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Vale tenta se descolar da Samarco: ‘Empresas concorrentes’

Em coletiva, presidente da multinacional brasileira fez questão de afirmar que 'nunca participou de uma reunião no prédio deles' e disse que Vale fará fundo voluntário para tentar salvar o Rio Doce

Por Eduardo Gonçalves Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 nov 2015, 13h54

A Vale, maior mineradora do Brasil e dona de 50% da Samarco, afirmou nesta sexta-feira que não tem nenhuma responsabilidade pela tragédia de Mariana e anunciou a criação de um fundo “voluntário” para recuperar o Rio Doce, devastado por toneladas de rejeitos de minério. Representantes da mineradora repetiram diversas vezes a palavra “voluntário”, como forma de deixar claro que não se trata de nenhuma imposição das autoridades ou da Justiça. O presidente da Vale, Murilo Ferreira, também fez hoje o discurso mais enfático em relação ao distanciamento entre a Vale e a Samarco.

Ferreira ressaltou que as duas companhias são “concorrentes” no mercado de pelotas – a Vale produz 50 milhões de toneladas do material usado para fabricação de aço, enquanto a Samarco, 30 milhões -, e que, antes do incidente, nunca havia visitado o escritório, participado de uma reunião ou sequer enviado um e-mail para algum representante da empresa. “Quando a gente diz que não tem interferência direta na Samarco, é porque não podemos, ou poderíamos ser autuados por multas [antitruste]. Eu nunca tive uma reunião, nunca passei um e-mail ou uma carta”, disse o presidente da Vale.

O executivo, contudo, reconheceu que o desastre colocou as duas empresas em uma “situação nova”, a que ele se referiu como “buraco de governança”. “Eu tenho certeza que nós estamos totalmente comprometidos em ajudar naquilo que for possível. Uma situação tão inesperada como essa fez com que nós nos debruçássemos sobre uma situação nova”. A anglo-australiana BHP Billiton é dona da outra metade da Samarco. Reuniões e conferências passaram a ser rotineiras entre os representantes das três companhias após o desastre.

Ferreira ainda ressaltou quanto o Rio Doce é importante para a gigante brasileira, lembrando que em Minas Gerais a empresa ainda é chamada pelo nome antigo, Vale do Rio Doce. Apesar de não informar o valor que pretende depositar no fundo, Ferreira garantiu que vai disponibilizar os “recursos necessários” para recuperar o rio e que tanto empresas privadas como órgãos do governo foram convidados a engordar a conta. A diretora de Sustentabilidade da Vale, Vania Somavilla, explicou que o objetivo é levantar dinheiro para despoluir o Rio Doce, assim como já foi feito em rios estrangeiros, tratando das matas ciliares, da fauna e flora da região e do escoamento de esgoto na bacia.

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Perguntado diretamente sobre se a Vale não avalia ter nenhuma responsabilidade pelo incidente, o diretor de Integridade Corporativa da Vale, Clovis Torres, afirmou que, pela legislação, a gigante só pode assumir as punições que venham a ser aplicadas na Samarco se esta não tiver capacidade de cumprir os seus compromissos. Ele, no entanto, reiterou que a Samarco “não é uma empresazinha” e que tem plenas condições de pagar por eventuais processos.

Os dirigentes da multinacional brasileira também foram questionados pelo fato de a barragem de Fundão – a que se rompeu – ter recebido nos últimos anos rejeitos de uma mina da Vale. O diretor de ferrosos e estratégia da Vale, Peter Poppinga, que também faz parte do conselho de administração da Samarco, confirmou que 5% do volume dos resíduos retidos em Fundão vinham de um complexo da mineradora, mas que a responsabilidade pela gestão dos rejeitos era toda da Samarco, conforme previa contratos assinados entre as duas empresas.

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