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Relator da CPI mista da Petrobras quer ouvir ex-contadora de Youssef

Em VEJA desta semana, Meire Poza revela detalhes do esquema. E confirma: ele era abastecido também com dinheiro da estatal

Por Da Redação
11 ago 2014, 07h49

O deputado Marco Maia (PT-RS), relator da CPI mista da Petrobras, afirmou neste domingo que pedirá a convocação de Meire Bonfim da Silva Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, pivô do bilionário esquema de corrupção desbaratado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Em VEJA desta semana, Meire revela detalhes do esquema de propina. Nas últimas três semanas, ela prestou depoimentos à Polícia Federal – está ajudando os agentes a entender o significado e a finalidade de documentos apreendidos com o doleiro, que está preso, e seus comparsas. A VEJA, Meire confirma que a Petrobras era utilizada para abastecer o esquema.

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Durante três anos, Meire manuseou notas fiscais frias, assinou contratos de serviços inexistentes, montou empresas de fachada, organizou planilhas de pagamento. Ela deu ares de legalidade a um dos esquemas de corrupção mais grandiosos desde o mensalão. Meire sabe quem pagou, quem recebeu, quem é corrupto, quem é corruptor. Conheceu de perto as engrenagens que faziam girar a máquina que eterniza a mais perversa das más práticas da política brasileira. A contadora confirma que parlamentares como o deputado André Vargas (PT-PR) e o senador Fernando Collor (PTB-AL) se aliaram ao doleiro em um esquema de lavagem de dinheiro que tinha prefeituras petistas como uma de suas principais fontes de recursos. Ela também relatou como empreiteiras que mantém contrato com estatais e órgãos públicos repassavam dinheiro para o esquema. Afirma ainda que o esquema de caixa dois e lavagem de dinheiro beneficiou pelo menos três partidos – PMDB, PT e PP.

Segundo Marco Maia, Meire precisa ser convocada porque já aceitou colaborar com as investigações da Polícia Federal a respeito das relações do ex-chefe com políticos e empreiteiras. Agora, disse o deputado, ela é “uma peça importante no processo de investigação da própria CPI”. No sábado parlamentares da oposição já haviam sinalizado a intenção de levar Meire à CPMI da Petrobras e à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara para falar sobre as engrenagens da quadrilha que girava em torno do doleiro.

O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), diz que o partido vai apresentar os requerimentos nesta semana, em conjunto com os outros partidos da oposição. O partido promete tratar o tema como prioridade. “É uma testemunha-bomba que atesta todas as evidências, muito claras, do envolvimento de Youssef com a Petrobras, parlamentares e personagens importantes do governo federal”, diz Mendonça Filho. O PPS também cobra que a contadora seja ouvida pelo Congresso. “Esta mulher conheceu, como poucos, a arquitetura e a operação do sofisticado esquema de lavagem de dinheiro que atingiu 10 bilhões de reais”, diz o líder do partido na Câmara, Rubens Bueno (PR), que também integra a CPMI.

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A Câmara dos Deputados faz um esforço concentrado na primeira semana de setembro, quando os parlamentares poderiam tomar o depoimento da contadora na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Já a CPMI da Petrobras não teve os trabalhos interrompidos durante o período eleitoral e, em tese, poderia ouvir Meire Poza antes disso. O presidente do colegiado, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), calcula que a contadora pode ser ouvida daqui a três semanas: “Temos depoimentos marcados para as duas próximas semanas. Se o requerimento for apresentado, será votado como qualquer outro”, afirma.

A ex-contadora de Youssef prestou dois depoimentos à PF em julho, um no dia 23 e outro no dia 25. Marco Maia afirmou que os técnicos da CPI estão analisando documentos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, para formular perguntas a Alberto Youssef, que já teve sua convocação aprovada, mas ainda sem data para o depoimento. O mesmo material deve subsidiar o interrogatório de Meire. “Ela, na verdade, não trouxe novidade. Mas eu mesmo devo apresentar um requerimento de convocação dela para se somar ao depoimento do Alberto Youssef”, disse o deputado.

