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Pressionado, Temer deixa a articulação política do governo

Decisão foi comunicada nesta segunda à presidente Dilma. Gesto é encarado por peemedebistas como um aceno à oposição

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 24 ago 2015, 16h16

O vice-presidente da República, Michel Temer, informou nesta segunda-feira à presidente Dilma Rousseff que não vai mais ser responsável por discutir com aliados a liberação de emendas e a nomeação de cargos no segundo e terceiro escalões – o que, na prática, o afasta da articulação política do governo. Temer assumiu a função de articulador em abril como uma esperança de pacificação da rebelde base aliada no Congresso, função que os antecessores Pepe Vargas e Ideli Salvatti não conseguiram exercer. No entanto, após problemas com a equipe palaciana e a própria Dilma, o peemedebista entregou o cargo.

Em reunião com a presidente nesta segunda, Temer afirmou que deixa o “varejo” da articulação, mas segue à frente da “macropolítica”, participando das reuniões semanais da coordenação política. Oficialmente, o argumento para o afastamento do vice é a conclusão da votação das medidas de ajuste fiscal no Congresso. Temer foi alçado ao cargo justamente com a missão de convencer os aliados a darem aval às impopulares medidas para resgatar a economia brasileira. No entanto, ao acumular a função, o vice acabou se desentendendo com a equipe de Dilma.

Um dos pontos de tensão se deu nas negociações da liberação de emendas – recurso que parlamentares recebem para injetar em suas bases eleitorais. Temer chegou a prometer a liberação de 500 milhões de reais, mas foi desautorizado pelo Ministério da Fazenda, comandado por Joaquim Levy. A aliados, o vice reclamava da falta de autonomia no cargo que lhe fora confiado.

Outro fator que contribuiu para o desgaste de Temer foi sua recente declaração de que alguém precisaria reunificar o país diante das crises política e econômica. A manifestação do vice-presidente foi interpretada por petistas como a senha de que ele próprio estaria se apresentando para assumir a função. A partir daí, Dilma passou a assumir pessoalmente algumas atribuições do vice.

Assessores próximos ao peemedebista relataram que ele vinha sofrendo pressão de todos os lados – desde parlamentares sedentos por emendas a peemedebistas que defendem o rompimento com o governo. Conforme relato da equipe palaciana, Temer deixou a reunião nesta manhã com um sorriso, o que contrasta com a irritação demonstrada desde que assumiu o posto.

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O desembarque de Temer, avaliado com congressistas como um bom negociador, pode piorar a relação do governo com o Congresso. No início deste mês, as bancadas do PTB e do PDT na Câmara declararam independência e deixaram a base aliada, já fragilizada após o rompimento do presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) com o Planalto.

O gesto de Temer é encarado por peemedebistas como um aceno à oposição, principalmente depois da manifestação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que defendeu publicamente a renúncia da Dilma como “um gesto de grandeza”. “Logicamente, é uma sinalização de que a oposição pode confiar nele, caso assuma o governo”, resume um deputado, vislumbrando a renúncia ou o impeachment da presidente.

Homem de confiança de Dilma, o assessor especial da Presidência Giles Azevedo é cotado para assumir a função do peemedebista. Ele já participa das reuniões da equipe política e tem agido para blindar o governo nas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) criadas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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