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Cronenberg faz metáfora do isolamento em ‘Cosmópolis’

Por Da Redação
13 ago 2012, 15h26

Universo em desencanto. Talvez esta poderia ser a sinopse de Cosmópolis, novo e aguardado filme de David Cronenberg, que integrou a competição oficial do Festival de Cinema de Cannes em maio e que chega aos cinemas nacionais em 7 de setembro. Adaptação do romance homônimo de Don DeLillo, o longa chega em hora oportuna. Não só por tratar com frescor o tema da crise financeira e de valores por que passa atualmente o mundo, mas também por detectar, ainda que de forma metafórica, a forma como celebridades vivem cada vez mais desconectadas do chamado mundo real. “É este um dos grandes dramas de Parker. Tudo que ele domina, domina em seu universo, no caso, a sua limusine. Quando está fora dela, da sua zona de conforto, é desconectado e frágil. E não seria esta uma realidade dos nossos astros de cinema, dos jovens milionários do sistema financeiro, tecnológico?”, questionou o diretor em entrevista à reportagem, em Cannes.

Parker, no caso, é Eric Parker, um jovem magnata às voltas com uma Nova York à beira do colapso. Interpretado com competência pelo “vampiro” Robert Pattinson, é um jovem magnata que, após cismar que tem que cortar o cabelo, atravessa toda a cidade em sua limusine, enfrentando toda sorte de eventos, apenas para chegar no bairro em que cresceu, onde ainda mora e trabalha o barbeiro que o atendia na infância. “Parker é um jovem que não se comunica com o mundo, que usa seu dinheiro para construir microcosmos em que se sente seguro (a limusine) e para quem dar uma volta a pé na rua é perigoso. Aparentemente, ele só quer cortar o cabelo, mas ele está tão fechado em seu pequeno mundo que o filme é uma metáfora para esta volta à inocência. O longa tenta detectar algo que nos está fugindo e para o qual tenhamos de voltar”, comentou o diretor canadense.

Quando fez tal comentário, acrescentou também que não via nenhuma semelhança entre o personagem e o ator que lhe dava vida, ainda que, como Parker, Pattinson fosse obrigado a viver em espaços fechados e ter pouco acesso à “liberdade de circular”. “Há semelhanças nas vidas deles porque ambos vivem tipos de isolamentos. Mas Pattinson o faz porque tem de lidar com o peso de ser uma celebridade. Parker não é famoso. É um cara que força todos a virem para o seu mundo. Criou a limusine para ser seu barco, viver ali completamente isolado. Gosto da estrutura de que ele força todo mundo a fazer tudo para ele. É estranho e silencioso.”

Se a mesma pergunta tivesse sido feita há pouco, quando Pattinson, após um período em que foi obrigado a se fechar e silenciar para se proteger dos comentários em razão da traição de sua ex-namorada Kristen Stewart, vai “se abrir” pela primeira vez diante das câmeras do “The Daily Show” (de Jon Stewart) para justamente promover “Cosmópolis”, talvez Cronenberg tivesse outra resposta, mas, em Cannes, apenas completou: “Vivemos uma época em que a juventude enfrenta um colapso de valores. É preciso mudar.”

Ouvir o diretor que é conhecido como niilista e mestre do terror físico, de obras perturbadoras como “Crash” e “A Mosca”, falar em ventos de mudança é, no mínimo, surpreendente. Mas é justamente nesta capacidade de mudar as velas de acordo com o vento que reside sua genialidade.

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COSMÓPOLIS

Direção: David Cronenberg. Gênero: Drama (França-Itália-Canadá-Portugal/ 2012). Estreia prevista para 7 de setembro.

(Com Agência Estado)

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