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Cannes: Sofia Coppola faz novo estudo de juventude e fama

Em 'The Bling Ring', diretora volta a falar de temas sempre presentes em sua obra, como adolescência, celebridade e vazio existencial

Por Mariane Morisawa, de Cannes
Atualizado em 10 dez 2018, 10h02 - Publicado em 16 Maio 2013, 13h06

O 66º Festival de Cannes começou jovem: tanto The Bling Ring, de Sofia Coppola, que abre oficialmente a mostra paralela da seleção oficial Um Certo Olhar na noite desta quinta-feira (16) e foi exibido para jornalistas pela manhã, quanto os dois primeiros filmes da competição – Heli, de Amat Escalante, e Jeune & Jolie, de François Ozon -, trazem personagens adolescentes no centro de suas tramas.

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Sofia Coppola volta a falar de temas sempre presentes em sua obra, como adolescência, celebridade, vazio existencial, perda de referências éticas e morais. Desta vez, inspirou-se no caso real de um bando de garotos de classe média alta de Los Angeles – interpretados por Emma Watson, Israel Broussard, Katie Chang, Taissa Farmiga e Claire Julien – que entraram nas mansões de algumas celebridades, como Paris Hilton, Orlando Bloom e Rachel Bilson, para furtar roupas, bolsas, sapatos e joias. Por quê? Provavelmente para ficar famosos (pelo menos no Facebook) ou pelo menos “sentirem-se” famosos. “Eles moram muito perto desse mundo que acham tão glamoroso e querem fazer parte dele”, disse Sofia Coppola numa entrevista coletiva à tarde. Para Emma Watson, é quase como se não fosse a realidade. “Eles queriam fingir por duas horas que eram Paris Hilton. Nem achavam que era um roubo.”

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Da esquerda para a direita:  a diretora Sofia Coppola entre os atores Israel Broussard e Claire Julien em Cannes

Da esquerda para a direita: a diretora Sofia Coppola entre os atores Israel Broussard e Claire Julien em Cannes (VEJA)

Elementos – A história é inacreditável, mas bastante representativa da sociedade atual, com seus apelos de consumo e de fama. “Eu sei que sou bonito, mas não sou tão bonito quanto outros”, diz Mark (Israel Broussard) para a psicóloga. E isso poderia ser estendido a outras coisas, como “Eu tenho, mas não tanto quanto outros”. Ainda que pareça repetitivo na sua estrutura que segue as diversas invasões, ela acrescenta aos poucos novos elementos, reforçando a ideia de que aquelas meninas e meninos são produto de uma sociedade em que Paris Hilton é famosa, em que os modelos são as celebridades como Angelina Jolie, em que mães seguem livros do tipo O Segredo para educar os filhos, em que os jovens repetem as frases feitas ditas por atores e atrizes. O estilo visual é menos elaborado desta vez. “Tento fazer o filme no estilo do mundo que estamos retratando, uma colagem, com uma coisa meio de déficit de atenção”, explicou a diretora, que rodou pela primeira vez em digital.

E os fãs de Harry Potter vão gostar de ver Emma Watson num papel bem menos certinho do que Hermione. “Harry Potter parece tão distante para mim. Não estou tentando fugir disso, tenho orgulho. Mas estou gostando de poder fazer coisas bem diferentes”, disse a atriz. Sofia disse que mudou os nomes dos personagens porque não queria deixar os ladrões ainda mais famosos e que não se preocupa nem um pouco com a opinião deles sobre o filme.

https://www.youtube.com/watch?v=mDEYFbnJgpk

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Competição oficial – O mexicano Heli, de Amat Escalante, exibido para a imprensa na noite da quarta-feira (15), abriu a disputa pela Palma de Ouro do 66º Festival de Cannes com uma história dura sobre a realidade mexicana, contada de forma seca. O filme já começa com uma cabeça ensanguentada sob um coturno, na carroceria de uma caminhonete. Pouco depois, um homem é pendurado pelo pescoço num viaduto, uma imagem comum hoje no cenário de guerra entre cartéis e forças estatais no país latino-americano.

Heli (Armando Espitia) é um jovem rapaz que mora com a mulher, o bebê, o pai e a irmã, Estela, de 12 anos, numa casa pobre num vilarejo. O casal enfrenta problemas. A menina, por sua vez, sonha em fugir dali com o namorado, recruta da polícia (corrupta e bruta) que combate o tráfico de drogas. A família é afetada pela realidade violenta de maneira brusca e absurda. É chocante, mas, ainda que verdadeiro, o cineasta poderia ter maneirado um pouco nas cenas explícitas de tortura.

O francês François Ozon também foi buscar na adolescência sua matéria-prima. Só que ele não fala da realidade específica de um país, mas do crescimento e de um certo vazio existencial de Isabelle (Marine Vatch) em Jeune & Jolie (“Jovem e bonita”, na tradução literal). Depois de ter sua primeira experiência sexual, ao completar 17 anos, em férias na praia, ela torna-se prostituta. O diretor evita o melodrama barato e a condenação da garota, o que já é uma grande coisa.

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