Temer x Renan: ‘Não uso cargo para atacar’, rebate vice-presidente
Presidente do Senado fez crítica direta ao vice-presidente nesta quinta – e afirmou que PMDB não pode ser coordenador de RH do Planalto
Horas depois do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) classificar como ‘ridícula’ a decisão da presidente Dilma Rousseff de não falar à nação em rede nacional de rádio e televisão no 1º de Maio, o vice-presidente Michel Temer, presidente nacional do PMDB e responsável pela articulação política do governo, emitiu nota em que responde duramente ao colega de sigla. O vice ressaltou que o país “precisa, neste momento histórico, de políticos à altura dos desafios que hão de ser enfrentados”.
Temer também afirmou que não usará o cargo “para agredir autoridades de outros Poderes”. Referindo-se diretamente ao vice-presidente, Renan afirmou que o PMDB não pode ser coordenador de Recursos Humanos do governo Dilma. Desde o início deste mês, o vice-presidente acumula o cargo de articulador do Palácio do Planalto tendo como uma das missões negociar os cargos do segundo e terceiro escalões. Renan disse que o partido tem o papel de dar fundamento programático à coalização de governo. E disparou: “O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que tem de pior, que é o aparelhamento do Estado. O PMDB não pode transformar sua participação no governo em uma articulação de RH para distribuir cargos e boquinhas. Isso tudo faz parte de um passado do Brasil que nós temos de deixar para trás”.
Apesar do discurso, Renan tem atuado nos bastidores para manter sua influência no segundo escalão do governo. Um dos principais embates entre o PT e o senador está na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), autarquia reguladora vinculada ao Ministério da Saúde. O ministro da Saúde, Arthur Chioro (PT), tenta emplacar no posto Jarbas Barbosa, secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério. Mas Renan quer indicar Fernando Mendes, atual diretor adjunto de Coordenação e Articulação do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
“Não usarei meu cargo para agredir autoridades de outros Poderes. Respeito institucional é a essência da atividade política, assim como a ética, a moral e a lisura. Não estimularei um debate que só pode desarmonizar as instituições e os setores sociais”, rebate Temer em nota. Ele ressalta ainda que o país precisa de políticos à altura para enfrentar os problemas postos na área econômica. “Trabalho hoje com o objetivo de construir a estabilidade política e a harmonia ensejadoras da retomada do crescimento econômico em benefício do povo brasileiro. Se outros querem sair desta trilha, aviso que dela não sairei”, conclui o vice-presidente.
(Com Estadão Conteúdo)