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PT oficializa candidatura de Dilma e inicia sua mais dura campanha desde 2002

Com índices de popularidade e intenção de votos em queda, sem uma grande marca e com a economia patinando, Dilma será oficializada neste sábado como candidata à reeleição

Por Gabriel Castro, de Brasília
21 jun 2014, 08h38

Na noite do dia 2 de maio, o PT promoveu em São Paulo um encontro nacional com seus dirigentes, convocado para respaldar a pré-candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Porém, tão logo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou o microfone, ficou claro que o objetivo do era outro. Além da tradicional artilharia contra tudo e contra todos que não apoiam a gestão do PT, Lula fez um discurso para aplacar uma corrente que ganhava força no partido para que ele assumisse a candidatura ao Palácio do Planalto no lugar de Dilma. Naquela semana, inclusive, o “Volta, Lula” ecooava em siglas aliadas. Lula deu o recado: “Precisamos parar de imaginar que existe outro candidato que não a Dilma neste partido. Quando a gente brinca com isso os adversários tiram proveito. Se um dia eu tivesse que ser candidato a alguma coisa, a primeira a saber seria a presidente Dilma Rousseff”. Neste sábado, o PT realizará a Convenção Nacional para oficializar o nome de sua presidente-candidata. E caberá a Lula, mais uma vez, a tarefa de acalmar as alas do partido que ainda não se convenceram que insistir em Dilma seja o melhor caminho.

A Convenção Nacional do partido, em Brasília, dará a largada à mais difícil disputa do PT pelo Palácio do Planalto desde 2002. Depois de passar boa parte de seu governo ostentando altos níveis de popularidade, Dilma entra na corrida com índices alarmantes. Pesquisa Ibope divulgada na última quinta-feira aponta a petista com 31% de aprovação popular, o mesmo nível a que a presidente marcava em julho do ano passado, após a onda de protestos que sacudiu o país.

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Em 2010, Dilma era a novidade – ou o “poste” Lula para os adversários – contra o tucano José Serra, que já havia disputado uma eleição presidencial. Agora, as pesquisas mais recentes indicam que terá dois rivais na campanha: Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Ambos adotaram discursos – o tucano mais duro – de que Dilma mostrou-se incapaz de enfrentar problemas estruturais do Brasil e interfere maisdo que o antecessor nos rumos da política econômica, o que tem assustado investidores estrangeiros e minado a reputação conquistada a duras penas pela retidão macroeconômica. Mais: o fantasma da inflação dá sinais de que veio para ficar.

Os protestos de junho do ano passado derrubaram mais da metade da aprovação da presidente, que até então desfrutava de altos índices de popularidade. Apesar de liderar todas as pesquisas de intenção de voto, Dilma tem caído em todas elas. E não há no horizonte nenhuma grande realização do governo que possa alterar o panorama eleitoral – poucos acreditam que uma vitória brasileira na Copa do Mundo, por exemplo, devolva eleitores à presidente.

As promessas para o eventual segundo mandato reforçam a sensação de que Dilma não tem nada novo a oferecer. As diretrizes do programa de campanha, aprovadas no mês passado pelo PT, se limitam a promessas genéricas a respeito de problemas que ela não conseguiu resolver em seu primeiro mandato.

A pesquisa de popularidade da CNI/Ibope divulgada na última quinta confirma a situação delicada da presidente. Apenas 31% dos eleitores consideram o governo ótimo ou bom. A rejeição é de 43%, no limiar daquilo que os analistas eleitorais passam a considerar o sucesso eleitoral inviável. Mais da metade dos entrevistados desaprovam a forma como o governo está sendo conduzido.

Uma das apostas eleitorais da gestão atual, o programa Mais Médicos, não foi capaz de reduzir a elevada insatisfação popular com a saúde: 78% das pessoas ouvidas pelo Ibope têm uma avaliação negativa do desempenho do governo nessa área. Os números da desaprovação ficam na casa dos 70% quando o assunto é violência, o combate à inflação e os impostos.

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Das eleições de 2010 para cá, Dilma perdeu seu principal conselheiro: Antonio Palocci, que foi ministro da Casa Civil o início do governo. Ela também vê partidos aliados, como o PMDB e o PR, em disputas internas que podem enfraquecer seus palanques pelo Brasil.

O poder de pressão da máquina partidária não deve ser tão grande em 2014. O PT, rechaçado pelas manifestações populares e atingido pela solidariedade aos criminosos do mensalão, perdeu parte de sua força popular. Ainda assim, é o partido com maior identidade entre os eleiotores e, de longe, o que tem maior número de militantes. Segundo as pesquisas, queda na popularidade da presidente veio acompanhada de um aumento no número de pessoas que pretendem votar branco ou nulo. Ou seja: nem todos os eleitores que deixaram Dilma passaram para o campo de seus adversários. É a isso que os petistas se apegam agora.

Para Dilma, a companhia de Lula representa simultaneamente uma vantagem e um risco. O ex-presidente ainda é o maior cabo eleitoral do país, mas Dilma terá de lidar com a pressão constante de petistas para que ele seja o candidato – a legislação eleitoral permite que o nome do seja trocado até 15 de setembro. Mas, pelo menos neste sábado, a convenção petista foi convocada para anunciar que a candidata será ela.

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