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Polêmica do aborto provoca divergências dentro do PT

Por Da Redação
7 out 2010, 08h07

O secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, se reuniu com os dirigentes petistas na quarta e a decisão foi unânime: Dilma precisa sair dessa encruzilhada o mais rápido possível

A polêmica em torno do aborto já provoca divergências dentro do PT. Na quarta-feira, os coordenadores estaduais da campanha de Dilma Rousseff à Presidência se reuniram para cobrar uma posição mais clara da candidata em relação ao tema – ainda que uma mudança de opinião possa desagradar os setores do partido que defendem a descriminalização do aborto no país. Antes, Dilma se dizia favorável à alteração na lei. Agora, afirma que não apoiaria uma mudança.

O PT aprovou durante o 3º Congresso da legenda, em agosto de 2007, uma resolução que defende a legalização do aborto. A posição é defendida também no Plano Nacional de Diretos Humanos (PNDH-3), divulgado em dezembro de 2009 e duramente criticado por diversos setores da sociedade. Depois de muita polêmica, o tema não apareceu no caderno de textos do 4º Congresso do PT, realizado em fevereiro deste ano.

De acordo com a edição desta quinta-feira do jornal O Estado de S. Paulo, o secretário-geral do PT, José Eduardo Martins Cardozo, se reuniu com os dirigentes petistas na quarta e a decisão foi unânime: Dilma precisa sair dessa encruzilhada o mais rápido possível.

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O assunto já foi motivo de mal-estar entre o secretário de Comunicação do PT, o deputado André Vargas (PR), que integra a Frente Parlamentar contra a Legalização do Aborto, e um grupo de mulheres do partido. Vargas escreveu em seu Twitter que o partido não pode ser pautado por um debate de “feministas”. Na quarta, porém, ele decidiu amenizar o discurso. “Esse não é o tema mais importante dessa campanha, nem vamos dizer quem vai para o céu ou para o inferno. Não se trata de uma eleição para escolher líder religioso, mas, sim, quem vai ser presidente da República.”, afirmou Vargas.

Cardoso afirmou que esta é uma discussão “vazia” e que Dilma não vai alimentar a polêmica – até porque, segundo ele, a candidata já se manifestou contrária ao aborto. Cardoso foi um dos parlamentares que, em 2008, defendeu na Câmara dos Deputados um projeto que descriminaliza o aborto no país. O projeto foi rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa por 57 votos a 4. Os votos a favor da legalização do aborto partiram de José Genoino (PT-SP), Eduardo Valverde (PT-RO), Régis de Oliveira (PSC-SP) e José Eduardo Cardoso.

Mudança de posição – O assunto ganhou força quando começaram a circular pela internet vídeos e entrevistas em que Dilma defende abertamente o aborto – posição que ela mudou pouco antes de se tornar candidata. “Acho que tem de haver descriminalização do aborto”, disse em 2007, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo. “No Brasil, é um absurdo que não haja.”

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Em 2009, Dilma voltou a falar sobre o tema, à revista Marie Claire: “Abortar não é fácil para mulher alguma. Duvido que alguém se sinta confortável em fazer um aborto. Agora, isso não pode ser justificativa para que não haja a legalização”. Em uma Carta Aberta ao Povo de Deus, divulgada no primeiro turno, Dilma diz que cabe ao Congresso Nacional discutir “aborto, formação familiar, uniões estáveis e outros temas relevantes”, sem detalhar a posição pessoal em relação aos assuntos.

Leia no blog de Reinaldo Azevedo:

O PT está acostumado a sair como vítima das situações em que é originalmente algoz. Pegue-se o caso exemplar da Receita. A partir de um certo momento, era o tucano José Serra quem se via na contingência de responder se não estaria fazendo baixa exploração política do episódio; de vítima, passava a culpado! Um escândalo ético que entrará para os anais do jornalismo.

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No caso do aborto e do voto evangélico, o partido mobilizou suas franjas na imprensa – as voluntárias e as involuntárias – para criar a onda: “Socorro! Estamos sendo vítimas de um ataque dos reacionários, os obscurantistas! Ajudem-nos!” Durante um bom tempo, a esmagadora maioria da imprensa referia-se à opinião de Dilma, favorável à legalização do aborto, como “boato”, como se não tivesse concedido entrevistas a respeito; como se a própria Carta ao Povo de Deus não fosse ambígua o suficiente. Foi esta carta, diga-se, que despertou os cristãos das mais variadas confissões para o que estava em curso.

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