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Cannes: ‘O Grande Gatsby’ se perde no meio da purpurina

Novo filme do diretor Baz Luhrmann ('Moulin Rouge'), com Leonardo DiCaprio no elenco, abre o 66º Festival de Cannes na noite desta quarta-feira

Por Mariane Morisawa, de Cannes
15 Maio 2013, 11h57

Com O Grande Gatsby, o 66º Festival de Cannes começa com uma boa dose de champanhe e glitter. O filme de Baz Luhrmann (Moulin Rouge), que abre oficialmente o evento na noite desta quarta-feira, fora de competição, teve uma recepção fria tanto na exibição para jornalistas, pela manhã, quanto na coletiva de imprensa que se seguiu à sessão. Uma das razões, claro, é o fato de o longa-metragem já ter estreado nos Estados Unidos – normalmente, o filme de abertura de Cannes é inédito. Mas também não ajuda a superficialidade, especialmente na primeira parte da produção baseada no romance clássico de F. Scott Fitzgerald, cheia de festas luxuosas e aparentemente bem divertidas oferecidas pelo misterioso protagonista, Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio), além de muito merchandising de uma certa marca de champanhe.

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Os cortes vertiginosos de uma cena para outra deixam o espectador sem tempo para absorver os quadros cheio de gente, os vestidos brilhantes, as alegorias e os adereços da bela reconstituição dos vibrantes anos 1920. O 3D só adiciona mais um apetrecho na produção já bastante barroca e visualmente cansativa. Ainda assim, Carey Mulligan consegue se destacar como a socialite Daisy Buchanan, objeto do amor de Jay, que enriqueceu só para reconquistar a ex-namorada, hoje casada com o milionário e bruto Tom Buchanan (Joel Edgerton). Tobey Maguire, por sua vez, não convence como o narrador e amigo encantado com Gatsby, Nick Carraway.

Na segunda metade, O Grande Gatsby ganha força por desfocar do estilo de vida extravagante e do romantismo para mergulhar num estudo mais aprofundado do personagem, com algumas cenas poderosas que deixam espaço, finalmente, para Leonardo DiCaprio demonstrar seu talento. Jay é um homem obcecado pelo futuro representado por Daisy, mas preso ao passado com ela. “Tinha lido quando era adolescente, mas não entendi o poder existencial do livro. Depois, ganhei uma primeira edição e descobri um novo significado”, disse Leonardo DiCaprio na coletiva. “Fiquei fascinado pela tragédia desse novo americano num novo mundo onde tudo era possível, num tempo de grande opulência. Ele perde noção de quem é. A gente poderia falar sobre esse personagem por anos e anos.”

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Segundo o diretor Baz Luhrmann, o ator, com quem tinha trabalhado 17 anos atrás, em Romeu + Julieta, queria muito fazer jus ao romance, um dos mais festejados da literatura americana. “Ele me enlouquecia porque ficava me perguntando: ‘Estamos honrando o livro?'”, contou. É pena que o cineasta tenha enterrado em tanta firula essa história fascinante de sonhos, cobiça, riqueza, diferenças sociais. Luhrmann declarou que não se preocupa com as críticas. “O próprio Fitzgerald foi chamado de palhaço. Só me preocupo se as pessoas vão se divertir.” Quanto a isso, ele pode ficar sossegado, porque, nos quatro primeiros dias desde a estreia nos Estados Unidos, O Grande Gatsby rendeu 54,5 milhões de dólares, mesmo concorrendo com outros filmes de super-heróis do verão americano.

Júri – O Grande Gatsby não participa da competição, mas o júri presidido por Steven Spielberg terá o duro trabalho de escolher a Palma de Ouro entre os vinte competidores. “Não tenho problemas com isso. Sempre estamos julgando os filmes, de maneira privada, ser do júri não é tão diferente de ver um filme e formar uma opinião. Fora que todo o mundo nos julga, então é nossa vez”, disse Spielberg na coletiva do início da tarde da quarta-feira. Para ele, são duas semanas de celebração do cinema, não de colocar um filme contra o outro. Ang Lee, por sua vez, contou que fica incomodado com a tarefa. “Mas às vezes é importante fazer parte da comunidade.”

Para a atriz Nicole Kidman, é a chance de retribuir ao festival. “Cannes sempre foi muito bom para mim.” O diretor romeno Cristian Mungiu, Palma de Ouro em 2007 com 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, afirmou que procura algumas características bem específicas nos filmes que vai julgar: “Procuro honestidade e coragem do cineasta em tentar expandir os limites da arte”. Completam o júri o cineasta e ator francês Daniel Auteuil, a diretora japonesa Naomi Kawase, a atriz indiana Vidya Balan, o ator austríaco Christoph Waltz e a cineasta escocesa Lynne Ramsay.

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