Sabesp quer aumento superior ao autorizado na conta de água
Investimentos em coleta e tratamento de esgoto terão redução de 55%. Medidas visam contornar a queda das finanças da empresa em meio à crise hídrica
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) tentará reivindicar à Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado (Arsesp) um reajuste na conta de água dos consumidores acima dos 13,8% autorizados a partir do meio de abril, segundo reportagem do jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira. Em meio à redução nos lucros devido à crise hídrica, o argumento apresentado pela empresa é de que os altos custos de tratamento da água, a elevação do preço da energia elétrica e a queda no volume de água vendido pela empresa demandam um reajuste maior.
O diretor diretor econômico-financeiro da estatal, Rui Affonso, justificou, durante teleconferência, a reivindicação. “Nossa visão é que esse aumento está aquém do que tínhamos calculado”, disse. O reajuste de 13,8% é superior ao IPCA de 7,7% acumulado de um ano para cá – e que deve ser aplicado quatro meses após o último aumento, aplicado em dezembro do ano passado em 6,49%.
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O lucro da Sabesp teve redução de 1 bilhão de reais em comparação com o ano anterior, de acordo com o balanço da empresa divulgado na semana passada. O presidente da empresa, Jerson Kelman, disse nesta terça-feira que a tarifa de água em São Paulo é 25% inferior ao cobrado pela empresas de Estados como Paraná e Minas Gerais. O impacto nos cofres da empresa deve-se às ações tomadas com atraso para evitar um rodízio na capital paulista,
Esgoto – Para destinar mais recursos para as obras de enfrentamento da crise hídrica e tentar evitar o colapso no abastecimento na Grande São Paulo, a Sabesp cortará neste ano em 55,7% o investimento em coleta e tratamento de esgoto – o montante passará de 1,9 bilhão de reais investidos no ano passado para 843 milhões de reais. De acordo com Rui Affonso, “o plano de investimentos da companhia foi ajustado com o objetivo de antecipar os investimenntos em água concentrados os próximos dois anos e aumentar, a curto e médio prazos, a segurança hídrica na região metropolitana”.
Entre as obras mais importantes estão a que vai levar água da Represa Billings para o Alto Tietê, prevista para julho, e a transposição da Bacia do Rio Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira, para 2016. O objetivo do ajuste é “preservar a sustentabilidade econômico-financeira” da companhia. A tendência prevista pela empresa é de que a divisão de recursos entre água e esgoto volte ao normal em dois anos.
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(Da redação)