Polícia quer descobrir qual dos primos de Bruno está mentindo sobre o assassinato de Eliza Samudio
Principal contradição é sobre a presença do goleiro no momento da morte da jovem. Para advogado de Sérgio Sales, acareação vai inocentar seu cliente
Sérgio Sales incrimina Bruno e afirma que não esteve no local de crime. Adolescente isenta Bruno de participação direta na morte de Eliza e diz que Sério foi à casa onde houve a execução
Policiais que investigam o sequestro e morte de Eliza Samudio pretendem esclarecer, esta semana, um dos pontos centrais do inquérito: qual dos primos do goleiro Bruno Fernandes está falando a verdade. Responsáveis pelos dois depoimentos mais reveladores sobre o desaparecimento da jovem, Sérgio Rosa Sales e o menor de 17 anos, que confessou participação no crime, apresentaram à polícia detalhes importantes sobre os últimos dias de Eliza, mas entram em conflito em relação à participação de Bruno na cena do crime e em relação ao papel desempenhado pelo próprio Sérgio.
O advogado Marco Antônio Siqueira, que defende Sérgio, afirmou que uma acareação com o adolescente pode fazer com que seu cliente passe da condição de suspeito para a de testemunha. “Esta acareação é importantíssima para as investigações. As contradições vão ser esclarecidas”, acredita Siqueira.
Sérgio e o menor contaram à polícia que Eliza foi agredida, ficou em um quarto usado como cativeiro no sítio em Esmeraldas e que Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, coordenava as ações do grupo. Mas a concordância entre os depoimentos termina aí.
Na versão do adolescente, Bruno deixou o sítio e deixou para Macarrão “resolver o problema”. Ele afirmou ainda, em seu primeiro depoimento, que Sérgio Rosa Sales segurava o menino Bruninho enquanto Eliza era sacrificada. Ou seja: o menor protege o goleiro e incrimina o primo maior de idade.
Sérgio apresentou outra versão à polícia: contou que Bruno se juntou a Macarrão, o menor e Eliza, com Buninho, na noite em que ela foi levada para ser assassinada em Vespasiano. E alega que ele, Sérgio, permaneceu no sítio, isentando-se de participação na parte mais macabra do crime e incriminando o jogador.
O último depoimento de Sérgio ocorreu na quinta-feira, 8 de julho, em Belo Horizonte. Já o adolescente falou à Divisão de Homicídios do Rio, à polícia mineira e, na última sexta-feira, 9, à 2ª Vara da Infância e da Juventude, no Rio. A cada depoimento, o menor acrescentou novos detalhes.
A mudança de relato mais significativa ocorreu no depoimento que o jovem prestou à Justiça. Na sexta-feira, ele admitiu que Eliza, antes de ser transportada para Belo Horizonte, passou a noite do dia 4 para o dia 5 em uma casa na zona oeste – supostamente no Recreio dos Bandeirantes.
Investigação paralela – Marco Antônio Siqueira vai adotar estratégia semelhante ao dos advogados de Bruno para tentar inocentar seu cliente. Ele afirmou, na tarde desta terça-feira, que pretende pedir uma perícia paralela para comprovar a versão de que Sério Sales não tem participação no crime e apenas esteve no sítio no momento em que Eliza era mantida em cativeiro. Em seu relato, Sérgio afirmou que estranhou o fato de, entre os dias 8 e 9, ter sido impedido de entrar em partes da casa do sítio do goleiro – o que antes nunca havia sido negado a ele.
O perito contratado por Siqueira é o delegado aposentado Willer Vidigal, que atua com perícia independente. “Nosso objetivo não é confrontar o trabalho da Polícia Civil. Busco a verdade dos fatos para provar a inocência do meu cliente”, afirmou Siqueira.