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“Sou o Celso”, insistiu Pizzolato ao ser preso

Polícia italiana montou tocaia na casa do sobrinho do mensaleiro até ter certeza do paradeiro do foragido; presídio onde Pizzolato está é superlotado

Por Da Redação
6 fev 2014, 08h24

Os investigadores italianos só tiveram certeza do paradeiro de Henrique Pizzolato na noite da última terça-feira, um dia antes da abordagem que resultou na prisão do ex-diretor do Banco do Brasil, condenado a doze anos e sete meses de prisão no julgamento do mensalão. Ao ser abordado pelos oficiais na manhã de quarta-feira, o mensaleiro tentou manter o disfarce – e insistiu que era Celso Pizzolato, seu irmão, morto em 1978 em um acidente de carro. “Eu sou o Celso, eu sou o Celso”, repetia o criminoso, que passou os últimos dias escondido na casa de um sobrinho, em Modena, no norte da Itália. Em 2007, ano em que o STF aceitou a denúncia contra os envolvidos no esquema do mensalão, Pizzolato falsificou carteira de identidade, CPF, título de eleitor e dois passaportes – um brasileiro e outro italiano. Os documentos foram forjados em nome de Celso, morto aos 24 anos em Foz do Iguaçu (PR). O passaporte italiano falso permitiu a fuga do criminoso de Buenos Aires, na Argentina, para Barcelona, na Espanha.

A abordagem foi feita na manhã desta quarta, por volta das 10h30, quando a polícia italiana esperou o sobrinho de Pizzolato, Fernando Grando, funcionário da Ferrari, sair para trabalhar. A porta ficou aberta e os policiais perceberam que havia mais alguém no local. Então, bastou esperar o mensaleiro sair. A polícia informa que atraiu o procurado para fora da casa, mas não explica de que maneira. Os detalhes da abordagem não foram revelados pelos carabinieri, a polícia italiana.

Pizzolato chegou a mostrar três documentos com o nome do irmão, incluindo o passaporte com o qual entrou na Europa cerca de três meses antes. Ao notar que os policiais sabiam da farsa, ele confessou a verdadeira identidade. No momento da prisão, Pizzolato estava acompanhado da mulher, Andrea, e não ofereceu resistência. Andrea e o sobrinho de Pizzolato não devem ser indiciados pela polícia.

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Rota de fuga – O esconderijo do ex-diretor do BB foi descoberto a partir de pistas deixadas pelo fugitivo desde que passou pelo aeroporto de Ezeiza, em Buenos Aires, quando estava a caminho da Europa. Em Ezeiza, Pizzolato teria usado o passaporte do irmão, já com a foto adulterada.

A polícia argentina, então, comunicou ao Brasil a saída de um cidadão chamado Celso Pizzolato. Os policiais brasileiros descobriram que Celso era um irmão de Henrique e identificaram um túmulo com esse nome no cemitério de Concórdia, em Santa Catarina. Outra ajuda aos investigadores foi o fato de a polícia argentina exigir dos passageiros de voos internacionais o registro das digitais, além da fotografia. Daí foi possível ter certeza de que se tratava do mensaleiro foragido.

A polícia descobriu, ainda, que Pizzolato havia falsificado o documento do irmão em 2007. Naquele ano ele fez um passaporte brasileiro falso em nome de Celso e, em 2010, emitiu um passaporte italiano da mesma forma.

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A polícia brasileira não sabe como Pizzolato chegou à Argentina, se viajou de carro ou em avião particular. Mas rastreou seus passos até lá. Ele saiu do Brasil pelo município de Dionísio Cerqueira, em Santa Catarina, no dia 11 de setembro do ano passado, entrou na Argentina pela cidade de Bernardo de Irigoyen, de lá para Buenos Aires, onde embarcou para Barcelona no dia seguinte, às 19h08.

Segundo a Polícia Federal, a mulher de Pizzolato comprou a passagem para a cidade espanhola. No mesmo dia, o casal foi para Maranello, na Itália. A PF não informou de que forma viajaram.

Outro erro de Pizzolato que ajudou a PF a capturá-lo foi o emplacamento de um carro em nome da mulher dele, um Fiat Punto, na cidade de Málaga, na Espanha. A polícia espanhola comunicou o Brasil e a Itália sobre o veículo. Durante as investigações, a polícia italiana descobriu o carro estacionado em frente a casa onde Pizzolato estava escondido. A polícia brasileira procurou ajuda na Espanha ao descobrir que, em 2010, ele conseguiu o registro de morador permanente naquele país.

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A polícia italiana informou que a prisão foi feita devido ao pedido de extradição do Brasil e não pelo uso de documentos falsos. A partir de agora, como Pizzolato é cidadão italiano, a Justiça daquele país é quem decidirá o que irá ocorrer.

Esposa e sobrinho – A Polícia Federal abriu inquérito nesta quarta-feira para investigar a suposta participação da mulher e do sobrinho de Pizzolato na fuga do ex-diretor do Banco do Brasil para a cidade de Maranello, na Itália. Pizzolato também irá responder no Brasil pelo crime de falsificação de documentos, que pode aumentar sua pena pela participação no esquema do mensalão definida em 12 anos e 7 meses.

A mulher de Pizzolato, Andrea Haas, o acompanhou em toda a fuga. Segundo a PF, foi ela quem comprou a passagem de avião que levou Pizzolato da Argentina a Barcelona. Andrea estava com o marido nesta quarta quando ele foi capturado na casa do sobrinho, Fernando Grando, que é engenheiro da Ferrari. Grando trabalha na empresa há nove anos e desenvolve motores para os carros da Fórmula 1. Outros parentes de Pizzolato também foram investigados pela PF durante as buscas por seu paradeiro.

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Primeira noite na prisão – A penitenciária onde Pizzolato passou a primeira noite como presidiário foi palco de um escândalo nos anos 1980 e chegou a ser apelidada como “prisão de ouro” por causa dos altos custos envolvidos na obra. A Casa Circondariale di Modena é um presídio conservado e relativamente moderno, bem diferente da maioria dos presídios brasileiros. A prisão fica ao lado de uma rodovia. A superlotação, porém, é parecida. Com capacidade para 220 detentos, abriga hoje quase 600. Cerca de 70% dos detentos são imigrantes, principalmente africanos, árabes e magrebinos, presos por tráfico de drogas ou roubo. Na prisão, são oferecidas aulas de italiano para estrangeiros.

(Com Estadão Conteúdo)

Mapa da fuga do mensaleiro Henrique Pizzolato
Mapa da fuga do mensaleiro Henrique Pizzolato (VEJA)
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