PMDB e PP – Os dois deputados do PMDB titulares na CPI mista, Sandro Mabel (GO) e Lúcio Vieira Lima (BA) afirmaram que apoiam a convocação de Meire. “Se não tiver nenhum requerimento, eu vou apresentar”, afirmou Lima. Os dois acham necessário apurar as afirmações da ex-contadora, inclusive as acusações que fez contra o PMDB. “Ela vai ter que falar. Ela não pode falar genérico, PMDB, PT. Quem do PMDB? Quem do PT?”, disse Lúcio.

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Apesar de Mabel apoiar a convocação de Meire, ele teme que a nova personagem dos escândalos tire a CPI de seu foco, que é apurar especificamente as suspeitas relacionadas à Petrobras. “Acho que tira um pouco o foco da CPI. Porque aparentemente não era só com negócio de Petrobras que o Youssef mexeu. Mexeu em outras coisas também, uma lavanderia completa”, disse. No domingo, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse ser favorável à apuração das declarações de Meire na CPI.

Conselho de ética – As declarações de Meire repercutiram também no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. O deputado Marcos Rogério (PDT-RO), relator do processo aberto contra o colega Luiz Argôlo no conselho, disse que também pode convidar Meire a depor. “Ela pode esclarecer o que significa ser um dos mais assíduos no escritório de Youssef e qual o tipo de negócio que eles tinham”, disse Marcos Rogério. “Se era uma relação empresarial ou de amizade”. Argôlo responde a um processo de quebra de decoro parlamentar por envolvimento com o doleiro.

Três políticos no bolso de Youssef

Deputado André Vargas (sem partido) – “O André Vargas ajudou o Beto a lavar 2,4 milhões de reais. Como pagamento, ele ganhou uma viagem de jatinho. Eu mesma fiz o pagamento”
Deputado André Vargas (sem partido) – “O André Vargas ajudou o Beto a lavar 2,4 milhões de reais. Como pagamento, ele ganhou uma viagem de jatinho. Eu mesma fiz o pagamento” (VEJA)
“O André Vargas ajudou o Beto a lavar 2,4 milhões de reais. Como pagamento, ele ganhou uma viagem de jatinho. Eu mesma fiz o pagamento”

Deputado André Vargas (sem partido)

Senador Fernando Collor (PTB) – “O Beto fez os depósitos para o ex-presidente Collor a pedido do Pedro Paulo Leoni Ramos (ex-auxiliar do senador e também envolvido com o doleiro). Ele guardava isso como um troféu”
Senador Fernando Collor (PTB) – “O Beto fez os depósitos para o ex-presidente Collor a pedido do Pedro Paulo Leoni Ramos (ex-auxiliar do senador e também envolvido com o doleiro). Ele guardava isso como um troféu” (VEJA)
“O Beto fez os depósitos para o ex-presidente Collor a pedido do Pedro Paulo Leoni Ramos (ex-auxiliar do senador e também envolvido com o doleiro). Ele guardava isso como um troféu”

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Senador Fernando Collor (PTB)

Deputado Cândido Vacarezza (PT) – “O Vacarezza precisava pagar dívidas de campanha. Um assessor dele me procurou em 2011 para apresentar um negócio com fundos de pensão no Tocantins”
Deputado Cândido Vacarezza (PT) – “O Vacarezza precisava pagar dívidas de campanha. Um assessor dele me procurou em 2011 para apresentar um negócio com fundos de pensão no Tocantins” (VEJA)
“O Vacarezza precisava pagar dívidas de campanha. Um assessor dele me procurou em 2011 para apresentar um negócio com fundos de pensão no Tocantins”

Deputado Cândido Vacarezza (PT)

(Com Estadão Conteúdo)

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