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Polícia Militar desocupa favela depois de intenso confronto

Pelo menos 12 pessoas ficaram feridas e mais de 20 foram levadas à delegacia

Por Da Redação
11 abr 2014, 12h49

(Atualizado às 13h30)

Às 11 horas desta sexta-feira, a Secretaria de Segurança do Estado do Rio informou ter concluído a reintegração de posse do terreno da empresa de telefonia Oi, situado no Engenho Novo, Zona Norte do Rio, e invadido no dia 31 de março por cerca de 5.000 pessoas. O anúncio foi feito seis horas depois do início da desocupação, marcada por um intenso confronto entre policiais militares e invasores, que ainda incendiaram ônibus, caminhões e viaturas, e também depredaram veículos da imprensa, agências bancárias e supermercados. Doze pessoas ficaram feridas – entre elas, cinco agentes apedrejados – e mais de vinte foram detidas.

O porta-voz da PM, tenente-coronel Cláudio Costa, negou qualquer registro de óbito durante a intervenção dos policiais. Moradores haviam afirmado que três crianças foram mortas pelos agentes, que teriam entrado nos prédios atirando com armas de fogo – acusação também negada pela corporação. “Bombeiros informam que ninguém ficou ferido gravemente. Dos sete atendidos, três foram liberados no local”, informou a secretaria, por meio de seu perfil no Twitter. Apesar de a pasta considerar o trabalho concluído, a situação ainda continuava tensa no local, por volta do meio-dia, com ações isoladas de vândalos.

Sete quartéis próximos foram acionados para reforçar o contingente de 1.600 PMs acionados para atuar na reintegração de posse – incluindo Bope, Batalhão de Choque, Batalhão de Ações com Cães e do Grupamento Aeromóvel (GAM). “Policiamento continua reforçado na região pelo período que as forças de segurança considerarem necessário”, disse Cláudio Costa, segundo o Twitter do governo do Estado. “A PM continua acompanhando as atividades no local, filmando com dois helicópteros que transmitem imagens direto ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC)”, acrescentou o tenente-coronel.

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Infiltrados – Em entrevista ao telejornal RJTV, o porta-voz da PM declarou ainda que o serviço de inteligência da corporação investiga o envolvimento de facções criminosas nos atos de vandalismo e violência que se espalharam até para bairros vizinhos. Houve registro de tiros disparados por criminosos nas favelas do Jacarezinho e do Rato Molhado, de acordo com o Bope. A mesma região foi atingida por ataques orquestrados por traficantes há alguns dias. “O reforço no entorno do prédio vai permanecer nos próximos dias, incluindo o fim de semana. O comandante da área vai fazer uma avaliação”, enfatizou ele.

Em meio à confusão, uma cena inusitada chamou a atenção de quem passava pela Avenida Leopoldo Bulhões, na altura do Jacarezinho. Um fotógrafo da agência O Globo flagrou o momento em que uma mulher, de salto alto, saiu de um carro com arma em punho e a apontou para um grupo de jovens que tentava sair da favela. Vestindo calça branca e regata estampada, ela se identificou como policial e conseguiu barrar os suspeitos até a aproximação de alguns policiais militares. Logo depois, ela deixou o local em seu veículo sem ter a identidade revelada.

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Leia na coluna de Rodrigo Constantino: A guerra pela propriedade privada

Reintegração – Quarenta oficiais de Justiça participaram da desocupação, que começou às 5 horas de forma pacífica, com alguns moradores deixando o local espontaneamente. Pelo menos metade deles, porém, enfrentou os agentes, atirando pedras e coquetéis molotov. Os policiais revidaram com spray de pimenta e gás lacrimogêneo, para tentar entrar no terreno de 50.000 metros quadrados, composto por quatro prédios e conhecido popularmente como Favela da Telerj. Uma densa fumaça se espalhou por toda a área, resultado do fogo ateado pelos ocupantes nas ruínas dos edifícios.

Do lado de fora, também foram incendiados uma viatura da PM, quatro ônibus e dois caminhões – um deles, tanque – deixados no meio de uma importante via próxima, a Dom Helder Câmara. Os bombeiros trabalharam para conter as chamas. Com o fogo apagado, um grupo voltava a se aproximar dos veículos para tirar materiais que poderiam ser usados como armas para voltar a atacar os agentes. Outros onze ônibus ainda foram apedrejados, conforme a empresa Rio Ônibus. Duas agências bancárias também foram depredadas, e supermercados foram saqueados.

Presos – Mais de 20 pessoas foram detidas, entre as quais estava o repórter Bruno Amorim, do jornal O Globo. De acordo com a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), ele registrava imagens com um celular, quando foi imobilizado “com uma chave de braço, e teve os óculos arrancados por um PM sem identificação”. Por meio de nota, a Abert informou que “a polícia ainda ameaçou de prisão outros jornalistas, incorrendo em flagrante desrespeito à liberdade de imprensa”. A entidade condenou “o uso de métodos violentos empregados tanto pela Polícia Militar como por cidadãos civis, com o objetivo de impedir o trabalho jornalístico”.

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