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PT busca conter danos do caso Gaievski e preservar Gleisi

Episódio, no entanto, gera desconforto em políticos do estado e soma-se aos demais problemas enfrentados pela ministra para chegar ao Palácio do Iguaçu

Por Marcela Mattos e Gabriel Castro, de Brasília
6 set 2013, 15h36

Desde a denúncia contra o ex-assessor especial da Casa Civil Eduardo Gaievski por abuso sexual de menores, o PT se esforça para evitar que o episódio afunde as pretensões eleitorais da ministra Gleisi Hoffmann ao governo do Paraná.

A resposta do governo e do partido à eclosão do escândalo foi imediata – e fulminante. Um dia após VEJA ter revelado que Gaievski era investigado pela Justiça de Realeza, cidade no interior paranaense onde foi prefeito, a Casa Civil afastou o assessor até a conclusão das investigações sobre as circunstâncias e a veracidade das denúncias. No último sábado, após o ex-prefeito ter sido preso por estupro de vulnerável, Gleisi emitiu um comunicado oficial pelo qual tentou se distanciar da figura do assessor nomeado por ela. “Jamais compactuei ou compactuarei com crimes, ignorando-os ou acobertando-os”, disse ela.

A pronta reação, no entanto, não será capaz de sanar o impacto do caso no Paraná, na avaliação de políticos locais. O deputado federal Fernando Francischini (PSDB-PR) resume como o caso chegou ao estado de Gleisi: “Foi um tsunami aqui no Paraná. O Gaievski era um dos principais assessores da ministra. Ele cuidava de todos os prefeitos. Uma eleição de governador é feita em cima de prefeito”, conta.

“A marca desta figura trouxe uma grande dificuldade para a candidatura dela”, analisa o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR). “Claro que Gleisi não tem culpa, mas a complexidade da vida dupla deste assessor e a conjuntura, que impõe muita cobrança aos políticos, são apenas dois dos muitos componentes que podem trazer prejuízos à imagem da candidata”, completa.

Na contramão da estratégia dos demais ministros-candidatos, que têm aproveitado agendas com a presidente para estar presentes nos estados que aspiram ao governo, a ministra da Casa Civil não voltou ao Paraná desde que a denúncia tornou-se pública. Na cúpula do PT paranaense, a orientação é pregar o discurso de que o caso já é página virada. “A imagem [de Gaievski] não está vinculada ao partido. O que ele fez está apenas vinculado à pessoa dele. Ele era filiado e cometeu um crime. Nós o afastamos, não há o que fazer”, afirmou o presidente estadual da legenda, Ênio Verri. “Não temos mais o que falar sobre isso.”

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O episódio deve colocar a ministra da Casa Civil no alvo dos protestos marcados para o 7 de setembro no Paraná. Apesar de considerar o caso “mais policial do que qualquer outra coisa”, o deputado estadual petista Tadeu Veneri, admite que o governo falhou ao observar apenas o lado profissional de Gaievski em sua nomeação para assessor da Casa Civil. “É uma situação grave, ninguém pode negar que houve uma falha de estrutura. As análises de contratação do assessor da Casa Civil foram feitas de forma superficial. Não tomaram cuidado de avaliar além do currículo de Gaievski”, diz.

Pessoas que conhecem o município de Realeza e que acompanharam a trajetória de ex-assessor especial afirmam que sua fama e seu histórico controverso eram notórios na cidade. Mas, como o petista era um prefeito respeitado e considerado bom administrador, o assunto acabou sendo ignorado e visto como uma questão pessoal.

Considerado como uma pessoa ambiciosa, Gaievski almejava chegar a deputado estadual e se aproximou do Planalto visando dar essa guindada em sua carreira política. “Várias pessoas com história dentro do partido alertaram sobre sua figura, sua personalidade e suas atitudes abusivas e temerárias. Para nós, do Partido dos Trabalhadores, é triste. É lamentável”, manifestou-se, em nota pública, o deputado federal Assis do Couto. O parlamentar, um dos poucos petistas a contestar o episódio, afirmou que o PT devia pedir desculpas à sociedade.

Ao site de VEJA, antes de ser preso, Gaievski negou as acusações de oferecer dinheiro a meninas pobres em troca de sexo e afirmou ser vítima de perseguição política promovida por adversários.

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Obstáculos – O caso Gaievski soma-se aos demais obstáculos enfrentados por Gleisi para chegar ao Palácio do Iguaçu. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) lembra que, independentemente do impacto do episódio sobre a campanha da ministra, a pré-candidatura da petista deve enfrentar dificuldades por causa da resistência a candidatos do PT no Paraná. “O PT nunca venceu uma eleição majoritária no estado. A estrutura do partido aqui é pequena”, diz ele. Até agora, a ministra tem aparecido nas pesquisas ora em terceiro, ora em quarto lugar.

Gleisi também terá problemas para compor seu palanque: o governador Beto Richa (PSDB) costurou uma ampla base de apoio nos últimos anos – em alguns casos, à custa de divergências com integrantes do próprio partido. Agora, ele deve colher os frutos de sua estratégia: PSB, PPS, PP, DEM e PSC, além de legendas menores, tendem a caminhar com o governador.

A petista, por sua vez, tem aliança garantida apenas com o PDT, do prefeito curitibano Gustavo Fruet. O PV também é potencial parceiro. Mas o principal aliado no plano nacional, o PMDB, ainda não se definiu: os deputados estaduais são próximos ao tucano Beto Richa, enquanto o senador Roberto Requião sonha em disputar o cargo de governador.

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