Senador vai à PGR por irregularidades na Funai
VEJA mostrou como um representante da entidade exigiu dinheiro para conduzir jornalistas até uma tribo e distorceu as falas dos indígenas
O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) pediu nesta quarta-feira que a Procuradoria Geral da República (PGR) investigue como a Fundação Nacional do Índio (Funai) distorce declarações de indígenas para omitir problemas nas comunidades. A atual edição de VEJA mostrou como, além de cobrar 7.000 dólares para que jornalistas estrangeiros tivessem acesso a reservas indígenas, um representante da entidade forjou frases dos nativos para não chocar os funcionários do australiano Channel 7.
O episódio ocorrreu no sul da Amazônia, no território dos suruuarrás. O indigenista Jemerson Azevedo foi encarregado pela Funai de levar os estrangeiros à comunidade. Ao traduzir um trecho em que os índios admitiram a prática do infanticídio, por exemplo, ele omitiu essa parte. Os nativos também relataram que uma mãe havia fugido para evitar que sua filha, deficiente, fosse morta. Mas o tradutor contou aos jornalistas que ela havia sido sequestrada. Além disso, Jemerson transformou reclamações dos nativos em simpáticos elogios à sua condição de vida.
“Eles defendem que os índios matam as crianças porque é cultural, mas é inadmissível”, disse o senador democrata ao site de VEJA. “Isso demonstra que a Funai tem acobertado crimes”. Quem não revelar a prática de crimes como homicídio pode ser responsabilizado como co-responsável pela prática. Jemerson e seus colegas ainda correm o risco de responder por improbidade adminstrativa, já que a exigência de dinheiro para permitir o acesso a uma tribo constitui uma atitude ilegal.