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Serviço ruim é o gargalo do turismo no Rio de Janeiro

Capital fluminense vai ganhar 5.000 quartos de hotel até a Copa. Mas negócios são limitados pela falta de trabalhadores que falem inglês e com especialização

Por Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
6 jan 2014, 06h33

Chegar ao ano de 2014 com deficiências de infraestrutura e mão de obra pode custar caro ao Rio de Janeiro. A alta temporada do turismo no ano da Copa do Mundo começa com problemas que expõem deficiências imperdoáveis para uma cidade que almeja a condição de grande destino internacional. Filas de até quatro horas em pontos turísticos, atendentes sem domínio do inglês e amadorismo nos serviços são reclamações que se repetem entre os visitantes.

“A falta de qualificação ainda é drástica no setor de turismo. E com certeza não há tempo de recuperar tanto terreno para os eventos esportivos de 2014 e de 2016. O Rio perde dinheiro por não ter trabalhadores qualificados”, alerta o professor Luiz Gustavo Medeiros Barbosa, coordenador do núcleo de turismo da Fundação Getulio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro.

O fluxo de turistas para os grandes eventos esportivos começam, de fato, em 12 de junho, início da Copa do Mundo. A partir desse ponto, a cidade terá permanentemente delegações, equipes de trabalho de países participantes e de comitês internacionais em visitas constantes, até fins de 2016 – quando ocorre a Olimpíada e a Paraolimpíada.

Ao longo da última semana, os problemas para os turistas ganharam o noticiário. Na última sexta-feira, uma confusão na praia do Arpoador produziu cenas que afugentam visitantes: quatro jovens foram detidos acusados de roubos na orla, perseguidos por guardas municipais e policiais militares. Os acessos ao Cristo Redentor estiveram caóticos desde o feriado do Ano-Novo, com filas que se estendiam pela Estrada das Paineiras. Os aeroportos Santos Dumont e do Galeão apresentaram problemas no sistema de refrigeração.

Polícia Civil interdita hotel quatro estrelas em Copacabana

Na última sexta-feira, a Delegacia do Consumidor interditou o hotel Atlântico Rio, um quatro estrelas em Copacabana. Segundo os agentes que estiveram no estabelecimento, o hotel não tinha autorização definitiva para funcionamento nem condições sanitárias para receber hóspedes. Outra irregularidade, segundo a secretaria, era a venda de pacotes que ofereciam serviços inexistentes.

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Grande parte do desafio da cidade é ampliar e qualificar sua rede hoteleira. Para Marcelo Haddad, presidente da Rio Negócios, até 2016 a rede hoteleira terá aprimorado seus serviços. “A rede hoteleira que vai surgir no Rio de Janeiro até 2016 terá uma qualificação significativamente melhor. Com certeza mais de 60% dos hotéis serão 3, 4 e 5 estrelas. Será uma rede apta para receber turistas qualificados”, disse.

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Rede hoteleira – O Rio tem atualmente 21.900 quartos de hotéis. Se somada a rede de motéis, albergues e pousadas cama e café, são 34.600 quartos. A capacidade atual é suficiente para a Copa do Mundo, assegura Haddad. Até junho deste ano, devem entrar em funcionamento quase 5.000 unidades – o que elevará a rede para 26.800 quartos. A estimativa é de que, com as vagas em albergues, motéis e pousadas, a oferta chegará a 39.600 unidades.

Ainda não ficaram prontas unidades de grandes redes que tiveram a construção de novos empreendimentos com financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Dos dez hotéis que tiveram empréstimos do BNDES para a Copa de 2014, apenas três ficaram prontos. Ainda faltam estrear o Hotel Glória, previsto para dezembro de 2015, o Grand Hyatt na Barra da Tijuca, o Hilton da Barra da Tijuca, o Grand Mercure do Riocentro, o Tulip Inn de Itaguaí, o Windsor Mar da Barra e o Arena Leme. Dos 2.513 quartos com criação prevista por financiado pelo BNDES, 1.917 ainda não estão prontos.

Olimpíada – A expectativa da Rio Negócios é de que até 2016 a cidade chegue a 52.300 quartos, entre todas as formas de hospedagem – 39.500 em hotéis. Uma vez resolvida a capacidade hoteleira, o gargalo passará a ser o da qualidade de serviços para os visitantes, e os canais de divulgação da cidade no exterior. “Hoje, o que mais aflige a hotelaria e o turismo é a falta de promoção da cidade. Ninguém vive de grandes eventos. Quando acabar 2016, o que vai ter de hotel fechando vai ser uma loucura”, alerta Sônia Chami, e proprietária do Hotel Sol Ipanema e presidente do conselho deliberativo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio (ABIH-RJ).

Para Medeiros Barbosa, da FGV, no entanto, são mínimas as chances de a indústria ter problemas de ociosidade. “Depois dos eventos, a demanda deve continuar aquecida. Divulgação não pode ser visto como algo exclusivamente de responsabilidade do Estado. No mundo todo, os empresários se unem para fazer investimento em promoção. O empresariado do Rio ainda é muito tímido nesse sentido”, critica.

Para o turista, independentemente do aumento da oferta de vagas, os preços se mantêm em elevação. O valor médio das tarifas subiu 11% este ano, em relação ao réveillon de 2012. Segundo pesquisa do site Trivago, comparador de preços de hotéis, a tarifa média da cidade saiu de 916 reais em 2012 para 1.017 em 2013.

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