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Sistema Cantareira cai para 11%, menor nível registrado desde 1974

Apesar de todas as medidas já implantadas, o volume continua diminuindo aceleradamente; juntas, as duas principais represas do manancial registram 3,3% da capacidade

Por Da Redação
28 abr 2014, 12h22

O principal fornecedor de água para a capital e Grande São Paulo vem enfrentando uma séria crise de abastecimento, registrando níveis cada vez menores com períodos mínimos de estagnação. Nesta segunda-feira, chegou a 11% da capacidade total, o pior nível registrado desde que o sistema entrou em operação em 1974. Além disso, as duas principais represas, consideradas o coração do manancial por representarem 82% do sistema, estão em situação de quase seca. Juntas, elas registraram 3,3% da capacidade nesta segunda-feira.

Inúmeras tentativas para refrear a queda incessante do volume de água foram ou estão sendo feitas. Algumas não surtiram o efeito desejado, como a medida de “fazer chover“, que consistia em bombardear nuvens com gotículas de água para que houvesse precipitação na região do manancial. Com esta técnica, o nível de água do sistema subiria, porém, das cinco tentativas realizadas, choveu somente em duas, não sendo suficiente para aumentar significativamente o volume do manancial.

Outra medida que pode prejudicar a recuperação do sistema é a utilização do volume morto – parcela de água represada utilizada somente em situações de emergência. No caso de utilização dessa reserva, seriam necessários pelo menos dez anos para reestabelecer os níveis normais dos reservatórios. No entanto, as obras para captação do volume morto já estão em andamento e foram orçadas em 80 milhões de reais. Esse reservatório dispõe de cerca de 400 milhões de metros cúbicos de água – destes, seriam captados 200 bilhões – e exige da Sabesp a construção de infraestrutura capaz de alcançar a água do fundo dos reservatórios e a compra de bombas flutuantes. Segundo estimativa do comitê anticrise, que acompanha a situação do sistema, o volume útil deve acabar em meados de julho, mas a Sabesp já conta com o esgotamento do sistema em 21 de junho.

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Além disso, medidas para tentar diminuir o consumo de água estão sendo implantadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e pelo governo do Estado, como o desconto de 30% na conta dos clientes que reduzirem o consumo em pelo menos 20%. Iniciada em fevereiro, valia somente para onze cidades e alguns bairros paulistanos. O governo estadual decidiu ampliar, no último dia de março, para toda a Região Metropolitana de São Paulo. Dos 35 municípios da região, 31 estarão aptos a receber o desconto, incluindo toda a capital paulista.

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Mesmo com essas tentativas de tentar refrear o desabastecimento do Sistema Cantareira e, assim, evitar um racionamento, o nível de água continua baixando aceleradamente – nem mesmo a transposição dos sistemas Alto Tietê, Guarapiranga e Rio Grande estão sendo suficientes para suprir a demanda. Em vista disso, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou a proposta de multar, a partir de maio, os consumidores que gastarem mais água. Ocorrerá como no bônus para quem consome menos água, porém ao contrário: quem gastar 20% a mais que a média de consumo terá acréscimo de 30% na conta.

Essa proposta tem causado indignação de entidades de defesa dos direitos do consumidor, que classificaram a medida como “ilegal”, pois para aplicar a multa é necessário que o governo do Estado assuma que há racionamento na cidade de São Paulo. “Eles não querem assumir o ônus de que há racionamento”, afirmou Carlos Thadeu de Oliveira, gerente do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec). Oliveira acredita que a gestão Alckmin teve “bastante tempo” para prever a crise no Sistema Cantareira.

Para propor a punição, segundo Oliveira, o Estado usa como base um decreto federal. Segundo o parágrafo único do texto da lei, “a tarifa de contingência, caso adotada, incidirá, preferencialmente, sobre os consumidores que ultrapassarem os limites definidos no racionamento”. “O governador terá de vir a público assumir que há racionamento de água em São Paulo”, afirmou Oliveira.

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