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PF: Whatsapp de delator revela dinheiro da Petrobras para campanha de Dilma

Troca de mensagens por celular mostra acerto de Ricardo Pessoa, da UTC, com assessor do ministro Edinho Silva, ex-tesoureiro da reeleição e investigado na Operação Lava Jato

Por Da Redação
1 out 2015, 08h50

Mensagens de Whatsapp do dono da UTC Engenharia, o delator Ricardo Pessoa, e de um executivo da empresa reforçam os indícios de que as doações feitas à campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff estavam relacionadas a pagamentos por contratos que ele detém na Petrobras, conforme análise da Polícia Federal (PF). A troca de mensagens, ocorrida no final de julho de 2014, foi anexada ao processo da Operação Lava Jato.

Em um dos trechos, um subordinado de Pessoa na UTC indica que repasses da empreiteira à campanha petista foram “resgatados” de dinheiro desviado da Petrobras. Neste mês, o Supremo Tribunal Federal determinou a abertura de um inquérito para investigar o ex-tesoureiro da campanha de Dilma, o ministro petista Edinho Silva (Secretaria de Comunicação Social). Pessoa afirma que foi chantageado, de maneira “cordial”, por Edinho a doar dinheiro para a campanha de Dilma. O ministro nega.

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A troca de mensagens indica que o chefe de gabinete de Edinho Silva, Manoel Araújo Sobrinho, foi a ponte de cobrança desses valores, pagos em duas parcelas. Às 10h33 do dia 29 de julho de 2014, durante a campanha eleitoral, Walmir Pinheiro, um dos executivos da UTC, escreve para Ricardo Pessoa: “RP, vc [você] acha que eu devo ligar para o contato que o bovino religioso passou?”.

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A Polícia Federal não identificou quem seria “bovino religioso”. Porém, duas horas depois, Ricardo Pessoa responde que esteve com um interlocutor, cujo nome foi ocultado pela PF, e passa as orientações de quem procurar e o valor “acertado”: “A pessoa que você tem que ligar é Manoel Araújo tel: 16 (…). Acertado 2.5 dia 5/8 (até) e 2.5 até 30/8. Ligue para ele que está esperando. O problema é bem maior. Me dê resposta.”

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registra duas doações de 2,5 milhões de reais cada para a campanha de Dilma em datas coincidentes com as comunicações entre Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro. Uma doação ocorreu no dia 5 de agosto, como indicado por Pessoa, e outra do dia 27 de agosto, três dias antes do combinado.

Do total de doações que a UTC fez nas eleições de 2014 (foram 52,2 milhões de reais), a campanha da petista recebeu 7,5 milhões de reais. Houve um terceiro repasse de 2,5 milhões de reais no dia 22 de outubro, às vésperas do segundo turno.

O nome de Manoel Araújo caiu no radar da Lava Jato quando foram encontrados os registros de doação da UTC. Em um deles, o nome do chefe de gabinete aparece como contato do comitê da campanha de Dilma e o nome do ministro Edinho Silva, como responsável pela emissão do recibo. Em um dos registros, anotado à caneta, consta: “2.500 – 05/08 / 2.500 – 30/08?”. Um dos números de telefone de contato de Araújo é o mesmo da mensagem mandada por Pessoa ao seu executivo, com código de área 16 (região de Araraquara, interior de São Paulo, base política de Edinho). O outro é o telefone do comitê da campanha presidencial, em Brasília.

A análise dos equipamentos apreendidos com os executivos da UTC mostra ainda que no dia 24 de julho de 2014, Pessoa recebeu um e-mail de um interlocutor agendando encontro no comitê da campanha presidencial em Brasília, às 11h do dia 29, quando se dá a troca de mensagens. O nome do interlocutor da agenda marcada foi ocultado pela PF, bem como o nome da presidente Dilma Rousseff, porque eles não podem ser investigado pela Justiça na primeira instância.

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Às 15h23, duas horas e meia após ser orientado por Pessoa a procurar Manoel Araújo, o executivo da UTC escreve para o chefe. “Já estive com ele. Abrs”. Os dois então seguem a troca de mensagens sobre os valores a serem pagos. “Ele pensa que é 5, mas é 4. Ele me pediu 1. Então só dei 1. Contorne aí pois ainda tem rescaldo”, orienta Ricardo Pessoa.

O executivo da UTC sugere então o abatimento de valores doados e também relaciona os pagamentos à entrada de dinheiro da “PB”, que, para a PF, é a sigla usada por eles para citar Petrobras. Walmir Pinheiro foi preso com Pessoa em 14 de novembro de 2014, alvo da 7ª fase da Lava Jato, batizada de Juízo Final. “RP, posso resgatar o que fizemos de doações esta semana? Tá pesado e não entrou um valor da PB que estava previsto para hj, +/- 5mm”, pergunta o executivo. O dono da UTC concorda: “Ok pode. Você não resgatou nada ainda certo?”.

Segundo a análise dos investigadores, os resgates poderiam ser a compensação de valores pagos em propina. “Esta semana já foi 6,35 de contribuição e não resgatamos nada”. Pessoa fez acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Ele confessou ter repassado valores de propina para o PT e citou dezoito políticos.

(Com Estadão Conteúdo)

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