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Pow! Soc! Crash! O Batman do Capão enfrenta Haddad

Fantasiado de super-herói, pintor cobrou o prefeito Fernando Haddad por melhorias na saúde pública durante visita a uma creche na Zona Sul da cidade

Por Mariana Zylberkan
11 jun 2014, 21h45

Foi uma pneumonia que levou o Batman do Capão Redondo ao encontro do prefeito Fernando Haddad (PT), nesta quarta-feira. Indignado com a precariedade do sistema de saúde da cidade, depois de ficar nove horas até ser atendido e medicado na unidade da AMA (Atendimento Médico Ambulatorial) perto de sua casa, em uma área desassistida da periferia da Zona Sul, Batman foi pessoalmente questionar o prefeito. Acompanhado do Homem-Aranha, que filmou toda a ação, ele foi à Emei (creche) do Campo Limpo durante agenda pública de Haddad para perguntar o motivo da falta de insumos básicos na AMA – como agulha apropriada para aplicação de soro. “Tentei marcar reunião com ele várias vezes e não consegui. Fui até cordial, mas, se nada mudar, na próxima vez será diferente”, diz o Batman, que gastou 280 reais para comprar os medicamentos receitados que estavam em falta no ambulatório. “Só me deram o mais barato, o paracetamol.”

O Batman do Capão Redondo, que nunca revela sua identidade, apenas a idade, 39 anos, e o apelido de “Ursão” em seu bairro, já tinha tentado chamar a atenção de Haddad na última segunda-feira, quando desceu a Ponte Estaiada, na Zona Sul de São Paulo. Antes disso, na semana passada, ele fez o mesmo no prédio da Câmara Municipal. Diferente do super-herói, ele desce de edifícios usando cordas e o resto do kit de pintor predial, profissão que exerce há mais de vinte anos. A manobra radical na ponte chamou a atenção, mesmo, dos policiais que o levaram para a delegacia. Ele já está acostumado a ser detido em protestos. Junto com o Zorro, a Mulher-Gato, o Homem-Aranha e até Jack Sparrow, entre outros personagens da ficção, o Batman integra o grupo Loucos pela Paz, formado por doze pessoas que, desde 2012, usam fantasias para protestar. Na última segunda-feira, Batman chegou à sua vigésima detenção, algumas registradas em sua página no Facebook. Nas fotos, os policiais demonstram bom humor ao colocar um super-herói no camburão.

Antes de defender a bandeira da saúde, o Batman do Capão Redondo já cobrou o governador Geraldo Alckmin sobre a insegurança pública. Foi uma onda de assassinatos em seu bairro que levou o pintor a formar o grupo de super-heróis manifestantes, há dois anos. “Andava na rua e tinha que literalmente desviar de cadáveres. Vivemos uma guerra civil.”

A escolha pela fantasia do parceiro de Robin não evidencia nenhuma predileção entre os super-heróis, mas, na verdade, uma circunstância. Quando teve a ideia de formar o Loucos pela Paz, ele saiu em busca de uma fantasia de Homem-Aranha, mas nenhum modelo serviu em seus 125 quilos e 1,90 metro de altura. “Até tentei, mas virei o Gordo-Aranha e desisti.”

Mesmo como Batman, ele tem a companhia da Mulher-Aranha, fantasia usada por sua mulher nos protestos. O apoio da família se estende aos seus dois filhos, de 12 e 4 anos. “Eles adoram ter um pai Batman.”

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Após a abordagem a Haddad, Batman – que não, não tem um bat-fone – recebeu a ligação de um assessor do prefeito que lhe ofereceu um encontro com o secretário municipal de saúde, José de Filippi Júnior. Na lista de perguntas, a razão por que a pasta é comandada por um engenheiro e não um profissional da área de saúde: “Se alguém quer pintar uma parede, chama um pintor e não outro profissional.”

Enquanto espera a reunião na prefeitura, Batman planeja protestar durante a Copa. Ele diz que irá participar, à paisana, das manifestações previstas para esta quinta-feira, data da abertura do campeonato no estádio do Itaquerão, na Zona Leste da cidade. “Vou de Bruce Wayne, só para filmar.”

Batman diz ser terminantemente contra o quebra-quebra em manifestações. “Temos como princípio não quebrar nada e nem atrapalhar a vida de ninguém.”

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