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CNEN: seria precipitado rever programa nuclear brasileiro

Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Odair Gonçalves, garante que sistema de alerta é eficaz, mas admite: não há risco zero de contaminação

Por Luciana Marques
20 mar 2011, 14h35

Apesar da preocupação da presidente Dilma Rousseff, que escalou ministros para acompanhar de perto o desastre nuclear no Japão, a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) até agora não admite qualquer mudança no programa nuclear brasileiro. Vinculado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, o CNEN é o órgão responsável pela concessão de licença para a instalação de usinas nucleares e pela fiscalização de equipamentos radioativos.

Ao site de VEJA, o presidente da CNEN, Odair Gonçalves, critica os países que decidiram reavaliar seus projetos no setor – como Alemanha, Suíça e Polônia – e garante que o Brasil possui um sistema de alerta eficaz em caso de acidente nas usinas de Angra 1 e 2. Ele admite, no entanto, que não existe risco zero de contaminação por radiação em nenhum lugar do mundo. O governo brasileiro prevê a instalação de quatro usinas nucleares até 2030, além de Angra 3, que está em processo de finalização. No total, serão investidos 50 bilhões de reais.

Diante do desastre nuclear no Japão, o programa nuclear brasileiro pode mudar? Seria absolutamente precipitado. Isso está sendo feito na Europa muito mais por razões políticas do que técnicas. O que nós sabemos sobre o episódio no Japão é muito pouco, as informações são desencontradas. Pode ser que algum dado eventualmente modifique a política nacional, mas, neste momento, não há nada que indique qualquer necessidade de mudança do programa nuclear brasileiro.

Haverá mudanças nas regras de segurança para usinas nucleares? Pode haver uma revisão em função de um dado específico em decorrência do episódio no Japão, mas não as normas em geral. E, se houver alguma recomendação internacional, o Brasil vai acatar. Todas as regras atuais estão funcionando normalmente.

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Como está o andamento do projeto para construção de mais quatro usinas nucleares? O governo prevê a construção de quatro a oito usinas até 2030, dependendo da demanda. Houve um grande levantamento no Brasil sobre os locais para instalação das novas usinas. Agora existe uma necessidade de decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para definir se realmente as obras vão começar. Após essa fase, a Eletronuclear fará pedido de licença de construção para a CNEN.

Pode-se falar em risco zero de contaminação nuclear no Brasil? Não existe risco zero em nenhum país do mundo. Isso é teórico. O que existem são riscos desprezíveis ou muito pequenos. Há controle sobre aquilo que temos conhecimento. O que aconteceu no Japão foi um evento sobre o qual não havia conhecimento suficiente. Se cair um meteoro em cima de uma usina, por exemplo, não estamos preparados. Ainda assim, há medidas para minimizar as consequências de um provável acidente.

O Brasil está preparado para enfrentar catástrofes em usinas sem risco de contaminação? Completamente preparado. Fazemos exercícios a cada dois anos, inclusive com retirada da população ribeirinha por mar. A população está bem informada e não há dúvida nenhuma sobre a eficácia do projeto. Os planos de atendimento estão disponíveis em qualquer lugar do país 24 horas.

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Quais são os planos de emergência em caso de acidente? Há sistemas de alerta e, além da barreira do próprio reator, ele desliga automaticamente em situações de anormalidade. Também há barreiras que impedem que ondas de mais de 6 metros cheguem perto do reator. O material radioativo está dentro de um prédio de contenção com dois metros de espessura e não há possibilidade de inundação.

Por que o senhor defende a construção de usinas nucleares no Brasil? A energia nuclear é mais barata se comparada ao petróleo, e é uma das mais limpas por não emitir nenhum tipo de gás do efeito estufa. Além disso, nós temos uma quantidade de urânio significativa no país. Portanto, é natural o investimento na geração de energia nuclear. Pretendemos ter 5% da nossa energia em 2030 de origem nuclear.

Como a comissão fiscaliza locais com equipamentos radioativos, como hospitais? Todos os hospitais que têm licença para uso de material radioativo são controlados. Há um responsável legal pelos equipamentos. Aprendemos muito com o acidente do Césio- 137, em 1987, em Goiânia, e incorporamos todas as medidas necessárias.

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