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PTN, o partido entre o tostão e o milhão

VEJA desta semana mostra como a sigla que lançou Jânio Quadros - do "varre, varre, vassourinha" - negociou 1 milhão de reais para apoiar a reeleição de Eduardo Paes, no Rio

Por Cecília Ritto e Thiago Prado
29 set 2012, 07h33

O PTN está aliado na capital paulista ao candidato que encabeça as pesquisas de intenções de voto, Celso Russomanno, do PRB. A presidente do PTN-SP, Renata Abreu, chegou a ser indicada como vice da chapa paulistana, mas o projeto não se concretizou. Atualmente, Renata integra o conselho político da campanha de Russomanno

O Partido Trabalhista Nacional, PTN, é um dos nanicos da coligação de 20 siglas que apoia a candidatura do peemedebista Eduardo Paes à reeleição. A sopa de letrinhas que compõe a base de Paes tem, entre outros efeitos, o de evitar a multiplicações de candidaturas – pois, com maior número de candidatos, fica mais difícil resolver o pleito em primeiro turno. A extensão da base aliada do PMDB é um dos pontos que o atual prefeito precisa explicar repetidas vezes, em entrevistas e debates. Paes tem a defesa na ponta da língua: “Governei fazendo aliança sem prostituir o meu governo”, diz, fazendo referência à mescla de 15 siglas que o elegeu em 2008. As minúcias da negociação da candidatura do prefeito com o PTN tornam mais delicada a tese de Paes.

Em VEJA desta semana, a coluna Radar expõe os termos do PTN para dar o braço a Paes em 2012. O mecanismo de troca de dinheiro por apoio tem o mesmo DNA do mensalão do PT – algo que Eduardo Paes combateu em 2005, como sub-relator da CPI dos Correios. O PMDB ofereceu um milhão de reais ao presidente estadual do PTN, Jorge Sanfins Esch, em troca da aliança com o prefeito.

Deve-se ressaltar o seguinte: a transferência de dinheiro entre partidos políticos é legal, desde que cumpridas condições da Justiça Eleitoral. Mas a gravação das conversas no PTN mostram que o “milhão” em questão é resultado da seguinte soma: 150.000 a 200.000 reais iriam para campanhas dos candidatos ao cargo de vereador pelo partido; outros 800.000 reais saldariam uma “dívida” da prefeitura com Sanfins Esch, da época em que ele ocupava, no governo de Cesar Maia, o Conselho de Administração da RioLuz.

Jorge Sanfins Esch, presidente do PTN do Rio, afirma que o PMDB ofereceu 1 milhão por apoio
Jorge Sanfins Esch, presidente do PTN do Rio, afirma que o PMDB ofereceu 1 milhão por apoio (VEJA)
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Sanfins Esch afirmou que, para aderir à base aliada, o presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, prometeu agilizar o pagamento – uma troca de favores. Picciani é um dos principais nomes peemedebistas no Rio e foi braço-direito do governador Sérgio Cabral no primeiro mandato, quando era presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Na última eleição, tentou o Senado, mas ficou em terceiro lugar. O currículo de Picciani tem outra passagem pouco invejável: ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal por suposto envolvimento com trabalho escravo.

O PTN não tem representação no Congresso. Na última eleição, em 2010, fez duas apostas: Suelem Aline Mendes Silva e Adilson José Rodrigues – nomes de batismo, respectivamente, da Mulher Pera e de Maguila. Os dois não conseguiram se eleger. Este ano, o PTN lançou 7.451 candidatos, dos quais 80 a prefeito, 138 à vice-prefeitura e 7.233 à vereança. Em relação ao ano de 2008, na última eleição para prefeitos e vereadores, o partido teve um aumento de 48,25% de candidaturas. Em números absolutos, são 2.425 pessoas a mais tentando um cargo público pelo PTN. Muitas das cidades onde o partido lançou candidato próprio são de pequeno porte. Há chapas ‘puro-sangue’ em alguns municípios como água Branca do Amapari, no Amapá, Itapiranga, no Amazonas, e José de Freitas, no Piauí.

No estado do Rio, o PTN concorre à prefeitura de Duque de Caxias, Itaguaí e Mesquita, na Baixada Fluminense. O candidato a prefeito e a vice pelo PTN em Macaé, no norte do estado, estão inaptos a permanecer no pleito, segundo informa a Justiça Eleitoral.

Radar: Gravação mostra presidente de partido nanico comemorando acerto de um milhão de reais para apoiar reeleição de prefeito

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Entrevista: Presidente do PTN do Rio: Mais partidos receberiam dinheiro para apoiar Eduardo Paes

Russomanno – O PTN está aliado na capital paulista ao candidato que encabeça as pesquisas de intenções de voto, Celso Russomanno, do PRB. A presidente do PTN-SP, Renata Abreu, chegou a ser indicada como vice da chapa paulistana, mas o projeto não se concretizou. Atualmente, Renata integra o conselho político da campanha de Russomanno. Faz parte das incumbências do conselho rodar pelas subprefeituras para ouvir as reclamações dos eleitores.

São Paulo, aliás, é a cidade onde o PTN foi estruturado. O partido obteve o registro provisório em 6 de outubro de 1945. Um ano depois, conseguiu o registro definitivo. O principal nome da legenda é, por ironia, o de Jânio Quadros, do “varre, varre, vassourinha”, em uma alusão à tentativa de “moralizar” a política. Foi assim que a campanha presidencial de Jânio à Presidência o levou ao cargo mais alto da República. O ícone do PTN, que usava também a frase do “tostão contra o milhão”, ficaria agora envergonhado.

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