Registrado não é roubado
Além de enfrentar o custo Brasil, donos de fazendas nas fronteiras dos estados são vítimas de sobreposições cartoriais e fraudes
O produtor rural não enfrenta apenas as rodovias esburacadas, o custo Brasil e as adversidades climáticas. Os corajosos que se aventuram em áreas fronteiriças ainda podem ter suas propriedades compradas de boa-fé contestadas judicialmente do dia para a noite.
O gaúcho João Carlos Rodrigues de Oliveira sabe o que é isso. Há dezoito anos ele recebeu como pagamento por uma dívida a fazenda Coxilha do Sul em Barreiras do Piauí. Tem lá 1.000 cabeças de gado e planta 1.200 hectares de soja. Só que a mesma área que pertence a Oliveira no estado do Piauí foi registrada na cidade de Mateiros, no Tocantins, no nome de uma lavradora de Babaçulândia que afirma nunca ter pisado naquelas terras. Hoje, a fazenda é alvo de uma batalha judicial movida contra Oliveira pelos grileiros. A desorganização das burocracias estaduais virou a vida do fazendeiro pelo avesso. “Aquele lugar é a minha vida”, diz.
A história de Oliveira não é um caso isolado. Apenas na região de Barreiras do Piauí, donos de outros 200.000 hectares enfrentam problemas semelhantes. “Os riscos de se investir na região do Mapitoba são maiores do que em áreas agrícolas já consolidadas. A terra pode ter registros de propriedade em quatro estados diferentes”, diz Renato Rasmussen, analista de mercado de grãos do Rabobank no Brasil.
Infográfico: A Expedição VEJA, quilômetro a quilômetro
Datas* | Cidade |
---|---|
6/5 | Jundiaí/SP |
7/5 | Joinville/SC |
9/5 | Não-me-toque/RS |
11/5 | Guarapuava/PR |
12/5 | Três Lagoas/MS |
14/5 | Rondonópolis/MT |
15/5 | Sorriso/MT |
17/5 | Barra do Garças/MT |
18/5 | Brasília/DF |
19/5 | Luis Eduardo Magalhães/BA |
21/5 | Cristino Castro/PI |
22/5 | Picos/PI |
23/5 | São Gonçalo do Amarante/CE |
25/5 | Tauá/CE |
26/5 | Petrolina/PE |
28/5 | Irecê/BA |
29/5 | Janaúba/MG |
30/5 | Sete Lagoas/MG |
1/6 | Porto Real/RJ |
3/6 | São José dos Campos/SP |