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A arte de levantar bandeiras desnecessárias

Rita Lee e Laerte vão à luta, e boa parte do público se pergunta: 'Pelo que lutam, mesmo?'

Por Da Redação
1 fev 2012, 16h53

Era para ser uma apresentação histórica, com solos memoráveis e a esperada confraternização entre público e artista. Afinal, estava anunciado, seria o último show da ex-mutante Rita Lee. Acabou na delegacia, depois de a cantora lançar impropérios sobre policiais que faziam a segurança junto ao palco, em Aracaju, Sergipe. Também teve um final diferente do esperado a última noite do cartunista Laerte em uma pizzaria que ele costumava frequentar na zona oeste de São Paulo. O que deveria ser um jantar tranquilo se tornou tanto uma questão de poder público, depois de o desenhista acionar a Secretaria de Justiça do estado para ter o direito de usar o banheiro feminino – sim, feminino – do endereço.

Laerte e Rita Lee fazem parte do grupo considerado nobre da cultura brasileira – são artistas que há décadas se mantêm em destaque em suas áreas de trabalho. Igualmente nobres são os motivos alegados por eles para agir. Ela afirmou ter falado em nome dos fãs, que, disse, viu serem agredidos por policiais. Laerte milita pela não-discriminação e a livre circulação de transgêneros como ele, que há dois anos se veste publicamente com roupas femininas. Mas, como em tantas outras causas encampadas por artistas e celebridades (basta lembrar do vídeo recente de atores da Globo reclamando com argumentos furados da construção da usina de Belo Monte), o pretexto e o modo de conduzir o pleito foram dos mais infelizes, nos dois casos.

Rita Lee primeiro recomendou à força policial que trabalhava em seu show que fumasse “um baseadinho”. Sugerir uma prática criminosa a policiais já seria um desacato, mas, como se não quisesse deixar dúvidas, a cantora em seguida os chamou de “cachorros” e de “cafajestes”. “Cadê o responsável? Eu quero falar, eu tenho direito, esse show é meu, não é de vocês. Esse show é a minha despedida do palco”, disse a cantora, que parou a apresentação para se dirigir à polícia e pareceu ignorar que o evento, ainda que fosse encabeçado por ela, corria em lugar público e portanto demandava policiamento. “Seus cachorros – coitados dos cachorros. Cafajestes! As pessoas estão me esperando cantar, não é a gracinha de vocês”, prosseguiu ela, insultando e provocando.

Quanto a Laerte, o combate ao preconceito sexual é correto e necessário. Já a celeuma em torno do uso de um banheiro, espaço que embora público é obviamente íntimo, por pessoas do sexo oposto, é descabido. Nem seus colegas perdoaram: charges pipocam na internet apontando o absurdo da demanda. E indicando, pela via do exemplo, o caminho que o artista deveria trilhar: o da sua arte, muito mais rica que a disputa por um vaso sanitário. Bom momento para soar a descarga.

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