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A noite acanhada da esquerda festiva

Show de Caetano Veloso e Chico Buarque dedicado a Marcelo Freixo foi cercado de cuidados para evitar problemas com a Justiça Eleitoral

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 12 set 2012, 02h27

Há não muito tempo, um encontro de Chico e Caetano no palco, com apoio declarado a um candidato, seria sinônimo de alguma rebeldia. Não foi o caso. A versão 2012 do dueto foi, por assim dizer, mais bossa nova que tropicália. Alegria, alegria, mesmo, só para quem conseguiu comprar um dos 926 ingressos vendidos a 360 reais e esgotados em 48 horas. Nem todos para seguidores de Freixo ou do PSOL

Cercado de cuidados para não causar problemas entre o homenageado da noite e a Justiça Eleitoral, o show de Caetano Veloso e Chico Buarque, na terça-feira, quase não lembrava uma festa da política. Mas, para todos os efeitos, é bom não esquecer: o objetivo do evento no teatro Oi Casa Grande era arrecadar dinheiro para o candidato do PSOL à prefeitura do Rio, Marcelo Freixo. O encontro anunciava-se histórico. Afinal, há quase 40 anos Caetano e Chico não dividiam o palco. Mas Freixo, logo ele, por orientação da Justiça Eleitoral não pôde testemunhar o encontro. Ou, se viu, não foi visto.

A tropa de Choque do PSOL carioca compareceu em peso. Estavam lá o deputado Chico Alencar, Milton Temer e o vereador Eliomar Coelho. A mulher de Freixo, Renata, que trabalha na campanha, também marcou presença na festa. Tudo na maior discrição.

Há não muito tempo, um encontro de Chico e Caetano no palco, com apoio declarado a um candidato, seria sinônimo de alguma rebeldia. Não foi o caso. A versão 2012 do dueto foi, por assim dizer, mais bossa nova que tropicália. Alegria, alegria, mesmo, só para quem conseguiu comprar um dos 926 ingressos vendidos a 360 reais e esgotados em 48 horas. Nem todos para seguidores de Freixo ou do PSOL.

Datafolha: Freixo cresce, mas Paes ainda venceria no primeiro turno

No esquema “banquinho e violão”, Caetano só falou com a plateia depois de cantar Ela é carioca, a sétima música da noite. “Obrigado por vocês terem vindo festejar a chegada da Primavera Carioca”, disse Caê. Primavera Carioca é o tema da campanha de Freixo, numa alusão à Primavera Árabe. Foi também o nome dado ao show.

Caetano cantou 14 músicas sozinho. Sem banda de apoio. Depois, foi acompanhado pelo grupo Trio Preto+1. Chico Buarque apareceu apenas no fim. Pegou o violão para cantar Medo de Amar e Futuros Amantes. Chico entrou e saiu sem dizer uma palavra. Poucas vezes a plateia se manifestou além das palmas. Quando Caetano entoou É Hoje – “é hoje o dia da alegria, e a tristeza nem pode pensar em chegar” – o público gritou o nome do candidato. Nada de catarse, nada de festival.

Freixo tem um histórico de defesa de causas bem populares, mas atualmente goza de maior prestígio entre o público de maior escolaridade, concentrado na zona sul do Rio. No momento, luta para ir ao segundo turno, e é quem tem mais condições de levar a campanha para o ‘bis’, com 18% – Eduardo Paes tem 54% e ganharia no primeiro turno, segundo o Datafolha. A música escolhida para encerrar o espetáculo foi A Voz do Morro – samba de Zé Keti apreciado e acompanhado por centenas de vozes de uma plateia majoritariamente madura e comportada.

“Eu gosto do Chico e do Caetano. Meu neto pediu para eu votar no Freixo. Mas meu título de eleitor é de Teresópolis”, explicou Fenny Freiof, de 83 anos, que aproveitou a oportunidade de ver e ouvir os artistas. Unanimidade na plateia, só mesmo para Chico e Caetano. “Vou votar na Aspásia. Prefiro ver o Freixo atuando mais no legislativo”, afirmou Raquel Feferbaum, de 63 anos. O ator e humorista Bruno Mazzeo, um dos muitos artistas que mereceram os flashes da noite, admitiu: “Vim pelo show”.

Mas havia, claro, quem exibisse camisas e adesivos com o sol do PSOL. E o material de campanha com a frase “Nada deve parecer mudar”. Na porta, uma militante vendia blusas com o nome ‘Primavera Carioca’ por 30 reais, e a ‘ecobag’ por 35 – afinal, a bolsa ecológica também está na moda, e mereceu espaço entre algumas Louis Vuitton e Michael Kors, agora um pouco mais famosa por ser a preferida de Carminha, personagem de Adriana Esteves em Avenida Brasil. Quem arriscou um visual mais próximo dos anos 70 tirou do armário algumas saias longas acetinadas.

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Se Freixo quiser ver e ouvir como foi a noite, não vai faltar oportunidade. Câmeras e smartphones trataram de registrar um encontro que não acontece desde os anos 80, época do programa “Chico e Caetano”, atração musical da Globo. Para o PSOL, barrar o candidato na noite dedicada a ele foi exagero. “É censura fora de época”, argumentou Chico Alencar, lamentando a ausência do companheiro. Afinal, o show pode entrar para a história. Ou da MPB ou da rápida arrecadação de cerca de 100 mil reais para a campanha do PSOL. Poderia ser mais. Mas os organizadores avisam: metade dos ingressos foi vendida como meia-entrada.

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