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Sócio de Furnas na usina Três Irmãos é investigado na operação Lava-Jato

Mauro Boschiero se associou à estatal no leilão da hidrelétrica. Ele é suspeito de ter se associado ao doleiro Alberto Youssef para simular importações

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
9 abr 2014, 12h24

Um dos empresários investigados na operação Lava-Jato integra o consórcio que comprou a usina hidrelétrica de Três Irmãos, arrematada no fim de março em sociedade com a estatal Furnas. Mauro Boschiero é um dos sócios das empresas de participações que venceram o leilão. O relacionamento dele com o doleiro Alberto Youssef – um dos pivôs do esquema de lavagem de dinheiro investigado – é investigado pela Polícia Federal. Boschiero ocupou cargo de confiança no governo Collor. Ele é sócio de Pedro Paulo Leoni Ramos, o PP, que foi secretário de Assuntos Estratégicos de Collor. A Polícia Federal obteve na Justiça um mandado de “condução coercitiva” contra Boschiero, o que obrigou o empresário a prestar depoimento aos policiais.

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Nas investigações da Lava-Jato, a polícia detectou contato direto de Paulo Boschiero, um parente de Mauro, com Youssef. De acordo com relatório apresentado pelo delegado Marcio Adriano Anselmo, os contatos giraram em torno de uma aquisição da Labogen pela GPI, uma das empresas em que Mauro Boschiero é sócio. A firma de Boschiero faria a compra em sociedade com uma firma supostamente controlada por Youssef, a Quality. O curioso é que a Labogen sequer tinha licença da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para produzir medicamentos.

O negócio foi considerado suspeito também pela preocupação de Mauro Boschiero expressa em mensagens eletrônicas. Em e-mails interceptados com autorização judicial, ele chegou a orientar que mensagens fossem apagadas. Nas conversas interceptadas pela polícia sobre a Labogen, há referência a uma possível influência indevida do diretor de produção industrial e inovação do Ministério da Saúde, Eduardo Jorge Oliveira, para ajudar a empresa a obter uma Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com a EMS, maior farmacêutica do país, e o Laboratório Farmacêutico da Marinha. O ministério alega que suspendeu a parceria e abriu uma sindicância para investigar o caso.

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Para a Justiça Federal, há indícios de que a Labogen conseguiu a parceria indevidamente. A empresa teve os sigilos bancário e fiscal quebrados e é suspeita de simular importações de cerca de 2 milhões de reais, com o objetivo de fraudar a entrada de divisas ou justificar remessas ao exterior. A Labogen também recebeu mais de 17 milhões de reais de uma empresa controlada por Youssef para lavar dinheiro, mas ainda é investigado se o doleiro controlava o laboratório.

Negócio com Furnas- Depois de arrematarem a usina Três Irmãos, Boschiero e os sócios permaneceram em anonimato. O consórcio formado por Furnas e pelo fundo de investimento Constantinopla foi o único que apresentou proposta no leilão pela hidrelétrica. Furnas tem 49,9% do consórcio vencedor e o Constantinopla possui 50,1% de participação societária. A usina fica no rio Tietê, em São Paulo, e tem capacidade de gerar 807,5 MW. Foi o primeiro leilão sob as regras da Medida Provisória (MP) 579, de 2012, que antecipou a renovação das concessões. A usina pertencia à Cesp, que decidiu não prorrogar a concessão com base na remuneração proposta pela União no âmbito da MP. No entanto, o Tribunal de Contas da União (TCU) decidiu impedir a assinatura do contrato até julgar ação movida contra o modelo do leilão da usina.

A ação foi aberta pela paulista Cesp, que considera que o edital do leilão deveria ter incluído a operação de canal de navegação e eclusas. Com a decisão do TCU, tomada na forma de medida cautelar emitida na sexta-feira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deverá aguardar o julgamento do tribunal sobre quem ficará responsável pela operação e manutenção das eclusas e do Canal Pereira Barreto. A Cesp considera esses ativos como parte da usina, apesar de não terem sido incluídos na licitação da usina Três Irmãos.

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