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Com greve da PM, Salvador tem uma morte por hora

Subcomandante-geral da PM reconheceu que número "foge da normalidade". Força Nacional e Exército reforçam a segurança no estado

Por Da Redação
3 fev 2012, 13h49

A Secretaria de Segurança Pública (SSP) da Bahia registrou dezessete homicídios em Salvador, entre a meia-noite e as 15 horas desta sexta-feira. Os casos, mais que o quádruplo da média diária de assassinatos registrados na cidade no ano passado (4,2), ocorreram durante a paralisação parcial da Polícia Militar no Estado, iniciada na terça-feira.

“Realmente, é um número que foge da normalidade”, disse o subcomandante-geral da PM, coronel Carlos Eleutério. Nos bairros centrais da capital baiana foram registrados saques em, pelo menos, cinco lojas.

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Foi registrada, inclusive, uma chacina, no bairro de Engomadeira, que deixou três homens mortos e um ferido – atingido por um tiro no pé. De acordo com a Polícia Civil, as vítimas tinham envolvimento com o tráfico de drogas.

Houve também o assassinato de um percussionista do Olodum, Denilton Cerqueira, de 34 anos. Segundo relatos, ele foi abordado por dois homens quando chegava em casa, no bairro da Mata Escura, em sua moto. Os homens teriam roubado o veículo e atirado em seguida no músico, que não resistiu aos ferimentos.

Por causa da greve da PM, o governador Jaques Wagner decidiu fazer um pronunciamento, na rede estadual de rádio e TV, às 20 horas. Segundo nota distribuída pela assessoria do governo, Wagner “reafirmará, com veemência, que o governo da Bahia está adotando todas as providências no sentido de assegurar o pleno estado de direito democrático, a segurança e a tranquilidade da população”.

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Saques – Os saques registrados pela polícia aconteceram em pelo menos cinco lojas de eletrodomésticos, na madrugada desta sexta-feira, em bairros centrais de Salvador. Segundo testemunhas, grupos de mais de 30 pessoas – a maioria encapuzada e algumas armadas – promoveu o arrombamento e o furto de mercadorias dos estabelecimentos, que estavam fechados na hora dos ataques. Não há registro de feridos.

Segundo o subcomandante, dois terços do efetivo policial do Estado têm trabalhado normalmente. Mesmo assim, o governo baiano pediu o reforço de tropas da Força Nacional e do Exército. Segundo o secretário de Segurança Pública, Maurício Barbosa, a intenção da medida é “aumentar a sensação de segurança” da população.

No fim da noite desta quinta, chegaram à Base Aérea de Salvador os primeiros 150 integrantes da Força Nacional que vão fortalecer o contingente no Estado. Outros 500, que estão se deslocando por terra, são aguardados nesta sexta, bem como 2.000 militares, que já começaram a atuar no policiamento ostensivo nas principais cidades baianas.

Barbosa afirma que a principal preocupação da secretaria é com as maiores cidades e com os pontos de maior circulação de pessoas. Na noite desta quinta-feira, grandes congestionamentos foram registrados em Salvador depois que policiais à paisana, armados e encapuzados, tomaram ônibus coletivos e os atravessaram nas pistas de algumas das principais avenidas da cidade. Temendo arrastões, o comércio fechou mais cedo no Centro. “Para cada ato de vandalismo estamos instaurando um inquérito, que será conduzido pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, a justiça será feita”, promete Barbosa.

Em cidades como Ilhéus, no litoral sul do Estado, e Feira de Santana, segundo maior município baiano, a 110 quilômetros de Salvador, apesar de o comando da Polícia Militar ter informado o envio de reforços para a segurança dos dois municípios, parte do comércio das cidades continua fechado. Em Feira de Santana, rodoviários e empresas de transporte coletivo optaram por não tirar os veículos das garagens.

Em Salvador, cresceu a presença de manifestantes acampados na frente da Assembleia Legislativa. Preocupados com um possível confronto com integrantes da Força Nacional, cerca de 400 grevistas se juntaram aos 100 que ocupavam o local desde terça-feira. Mulheres e filhos de policiais também são vistos no local.

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Negociações – A Asssociação dos Políciais e Bombeiros da Bahia (Aspra), que representa os policiais em greve, congrega cerca de 2.000 filiados, do universo de 32.000 PMs e bombeiros da ativa na Bahia. A entidade cobra do governo a incorporação de gratificações aos salários, além de regulamentação para o pagamento de adicionais, como de periculosidade e acidente.

Em uma reunião realizada na manhã desta sexta, foi elaborada e entregue ao governo uma pauta de reivindicações dos policiais. Segundo o subcomandante da PM, uma das condições para que as negociações avancem é que os PMs em greve voltem ao trabalho. Uma nova reunião está marcada para este sábado.

As outras associações de classe não aderiram à paralisação e a secretaria de Segurança diz não reconhecer a Aspra como entidade de classe. “Abrimos canais de diálogo com as (três) principais associações de policiais, mas não vamos negociar com quem quer criar clima de pânico e terror na população”, afirma o secretário Maurício Barbosa.

Nesta quinta-feira, o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública da Bahia, Ruy Eduardo Almeida Brito, havia determinado, por meio de liminar, que a associação suspenda a greve, sob pena de multa diária de 80.000 reais. O presidente da Aspra, o ex-soldado Marco Prisco, diz que a liminar não prejudicará a paralisação. Ele foi um dos articuladores da última grande greve da PM no Estado, em julho de 2001, e foi afastado da corporação pelo episódio.

(Com Agência Estado)

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