Presidente da Alstom nega envolvimento da empresa em cartel do metrô
Em depoimento à CPI dos Transportes, Marcos da Costa afirmou não ver indícios de negociação de contratos nem pagamento de propina a políticos
O presidente da Alstom no Brasil, Marcos Costa, negou ontem que a multinacional francesa tenha participado de cartel em licitações de trens e metrô de São Paulo. Ele afirmou ainda que a empresa não pagou propina a políticos. “A Alstom não participa de cartel e não vê indícios de formação de cartel. Não posso dizer de algo que a empresa não participou. Não temos essa identificação de desvio de conduta de funcionários”, afirmou Costa em depoimento prestado à CPI dos Transportes da Câmara Municipal, que também passou a investigar as denúncias de cartel no setor metroferroviário.
Costa fez menção ao acordo de leniência assinado em maio pela Siemens com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Nele, a empresa delatou um acerto entre concorrentes pelos contratos do setor metroferroviário – do qual também teria feito parte a Alstom. Em troca da delação do esquema ao Cade, a Siemens terá um abrandamento de eventuais punições.
O presidente da Alstom também reforçou que a multinacional francesa não pagou propina a políticos. Em outubro foi divulgado um e-mail enviado pelo ex-presidente da empresa no Brasil José Luiz Alquéres, no qual ele “recomenda enfaticamente” a diretores da Alstom que utilizem os serviços do consultor Arthur Teixeira, apontado pelo Ministério Público como lobista e pagador de propinas a servidores públicos de estatais do setor metroferroviário, entre 1998 e 2003. Na correspondência, de 18 de novembro de 2004, Alquéres destacou o “bom relacionamento com governantes paulistas”. Atualmente, Alquéres é membro do conselho estratégico da Alstom.
“Todos os nossos contratos de consultoria são absolutamente legais. Serviços foram prestados e pagos em função desses serviços. Contratamos consultorias reconhecidas. A Alstom não paga propina. A Alstom não contrata lobista”, disse Costa aos vereadores da CPI.
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O vereador Milton Leite (DEM), um dos membros da comissão parlamentar, disse que a Alstom é uma “organização criminosa” e questionou Costa em relação ao histórico da empresa francesa. Segundo o parlamentar, a multinacional foi processada em vários países por pagamento de propina.
A CPI dos Transportes foi instalada em julho na Câmara após a onda de protestos pela redução das tarifas do transporte público. Só depois ela passou a investigar as denúncias de cartel.
(Com Estadão Conteúdo)