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Aflitivo e angustiante, ‘Os Suspeitos’ traz à tona o problema do desaparecimento de crianças

Com Hugh Jackman e Jake Gyllenhaal, o filme retrata intimamente a vida de duas famílias americanas afetadas por um caso trágico

Por Rafael Costa
18 out 2013, 14h30

Um filme baseado em um fato triste, porém corriqueiro e que qualquer família está sujeita a vivenciar. Dirigido pelo canadense Denis Villeneuve, Os Suspeitos, que estreia nesta sexta-feira no Brasil, aborda o tema do desaparecimento de crianças de uma maneira dramática, intensa e tão próxima da realidade que é capaz de abrir os olhos do espectador a respeito do problema, sem no entanto se tornar panfletário. O filme narra o drama familiar vivido pelos casais Keller (Hugh Jackman) e Grace Dover (Maria Bello) e Franklin (Terrence Howard) e Nancy Birch (Viola Davis), que sofrem com o desaparecimento de suas filhas Anna (Erin Gerasimovich) e Joy (Kyla Drew Simmons) durante a ceia do Dia de Ação de Graças. Franklin e Keller contam com a ajuda da polícia local, comandada pelo detetive Loki (Jake Gyllenhaal), para ir em busca das crianças.

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O título em português não é dos mais atraentes e não representa com precisão a mensagem do filme. O título original, Prisoners, ou “prisioneiros”, é mais significativo, uma vez que todos os envolvidos na trama acabam se encontrando em uma prisão em determinado momento da história, seja de maneira concreta, no caso das garotas feitas como reféns de bandidos, como de forma abstrata, pela sensação que experimentam os pais de viver atados à angústia de reencontrar as filhas. Essa prisão simbólica fica evidente na imagem de um labirinto, presente em alguns momentos-chave da trama na forma de um amuleto e em desenhos feitos por um dos suspeitos.

Com uma narrativa envolvente e um roteiro bem desenvolvido, Os Suspeitos consegue, sem se apoiar em apelos emocionais e clichês, prender o espectador dentro da história, praticamente o inserindo na investigação. A tensão começa já aos 10 minutos do filme, quando Anna e Joy desaparecem misteriosamente depois de sair para brincar nas proximidades da casa onde estão suas famílias. A partir daí, a tensão toma conta até o final. A procura incessante pelo sequestrador, a contagem regressiva para encontrar as garotas e o desespero dos pais multiplicam ainda mais o tom aflitivo e angustiante do enredo, que ganha uma tonalidade ainda mais pesada com o constante clima nublado e cinza da pequena cidade da Pensilvânia, Estados Unidos, marcada por chuva e neve a todo momento, que serve de cenário ao longa.

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A boa atuação do elenco é outro ponto alto. A transformação psicológica dos pais após o ocorrido, retratada na expressão e ação de cada um, é interpretada de maneira convincente pelos atores, principalmente Hugh Jackman, que, visivelmente abalado e perturbado, encarna um espírito vingativo e, paralelamente à investigação da polícia, decide fazer justiça com as próprias mãos, iniciando sua própria busca pelo suspeito. Ele faz o papel de pai protetor e cuidadoso, que carrega consigo o lema “pray for the best, but prepare for the worst”, ou “reze pelo melhor, mas se prepare para o pior” – sua filha, inclusive, é obrigada a sempre sair de casa com um apito no caso de alguma emergência, ironicamente, como a retratada no filme.

Seu personagem é o principal transmissor da abordagem pessimista do diretor a respeito do tema, na intenção de afirmar que, apesar de uma maior prevenção e cautela para evitar tragédias, todos estão sujeitos ao pior. Mas, além disso, também propõe ao espectador, principalmente àqueles que são pais, a seguinte pergunta: “até onde você iria para tentar salvar a vida de seu filho?”. O questionamento fica evidente nas cenas de violência explícita protagonizadas por Keller (Hugh Jackman) na tentativa de persuadir o personagem de Paul Dano, um dos suspeitos pelo crime. Dano, que interpreta um rapaz de cerca de 25 e 30 anos, mas com mentalidade de uma criança de 10, e Dylan Minnette, outro suspeito, aliás, encarnaram perfeitamente o papel de psicopatas, e conseguem manter o espectador em dúvida quanto ao verdadeiro criminoso até a conclusão do filme.

A intenção de Villeneuve em Os Suspeitos não é mostrar uma solução para o problema do desaparecimento de crianças, mas sim abrir os olhos para um caso tão comum e recorrente na sociedade, retratando intimamente o drama vivido pelos pais que passam por tal situação.

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