Sabesp admite possibilidade de racionamento de água ainda este ano
Advertência consta em relatório de sustentabilidade recém-publicado. Cantareira registra 12,5% da capacidade, só a represa Jaguari está com 4,9%
Por Da Redação
9 abr 2014, 10h58
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) reconheceu pela primeira vez, de forma oficial, a possibilidade de estabelecer um rodízio de água em São Paulo ainda este ano, segundo informou o jornal Folha de S. Paulo. A previsão, incluída em um documento recém-publicado pela companhia, vai na contramão dos discursos do governo Geraldo Alckmin (PSDB) nos últimos meses.
“Se as chuvas não retornarem a índices adequados e, consequentemente, os níveis dos reservatórios não forem restabelecidos, poderemos ser obrigados a tomar medidas mais drásticas, como o rodízio de água”, afirma trecho do Relatório de Sustentabilidade 2013 da Sabesp. O documento, disponibilizado nesta semana na internet, é publicado anualmente como prestação de contas para investidores e sociedade.
Tanto a Sabesp como Alckmin vinham negando em posicionamentos oficiais a possibilidade de racionamento. Questionada, a Sabesp informou na terça-feira que a implantação de um rodízio de água foi incluída no documento “como uma hipótese, e não como medida definitiva”. No entanto, afirma ser obrigação da empresa “trabalhar com todos os cenários, inclusive os mais extremos”. Só a represa Jaguari, uma das cinco que compõem o complexo da Cantareira, registrou 4,9% da capacidade nesta quarta-feira.
Após a queda desenfreada no nível de água que o Sistema Cantareira vem apresentando – esta quarta-feira baixou para 12,5% da capacidade – e preocupando 8,8 milhões de pessoas na Grande São Paulo que recebem água do reservatório, a gestão Alckmin apresentou medidas que, segundo o Estado, deveriam compensar a recente escassez de chuva.
Uma das principais é a utilização do “volume morto” – água do fundo das represas que nunca foi usada antes e que, por ser constituída de grande quantidade de sedimentos, será necessário um tratamento especial. O volume poderá ser captado após finalização das obras emergenciais orçadas em 80 milhões de reais. “Não trabalhamos com a possibilidade de racionamento”, afirmou no mês passado Paulo Massato, diretor da Sabesp, ao falar sobre a obra, que deverá ficar pronta entre maio e junho.
No relatório, a companhia culpa a falta de chuva pela crise de água e reforça a possibilidade de interferir no faturamento da companhia deste ano. “Como resultado [de um eventual rodízio], o volume faturado de água poderá cair durante 2014 e os nossos custos poderão aumentar em função dos investimentos adicionais necessários para mitigar os efeitos da seca nos sistemas produtores de água”, informa o texto.
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O impacto financeiro para a Sabesp pode superar 1 bilhão de reais, principalmente devido ao desconto de 30% na conta para os cerca de 17 milhões de consumidores que baixarem o consumo de água em ao menos 20%.
Má gestão – O Ministério Público Estadual entregou na terça-feira um inquérito ao promotor do Meio Ambiente, José Eduardo Ismael Lutti, para investigar se houve má gestão pela Sabesp e pelo governo estadual do Sistema Cantareira. Segundo o promotor, há a possibilidade de responsabilização – por meio de ação de improbidade administrativa ou por ação civil pública -, tanto da Sabesp quanto do governo paulista, para ressarcir os cofres públicos.
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