendia todas as chamadas, agradecia as felicitações e tentava colocar um pouco de ordem nos pedidos de entrevistas.

‘Este ano eu acho que a decisão correspondeu com a idade. Foi a minha vez. Incentivou-me um pouco, porque, como eu estou doente, esse prêmio me estimulou’, disse.

Caballero Bonald afirmou que o Prêmio Cervantes ‘é a meta e a mais ilustre possibilidade de ser reconhecido. O fato de um júri entender sua obra de alguma forma representa muito à literatura de língua espanhola contemporânea, pois realmente desperta um profundo sentimento de gratidão’, comentou.

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O escritor não parava de brincar com a sua idade. ‘Sou o escritor mais velho que existe em qualquer parte’, dizia Caballero Boland.

Caballero Bonald homenageou alguns candidatos deste ano, como Juan Goytisolo, de quem se sente ‘muito próximo ideologicamente’ e esteve ‘sempre muito perto de sua obra’, e Martín de Riquer, ‘mestre dos cervantistas e que, sem dúvidas nenhuma, não há prêmio mais adequado do que este para ele’.

O escritor espanhol é poeta, narrador, ensaísta e memorialista, mas não há nada com a poesia para ele. ‘É o mais importante que fiz no campo literário’, assegurou o escritor, que está especialmente orgulhoso de seus últimos poemas do livro ‘Entreguerras’, que ‘escapa das fronteiras dos gêneros’.

‘Esse livro é poesia, é narrativa, é memória e é ensaio. Tudo isto é mais ou menos orientado com uma linguagem tumultuada, com uma respiração poética profunda, com uns versículos longos, de sustentada intensidade e onde fui situando fragmentos dispersos da minha biografia’, assinalou.

‘Em conjunto, acho que é um livro que vou lembrar e que também vai ser lembrado com certo interesse’, disse Caballero Bonald, que ganhou prêmios como o Nacional das Letras, o Nacional de Poesia, o Andaluzia das Letras, o Rainha Sofía de Poesia Ibero-Americana, o Federico García Lorca e, em três ocasiões, o da Crítica.

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O escritor sempre se considerou um ‘poeta descontínuo e intermitente’, mas, desde que publicou em 2005 ‘Manual de infratores’, agraciado um ano depois com prêmio Nacional de Poesia, parece ter encontrados as energias suficientes para seguir escrevendo.

‘Tiramos forças da fraqueza. Eu acho que já não escreverei mais nenhum livro. Na minha idade, não posso escrever um livro a longo prazo, já não tenho tempo’, afirmava o escritor.

‘A velhice te faz pensar que já passou a idade de fazer poesia, embora eu siga fazendo’, acrescentou o novo Prêmio Cervantes, que já não pode pensar ‘em escrever um romance ou um ensaio longo’.

Mas com a poesia é diferente. ‘Um poema se escreve fugazmente: chega fugazmente e se escreve em um momento. Se corrige devagar, mas o princípio é uma iluminação, uma possibilidade de descobrir algo que ignorava’, comentou o Prêmio Cervantes entre chamadas e chamadas de telefones.

O escritor reconheceu que estranhou ganhar o Cervantes neste ano com um Governo do Partido Popular, porque pensou que ele não era ‘muito do gosto’ deste Executivo, mas agradeceu que o júri tenha levado em conta sua obra. EFE

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