Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Começa hoje o segundo júri do massacre do Carandiru

Julgamento de 26 policiais militares tem início na manhã desta segunda; eles são acusados da morte de 73 presos, dos 111 mortos durante rebelião em 1992

Por Jean-Philip Struck
29 jul 2013, 06h08

Começa nesta manhã o segundo júri do massacre do Carandiru. Desta vez, 26 PMs que faziam parte das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) à época da chacina, em outubro de 1992, serão julgados pela morte de 73 presos no segundo andar do pavilhão nove. O júri vai ocorrer no plenário dez do Tribunal do Júri da Barra Funda, em São Paulo, a partir das 9 horas.

Em abril, outros 26 PMs, também membros da Rota, já haviam ido a julgamento pela morte de quinze presos no primeiro andar do mesmo pavilhão. Vinte e três deles acabaram sendo condenados a 156 anos de prisão cada um. A Justiça fixou pena de doze anos de prisão por treze das quinze mortes – a pedido do Ministério Público, duas mortes foram retiradas pelo processo. Os condenados recorrem da decisão em liberdade.

Leia também:

Carandiru: PMs condenados só cumprirão pena após 2020​

Acervo digital: O horror no Carandiru

Ao todo, 111 presos morreram no massacre. Também estão programados outros júris para o restante das mortes, que ocorreram no terceiro e quarto andares, cuja retomada foi feita pelo Comando de Operações Especiais (COE) e pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate).

Continua após a publicidade

Também está previsto um julgamentos apenas para o ex-tenente-coronel Luiz Nakaharada, que comandava o 3° Batalhão de Choque, e que responde sozinho por cinco mortes.

Acusação – Inicialmente, o júri desta segunda-feira deveria ter 28 réus, mas um morreu na época que a denúncia foi oferecida e outro foi interditado judicialmente por problemas mentais. Dos PMs que serão julgados a partir desta segunda, nove ainda estão na ativa. Entre os réus está o ex-comandante da Rota tenente-coronel Salvador Modesto Madia, que comandou o batalhão até o ano passado.

O corpo de sete jurados deve ouvir oito testemunhas de acusação e seis de defesa. Alguns testemunhos do julgamento de abril, e que haviam sido registrados em vídeo, serão reaproveitados, e os depoentes não precisarão comparecer ao julgamento.

O juiz responsável pelo caso será Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo, que vai substituir o juiz José Augusto Nardy Marzagão, que atuou no primeiro julgamento, e pediu para ser transferido para a comarca de Atibaia, na região de Bragança Paulista. A previsão é de que o julgamento dure até sábado.

Um total de 130 PMs chegou a ser denunciado pelo massacre do Carandiru, mas o número foi diminuindo conforme foram prescrevendo muitas das acusações e vários PMs morreram. Hoje, apenas 79 PMs respondem ou responderam pelos crimes.

O massacre – Em 2 de outubro de 1992, cerca de 340 policiais invadiram o pavilhão nove do Carandiru para conter uma rebelião na Casa de Detenção de São Paulo, parte do complexo presidiário. O comandante da operação era o coronel Ubiratan Guimarães. Tudo caminhava para que os mais de 2 000 detentos fossem dominados e tranquilizados, até que os batalhões de choque chegaram ao segundo andar do pavilhão, o foco da revolta. Então, passou-se meia hora de execuções à queima-roupa. Armados com revólveres, escopetas e metralhadoras, os policiais executaram sumariamente 111 presos. Do lado da polícia, nenhuma baixa.

Continua após a publicidade

A reação imediata do governo foi atrasar a contagem dos corpos e tentar ludibriar a imprensa por algumas horas para não atrapalhar o resultado das eleições que se realizariam no dia seguinte.

Em setembro de 2002, a Casa de Detenção, a maior da América Latina, foi finalmente desativada. No local, foi construído um parque público com áreas de lazer e cultura. Cerca de 170 000 pessoas passaram pelo presídio em 46 anos. O governador e o secretário de Segurança do estado na época não foram responsabilizados pelo episódio.

Em 2001, o coronel Ubiratan foi condenado a 632 anos de prisão por comandar a ação no Carandiru, mas, em fevereiro de 2006, o Tribunal de Justiça de São Paulo reinterpretou a decisão do 2º Tribunal do Júri e decidiu absolver o coronel. Ubiratan foi morto em setembro de 2006 com um tiro na barriga, em seu apartamento nos Jardins, região nobre de São Paulo.

Segundo a Defensoria Pública do estado, dos 64 processos de indenização movidos por familiares das vítimas do Carandiru contra o estado, apenas 26 tiveram ordem de pagamento autorizada. A maioria foi paga só em 2011 – e boa parte das indenizações autorizadas segue na fila dos precatórios.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.