Promotor quer proibir festas ‘open bar’ em Bauru
Libório Nascimento argumenta que a medida vai reduzir riscos ao público jovem. Estudante da Unesp morreu ao ingerir 25 doses em festa do tipo
Promotores de Justiça de Bauru, no interior paulista, anunciaram que vão pedir a proibição de festas open bar na cidade. A informação foi divulgada quatro dias após a morte do estudante da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Humberto Moura Fonseca, de 23 anos, que morreu ao participar de uma competição para ver quem bebia mais em uma festa com bebidas à vontade. Ele ingeriu pelo menos 25 doses de álcool.
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Libório Nascimento, da Promotoria dos Direitos do Consumidor, disse que procura um dispositivo jurídico para solicitar a proibição, que deverá constar como resultado de inquéritos abertos contra festas clandestinas, sobre a morte de Fonseca e a internação de outros três estudantes no dia do evento – desses, Gabriela Alves Correa, de 23 anos, ainda está no Hospital Estadual de Bauru e deve receber alta nesta quinta-feira.
“Sabemos que muitos jovens abusam da bebida por ela estar à disposição. Os consumidores também não conseguem checar a qualidade das bebidas servidas geralmente em copos descartáveis”, disse Nascimento. “Nosso objetivo é pedir o fim dessas festas para reduzir os riscos que a bebida, distribuída à vontade, pode causar ao público juvenil”, afirmou.
Os promotores pediram à Secretaria de Saúde de Bauru a lista dos estudantes que buscaram atendimento no sábado para formar a agenda de depoimentos de testemunhas. Além da Promotoria dos Direitos do Consumidor, os inquéritos também têm a participação das Promotorias de Habitação e Urbanismo e da Criança e do Adolescente.
Surpresa – O laudo necroscópico de Fonseca, divulgado na quarta-feira, surpreendeu os parentes do estudante, que não sabiam que o jovem tinha problemas cardíacos preexistentes. De acordo com o Instituto Médico-Legal (IML), Fonseca era cardiopata – tinha o coração dilatado e estreitamento nas coronárias. Para os médicos-legistas, o consumo exagerado de álcool pode ter agravado o problema, reduzindo a circulação do sangue para o coração e causando o enfarte.
O resultado do exame, porém, não altera a linha de investigação da Polícia Civil, que apura contra os estudantes Luís Henrique Menegatti, de 22 anos, e Gabriel Juncal Pereira, de 25, organizadores da festa, crimes de homicídio e três lesões corporais com dolo eventual. Para o delegado Kleber Granja, eles assumiram os riscos ao fazer a festa sem alvará. O advogado de defesa, Luiz Celso de Barros, não foi localizado para comentar o assunto.
(Com Estadão Conteúdo)