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Um batalhão transformado em QG do crime

Tenente-coronel acusado de mandar matar Patrícia Acioli e seus subordinados no 7º BPM trabalhavam com "metas" para corrupção e arrecadação de "espólio"

Por João Marcello Erthal e Cecília Ritto
10 out 2011, 16h31

A passagem rápida do tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira e do tenente Daniel Santos Benitez Lopez pelo 7º BPM (São Gonçalo) é uma aula de corrupção e bandisitmo. A atuação de Oliveira como comandante da unidade, e de Benitez como homem à frente do Grupo de Ações Táticas (GAT) estava a serviço de objetivos privados do grupo, mais que de qualquer interesse da sociedade. Para isso, foi montada, em 11 meses, uma verdadeira estrutura empresarial, com “metas” para arrecadação de “espólio” de traficantes e divisões organizadas dos valores da corrupção.

O relatório final da Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil fluminense, que consta no inquérito e serviu para embasar a denúncia contra os 11 acusados da morte da juíza, detalha as ordens de Benitez aos policiais para manter em cerca de 12 mil reais os valores arrecadados toda semana, para divisão entre os participantes do grupo. Um dos cabos acusados de executar a juíza Patrícia Acioli explicou, em depoimento na DH, como foi montado um “balcão de negócios” no 7º BPM. As ações incluíam propina fixa, extorsões para liberar criminosos capturados, recolhimento de armas, drogas e dinheiro das quadrilhas e execuções.

Segundo o cabo, os policiais do GAT eram obrigados a apresentar pelo menos “uma ocorrência por serviço”. Caso não fossem apresentados materiais apreendidos com traficantes os policiais recebiam um castigo: eram obrigados a prestar “algum serviço” em sua segunda folga. A maior parte das ações do GAT era realizada nas favelas do Salgueiro e da Coruja – as “mais fortes”, ou mais rentáveis para o recolhimento do “espólio”.

Os depoimentos obtidos pela Polícia Civil mostram que geralmente a divisão do produto dos crimes era feita em nove partes. Mas eventualmente era preciso refazer a divisão, para incluir o comandante Oliveira. Isso ocorria, por exemplo, quando os policiais conseguiam negociar “alguma cabeça” – criminoso capturado -, e, com o valor mais alto, era incluído no rateio o tenente-coronel.

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O relatório da Polícia Civil destaca o episódio que fez nascer a animosidade que marca a relação do tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira com a juíza Patrícia Acioli. O documento afirma que a discussão ocorrida no estádio do Maracanã em 1989 teria sido o principal estopim para o oficial planejar o assassinato.

O promotor Rubem José Bastos Vianna, titular da 7ª Promotoria de Justiça, minimizou, na tarde desta segunda-feira, a importância desse episódio na motivação dos policiais. “Provavelmente, isso serviu para estimular (a rivalidade). Mas o Ministério Público não vê a ligação desse episódio como o motivo para a prática do crime”, disse. Para o MP, o assassinato de Patrícia foi uma reação à atuação dura da magistrada contra os crimes cometidos por policiais militares. “A magistrada passou a respaldar a ação do Ministério Público e esse pessoal não se conformava”, concluiu.

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