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Vana Lopes, a mulher que foi vítima e algoz de Roger Abdelmassih

O impressionante relato da mulher que ajudou a capturar o médico que estuprava suas pacientes

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 8 Maio 2015, 22h51

Na tarde de 20 de agosto de 2014, o ex-médico Roger Abdelmassih se assustou com a recepção que o aguardava no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Ele fora capturado pela Polícia Federal na véspera, depois de três anos foragido, no Paraguai. Conduzido algemado por policiais, ouviu uma multidão chamá-lo de “mons­tro estuprador”. A cada grito, a cada xingamento, arregalava os olhos. O outrora “médico das estrelas”, o “doutor vida”, era apresentado ao seu novo status social. Diante de repórteres e câmeras de televisão, o criminoso ficou cara a cara com uma de suas vítimas: “Bem-­vindo ao inferno! Fui eu, Vana Lopes, quem te procurou estes anos todos! Você não sai mais daqui!”. Terminava ali, nesse acerto de contas pessoal, uma busca incansável por justiça que começara duas décadas antes. Uma história impressionante em que a vítima, depois de superar um trauma violento e uma tentativa de suicídio, descobriu o paradeiro de seu carrasco e o entregou às autoridades. A estilista Vanuzia Lopes tinha 33 anos quando decidiu recorrer aos serviços prestados pela renomada clínica de Abdelmassih. Na época, Vana, como é conhecida, administrava duas empresas, viajava o mundo atrás de novas tendências da moda e morava com o marido numa cobertura confortável. Bem-sucedida nas searas profissional e pessoal, ela decidira que era chegada a hora de ter um filho biológico. O marido concordou, e o casal bateu à porta do especialista que atendia famosos e era considerado uma referência nacional em reprodução assistida. Na clínica, o sonho da gravidez se transformou em pesadelo. Vana foi estuprada e, a partir desse crime, sua vida desmoronou. “Eu acordei e ele estava em cima de mim.” Violentada enquanto estava sob o efeito de sedativos, ela contraiu uma bactéria que lhe causou uma grave infecção, provocou a perda de vários órgãos e acabou de vez com as chances de ela ser mãe. Entrou em depressão e tentou se matar. Salva por amigos, decidiu reagir e se vingar do médico. Foi quando se lançou numa caçada sem trégua para encontrar Abdelmassih e levá-lo às barras da Justiça.

Essa saga quixotesca – e de superação – está contada em Bem-vindo ao Inferno – A História de Vana Lopes. A Vítima que Caçou o Médico Estuprador Roger Abdelmassih (Matrix Editora; 424 páginas; 49,90 reais; e-book, 34,90 reais), que será lançado nesta semana. O livro tem prefácio assinado pelo juiz federal Sergio Moro, que comanda as investigações da Operação Lava-Jato, e pela mulher dele, Rosangela. Responsável por desbaratar a quadrilha que roubou pelo menos 6 bilhões de reais da Petrobras, Moro se admirou com a capacidade investigativa da estilista: “Fazer justiça com as próprias mãos é a clássica metáfora de irresignação à lei. Vana é a mãe espiritual de uma nova prática. Trata-se, agora, de fazer justiça com o próprio mouse, em que a cidadania conectada é a maior arma da Justiça vigente: as redes sociais responsivas e responsáveis”. Reconstituída pelos jornalistas Cláudio Tognolli e Malu Magalhães a partir de documentos e mais de 300 horas de gravações, a ofensiva deflagrada por Vana para punir Abdelmassih é um daqueles casos clássicos em que uma vitória pessoal se reverte num benefício para a sociedade. Vana não apenas superou um trauma. Ela vingou outras mulheres que tiveram o sonho da maternidade manchado por um “monstro estuprador” considerado insuspeito durante décadas. Não foi uma jornada fácil.

Abdelmassih ao ser preso: o médico das estrelas se escondeu no Paraguai antes de ser capturado
Abdelmassih ao ser preso: o médico das estrelas se escondeu no Paraguai antes de ser capturado (VEJA)

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